O café é uma cultura perene, dessa forma, não precisa ser replantado todos os anos como ocorre com as culturas anuais. Assim sendo, a etapa do plantio de café é determinante para o sucesso do cultivo, visto que a adoção de práticas errôneas poderá refletir no estabelecimento e produção da lavoura ao longo dos anos.
O plantio do café é uma das fases mais importantes da produção, se não a principal.
Diante disso, alguns pontos são cruciais na implantação do cafeeiro, e serão abordados nos próximos tópicos.
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Conteúdo
- 1 A época de plantio interfere no crescimento e produtividade do café?
- 2 Quais as diferenças do plantio do café com mudas de saquinho e tubete?
- 3 O preparo do solo influencia no desenvolvimento do cafeeiro?
- 4 Qual a influência da fertilidade e correção do solo no crescimento e produção do cafeeiro?
- 5 Quais insumos são utilizados no plantio de café?
- 6 Como determinar o espaçamento e posicionamento da lavoura?
- 7 Em busca de mais produtividade, lucratividade e qualidade do café produzido?
A época de plantio interfere no crescimento e produtividade do café?
Sim. Estudos foram realizados analisando cafeeiros implantados em diferentes épocas do ano, e a partir dos resultados obtidos pode-se concluir que o plantio antecipado é benéfico para o desenvolvimento das plantas de café.
No período de outubro até o início de dezembro, as chances de ocorrer veranicos são menores, além disso, o cafeeiro terá mais tempo para crescer e desenvolver.
Assim sendo, haverá maior potencial produtivo na primeira safra, e o cafeicultor terá retorno mais rápido do seu investimento durante a formação da lavoura.
É recomendado que o plantio seja feito até dia 15 de dezembro (a depender de como está a distribuição de chuvas no ano), após esse período os riscos de perdas são consideravelmente maiores.
Lavoura e plantio. Fonte: Joana Oliveira.
Quais as diferenças do plantio do café com mudas de saquinho e tubete?
Características das mudas de saquinho
- Utiliza-se solo na produção das mudas, podendo haver inóculo de nematoides;
- Geralmente tem menor custo;
- Maior risco de pião-torto;
- Maior desenvolvimento do sistema radicular;
- Melhor resistência em campo.
Características das mudas de tubete
- Menor risco de contaminação por nematoides, pela utilização de substrato ao invés de solo na formação das mudas;
- Maior investimento inicial com instalações do viveiro e tubetes para produção de mudas;
- Exige menor espaço na produção e no transporte;
- Fácil manuseio no viveiro e em campo;
- Menor demanda de mão-de-obra.
Em grande parte das regiões produtoras de café, o plantio é feito por mudas de saquinho, todavia, este cenário tende a inverter, principalmente pelo risco de contaminação por nematoides desse material.
Dessa forma, no caso das mudas de saquinho é importante adquirir em viveiros confiáveis, e fazer a análise de nematoides antes de levá-las a campo, visto que a contaminação do solo com nematoides pode ser irreversível, trazendo grandes prejuízos.
Plantio de mudas com saquinho. Fonte: Joana Oliveira.
As mudas de tubetes são mais sensíveis, principalmente nos primeiros 15 dias a campo, já que há pouca reserva em seu substrato e o desenvolvimento radicular pode ser menor, dessa forma, sua resistência a veranicos é reduzida e a época de plantio é ainda mais importante nessas situações.
Após o estabelecimento, ambos tipos de mudas apresentam bons resultados se manejadas e conduzidas corretamente.
O preparo do solo influencia no desenvolvimento do cafeeiro?
Sim, no entanto, é importante analisar a necessidade de preparar o solo, principalmente quanto à subsolagem. Essa ressalva se dá ao fato de, assim como a compactação irá inibir o desenvolvimento das plantas, a subsolagem sem necessidade também pode afetar negativamente.
É importante que o solo tenha certa resistência, havendo o ponto intermediário ideal entre a alta compactação e o solo muito solto.
Dessa forma, para analisar de forma precisa a estrutura do solo, é interessante retirar amostras indeformadas por meio de cilindros de diâmetro conhecido. O recomendado é fazer 3 pontos de amostragem para cada talhão homogêneo e retirar amostras por horizonte, assim, variando o número de amostras de acordo com o tipo de solo.
Determinada a necessidade, é importante realizar o preparo no momento certo, uma vez que o preparo em solos secos ocasionará formação de torrões, e em solos molhados o problema não será resolvido, podendo aumentar a compactação em certos pontos.
Com isso, é ideal preparar o solo quando o mesmo estiver friável, ou seja, na faixa intermediária entre seco e molhado, pois nessa faixa o solo fragmenta mais facilmente.
Preparo do solo. Fonte: Joana Oliveira.
Qual a influência da fertilidade e correção do solo no crescimento e produção do cafeeiro?
A fertilidade, junto com a física do solo, são pontos decisivos para o sucesso da lavoura. Solos corrigidos e com boa fertilidade são expressivamente superiores em crescimento e em produção.
Alguns dos principais casos de sucesso de plantios de café são observados em áreas cultivadas anteriormente com cereais. Isso porque, nesses casos, a fertilidade já está construída, obtendo assim altas produtividades nas primeiras safras.
Quais insumos são utilizados no plantio de café?
Alguns insumos são indispensáveis no plantio, como fósforo e calcário. No caso do fósforo é recomendado, na adubação de sulco, aplicar parte de fósforo solúvel e outra parte de fósforo insolúvel. Isso porque nessa etapa o cafeeiro tem alta demanda do nutriente, necessitando da fonte solúvel.
O fósforo é um nutriente relativamente imóvel no solo, absorvido sobretudo por difusão e interceptação radicular. É importante, portanto, que o nutriente esteja o mais próximo possível das raízes do cafeeiro para que haja absorção.
Por isso a adubação do sulco pode ser a oportunidade do cafeicultor acrescentar fósforo no sistema de maneira eficiente, sendo a fonte insolúvel uma boa opção para essa finalidade.
Em relação ao calcário, nos últimos anos houve alterações sobre a concepção da quantidade a ser aplicada. Diante disso, maiores doses têm sido utilizadas, especialmente no plantio.
A variação do limite de calagem acontece de acordo com a forma de aplicação. Ou seja, se o insumo será aplicado apenas em superfície, junto com a subsolagem ou será incorporado em profundidade, variando também de acordo com a fertilidade do solo.
A recomendação mínima em área de abertura no plantio tem sido de em média 3 toneladas por hectare em área total, e em alguns casos com acréscimos no sulco de plantio.
A época de aplicação é outro ponto primordial. O calcário deve ser aplicado em área total no mínimo 60 dias antes do plantio, e o fósforo deve ser acrescentado no sulco, preferencialmente, no dia do plantio.
É importante ressaltar que, quando associados, esses dois insumos reagem e perdem sua função, dessa forma, não devem ser misturados diretamente. Quando aplicados simultaneamente no plantio, é preciso bater a cova ou o sulco.
Outros insumos que podem ser utilizados no plantio são os compostos orgânicos, o gesso agrícola, o polímero hidroretentor e outros. Estudos comprovam os benefícios do composto para o solo e para o desenvolvimento das plantas. Apesar de conter nutrientes, no plantio é utilizado principalmente como condicionador do solo.
Todavia, é necessário que o composto esteja estabilizado para ser utilizado no sulco de plantio, para evitar fermentações e danos ao sistema radicular do cafeeiro.
O gesso pode ser aplicado como condicionador do solo, e atua:
- Na neutralização do alumínio;
- No fornecimento de Ca;
- No fornecimento de S;
- Favorece o desenvolvimento radicular do cafeeiro.
Ele pode ser aplicado no plantio, ou na linha após o plantio antes do “chegamento” de terra.
Já o polímero hidroretentor, também conhecido como hidrogel, é utilizado de forma preventiva, a fim de reter água no solo e auxiliar as mudas de café, principalmente, em períodos de estiagem.
Utilização de gesso e composto orgânico em cafeeiros em formação. Fonte: Joana Oliveira.
Como determinar o espaçamento e posicionamento da lavoura?
Estes são dois pontos importantes no planejamento de plantio, pois afetam diretamente na produtividade das lavouras.
O espaçamento irá determinar o estande de plantas do talhão. Para determinar o melhor espaçamento, deve-se levar em consideração:
- Se a lavoura será mecanizada ou não;
- Qual a bitola dos maquinários da propriedade;
- Porte da cultivar implantada.
Atualmente, tem-se observado maiores produtividades em espaçamentos menores, como de 0,5 a 0,75 m entre plantas, e de 3,2 a 3,6 m nas entrelinhas de plantio, variando de acordo com os critérios citados anteriormente.
Em relação ao posicionamento e alinhamento da lavoura, o ideal para região de Minas Gerais é com a face exposta a 315° Noroeste/Sudeste, pois nesse posicionamento as plantas pegarão sol dos dois lados durante o ano todo. Esse tipo de técnica ajuda a:
- Diminuir os problemas com pragas e doenças;
- Aumentar a capacidade fotossintética das plantas;
- Elevar a produtividade.
Em determinadas condições é difícil manter esse alinhamento devido a topografia dos terrenos, assim é preferível alinhamentos que facilitem, otimizem os manejos e apresentem menores riscos de escoamento e erosões.
Esses foram os 6 questionamentos cruciais a se levar em conta na fase de plantio.
Dominar essas e outras técnicas pode diferenciar o seu cultivo, possibilitando atingir altas produtividades.
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Estou pensando em investir em lavoura de café,sou bem leigo no assunto,essas informações foram muito proveitosas para mim.
Gostei do que foi apresentado. Entretanto, entre teoria e prática surgem sempre variáveis que não estava planejadas. Portanto, torna-se necessário uma consultoria para acompanhar a produção!