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Solo compactado em lavoura de café

Compactação do solo: como ocorre e práticas para corrigir

A resistência do solo à penetração tenta representar a força que as raízes das plantas devem exercer para romper o solo. Ela é influenciada diretamente pela densidade do solo, indicando assim o estado de compactação do solo.

Quando há um aumento da densidade do solo com consequente redução da porosidade do mesmo, resulta em interferência na permeabilidade do solo e na disponibilidade de nutrientes e água. Isso ocorre, devido à pressão exercida no solo, pelo tráfego de tratores, máquinas agrícolas, entre outras causas.

Vários são os problemas que um solo compactado pode apresentar, dentre eles, diminuição das trocas gasosas no solo, que são de grande importância para diversas reações que ocorrem, diminuição da infiltração da água, podendo ocasionar em escoamento superficial e erosão do solo.

 

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Compactação do solo e porosidade

O solo contém macro e microporos. Os solos arenosos, por possuírem partículas maiores, apresentam maior espaço poroso constituído por macroporos (poros maiores), já os solos de textura argilosa apresentam maior quantidade de microporos (poros menores).

Os poros de menor diâmetro, estão relacionados com a retenção de água e habitat de fungos, e os poros de maior diâmetro, estão relacionados às trocas gasosas de oxigênio e gás carbônico, ao fluxo de água por infiltração, e ao crescimento radicular.

O crescimento das raízes está diretamente ligado ao número de macroporos, uma vez que o sistema radicular necessita de oxigênio para a respiração das raízes e nas reações que ocorrem no solo para absorção de nutrientes.

Por isso, solos compactados apresentam uma redução na porosidade, afetando assim o desenvolvimento radicular e, além disso, raízes mal desenvolvidas irão absorver menos nutrientes e consequentemente a parte aérea será afetada nesse processo.

No solo há um equilíbrio dinâmico entre a solução do solo, a fração sólida e a fração gasosa, sendo que o ar do solo é composto por uma solução gasosa composta principalmente de N₂, O₂, vapor d’água, CO₂ e outros gases e a solução do solo de vários eletrólitos.

Um solo ideal apresenta 45% de material mineral, 5% de matéria orgânica, 33,5% de microporos e 16,5% de macroporos. O crescimento das plantas é afetado diretamente pelo conteúdo de água e oxigênio e pela resistência do solo a penetração de raízes.

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Para as plantas, a compactação do solo é uma situação extremamente prejudicial, uma vez que traz prejuízos ao crescimento radicular, dificultando e até mesmo limitando seu crescimento. O valor de resistência a penetração indicado como impeditivo ao desenvolvimento do sistema radicular da maioria das culturas é de 2Mpa (Taylor et al., 1966).

A água tem grande influência na resistência a penetração, uma vez que o aumento da densidade do solo e diminuição no teor de água, resulta em aumento dessa resistência, enquanto que se os teores de água aumentam, acarreta diminuição da resistência a penetração.

Por isso é interessante realizar medições de compactação com solos próximos a sua capacidade de campo, primeiramente a critério de comparação com os parâmetros que se tem de resistência a penetração e também porque solos secos não irão proporcionar condições favoráveis para o crescimento das raízes.

Dessa forma, o solo na sua capacidade de campo representa a situação que a planta vai encontrar para o desenvolvimento das suas raízes no campo, uma vez que as raízes irão crescer em solo úmidos.

O tipo de solo também influência nessa resistência em que solos mais argilosos, apresentam valores mais elevados de resistência do solo, quando comparados a solos arenosos. Silva em 2001, em Latossolo Vermelho-Amarelo fase arenosa, mostrou que as camadas abaixo de 20 cm apresentaram valores de resistência a penetração significativamente maiores, quando comparado as camadas mais superficiais.

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Como medir a compactação do solo?

Para medição de resistência a penetração do solo, pode-se utilizar penetrômetros, equipamentos portáteis que podem ser levados para o campo.

É importante salientar, que devido ao teor de água influenciar na resistência a penetração, ao aferir os dados é importante que o solo esteja na sua capacidade de campo, pois os parâmetros que se tem são em solos nessas condições.

Esses equipamentos podem determinar se o solo está compactado e qual a camada que apresenta maior resistência a penetração, para dessa forma tomar decisões de práticas com o intuito de descompactar esse solo.

Utilização de um penetrômetro para medir a compactação do soloMedição de resistência a penetração através de penetrômetros portáteis – Consultor Luiz Paulo Vilela.

Quais práticas utilizar para diminuir a compactação do solo?

Algumas práticas de manejo do solo e das culturas provocam alterações nas propriedades físicas do solo, por isso estar atento as condições de manejo é de grande importância, para que minimizem o impacto de degradação do solo com consequente compactação, que pode trazer grandes prejuízos ao desenvolvimento da cultura.

Práticas de preparo do solo com subsoladores, arados e grades também ajudam no processo de descompactação do solo, entretanto o excesso dessas práticas também podem apresentar alguns efeitos negativos, pois podem acarretar maiores chances de erosão hídrica, uma vez que ocorre mobilização das camadas do solo.

Por outro lado, devido ao cafeeiro ser uma cultura perene e permanecer no campo por muitos anos, uma preparação do solo bem feita traz grandes benefícios ao desenvolvimento da cultura, com o revolvimento das camadas adensadas de forma a facilitar o desenvolvimento das raízes do cafeeiro e dessa forma normalizar a penetração de água e o arejamento do solo.

Muitos técnicos optam pela sequência: subsolador, grade, niveladora e sulcador, realizando assim uma boa preparação do solo.

Subsolador utilizado para preparo do solo.

Grade para o preparo do solo.

Estudos sugerem que a prática da subsolagem (2 hastes) com a adição de 5 ton/ha de palha de café e o retorno do cisco ou a utilização da subsolagem (2 hastes) e voltar o cisco e enterrá-lo aumenta a produtividade de forma significativa.

Além disso, esse trabalho mostrou que o cisco e a palha isolados proporcionaram um aumento de produtividade de 6,9 e 6,2 sacas de café ben.ha-1 respectivamente, enquanto que a subsolagem apresentou um incremento de 10,8 sacas de café ben.ha-1em dois anos, quando comparada a testemunha.

Dessa forma, mostrando a importância da prática de subsolagem nas lavouras e da adição de matéria orgânica (Santinato et al., 2015).

Para promover a descompactação de lavouras em produção, pode-se optar pela técnica da subsolagem na entrelinha, com o intuito de revolver as camadas mais compactadas facilitando assim o desenvolvimento de raízes do cafeeiro, esses equipamentos formam fissuras com mínima mobilização do solo.

Santinato em 2013, realizou um trabalho comparando número de passadas com o subsolador (uma e duas passadas) e o número de hastes(uma, duas, três e quatro) em quatro safras consecutivas em Araguari-MG. Ele verificou que a subsolagem deve ser realizada utilizando duas hastes (Tabela 1) e de dois em dois anos, devido aos melhores resultados de produtividade.

Tabela com a produtividade de sacas de café de acordo com a subsolagem do solo

Em lavouras podadas, técnicos optam pela realização da subsolagem na entrelinha a cada dois anos, promovendo melhores condições para o solo, aproveitando o período em que é realizado a poda para subsolar a entrelinha, devido aos incrementos em produtividade mostrados nos trabalhos acima.

Salientando que a época ideal para realização desta operação é em períodos mais secos, a fim de destorroar o solo formando blocos, com menos riscos de erosão hídrica.

O manejo com a Braquiária também é muito importante neste sistema, visto que quando se promove a descompactação do solo e não há sistema radicular para “estabilização”, a compactação volta rapidamente, por isso, as gramíneas têm grande importância para a formação e estabilização dos agregados (Salton et al., 2008) do solo após a descompactação.

Além disso, a utilização da braquiária também reduz os riscos de erosão, contribui para um aporte de matéria orgânica e ciclagem de nutrientes, após as roçadas e acumulo de palhada na projeção da saia.

Dessa forma, a utilização da braquiária é importante para complementar o processo subsolagem com o intuito de descompactação do solo, visando melhorar as condições do solo e poder impactar positivamente na produtividade.

A matéria orgânica melhora a agregação das partículas do solo, através de exsudados orgânicos produzidos por microrganismos do solo, provenientes da sua decomposição (Mairhofer et al., 2012), melhorando assim a porosidade do solo e acarretando melhor infiltração de água, disponibilidade de nutrientes e diminuição da compactação do solo.

braquiária na entrelinha do cafeeiro

Por isso, para se planejar um plantio deve-se estar atento as todos os fatores que impactam no crescimento, desenvolvimento e consequentemente na produtividade das plantas.

Esse planejamento visa preparar o solo corretamente e adotar práticas de manejo em lavouras já implantadas, como a subsolagem na entrelinha, a utilização de braquiária e adição de matéria orgânica, que proporcionem melhores condições para o solo, garantindo um bom desenvolvimento do sistema radicular e consequentemente melhores produtividades.

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1 comentário

  • Gostei muito da materia, entretanto o meu foco esta na formação de pastagens, gostaria de saber se em um solo degradado, a aplicação do subsolador acrescido de 5 aplicaçoes ao ano de microorganismos regeneradores será suficiente para a recuperação do solo ?