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Bois de ciclo curto e uma pecuária mais produtiva: saiba como obter

O Brasil é uma grande potência na produção agropecuária e detentor de características geoclimáticas favoráveis para a produção vegetal, e dessa forma se consolida ano após ano como um dos principais produtores e exportadores de produtos agropecuários no mundo.

Se tratando de proteína de origem animal, mais especificamente quando pensamos em carne bovina, o destaque é igualmente significativo. Detemos o título de maior rebanho comercial do mundo e de maiores exportadores de carne bovina.

Dessa forma, precisamos avaliar nosso sistema de produção, sermos mais eficientes em produzir e gerar resultado. Um grande passo na busca desse objetivo vem sendo alcançado gerando por consequência o encurtamento do ciclo produtivo do boi.

Esse é um importante objetivo que podemos e precisamos buscar em nossos sistemas de produção, a média de idade de abate de bovinos diminuiu de forma importante no Brasil nos últimos anos.

Devemos continuar focados nesse trabalho, buscando produzir com eficiência e qualidade, reduzindo o tempo necessário para a produção de um animal pronto para o abate, isso não somente representa a melhoria na produtividade em todas as fases do sistema produtivo, como possibilita a maximização da produção por hectare.

 

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Pecuária extensiva x Pecuária intensiva

Por diversos motivos a produção pecuária no Brasil foi conduzida de maneira extensiva e até extrativista durante longos anos.

Possibilitado pela grande margem de lucratividade por arroba comercializada há época, grandes lotes de animais eram destinados a extensas áreas de pastagens, sem maiores preocupações com a suplementação ou qualidade dessas pastagens os animais passavam 5, 6, 7 anos para atingirem as condições necessárias para o abate.

Com o avanço e a concorrência de outras atividades como a agricultura, o encurtamento das margens do negócio pecuário e o aumento da demanda pela carne, ficou evidente a necessidade de se acelerar o processo produtivo.

Ao contrário de sistemas extensivos, onde não há eficiência na produtividade por indivíduo nem tão pouco por hectare, sistemas intensivos permitem que os animais desempenhem melhores ganhos, as produtividades por hectare são muito superiores e o tempo de produção reduz de forma significativa.

O Brasil reduziu de forma impactante o tempo para o abate dos animais nos últimos anos e isso se fez possível graças a uma série de ações buscando o que hoje denominamos intensificação do sistema produtivo, em cada uma das fases do sistema.

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Fases da bovinocultura de corte

1. Cria

A cria é a fase do sistema responsável por produzir bezerros que serão disponibilizados para o mercado ou serão utilizados na própria fazenda para recria e posteriormente engorda dos animais.

A fase conta com diferentes categorias:

  • Novilhas: fêmeas que serão desafiadas à reprodução pela primeira vez e ainda não pariram.
  • Primíparas: fêmeas de primeiro parto. Essa categoria é destaque pois representa um importante desafio nutricional no sistema.
  • Multíparas: são matrizes de duas ou mais crias.
  • Touros: são os machos responsáveis pela reprodução nas propriedades que utilizam a monta natural apenas, ou fazem IATF (inseminação artificial mais repasse com touro).
  • Bezerros: o principal produto dessa fase do sistema.

Intensificação na cria

Existem diferentes formas de se intensificar a fase da cria, a implementação de tecnologias e a consequente melhoria dos indicadores reprodutivos como taxa de concepção, taxa de prenhez a melhora no desempenho dos bezerros, com aumento do peso a desmama desses animais, são alternativas que precisamos alcançar ao longo desse processo.

O processo de intensificação dessa fase do sistema de produção passa pelo aumento da taxa de lotação das propriedades, a sensibilidade na melhoria dos resultados é significativa quando aumentamos a taxa de lotação das propriedades de cria, e com isso, é necessário que se invista em alternativas para o aumento da taxa de lotação em sistemas de cria.

2. Recria

A recria é o período da vida dos animais compreendido entre a desmama até a fase seguinte conhecida como engorda para os machos ou entrarem para reprodução no caso das fêmeas. Em alguns sistemas produtivos, a fêmea também é destinada ao abate, atendendo, muitas vezes, mercados de carne gourmet.

É o período de crescimento dos animais, que normalmente vai de 7 até 14@ nos machos, é de extrema importância entender que nessa fase da vida dos animais o grande objetivo é de crescimento e incremento de musculatura nos animais.

Isso impacta diretamente no planejamento nutricional dos animais, para deposição de musculatura é indispensável dietas bem balanceadas em proteína, principalmente.

Intensificação na recria

Nessa fase da vida dos animais, temos uma grande oportunidade para melhoria no processo de intensificação, aumentar a taxa de lotação das propriedades, produzir mais animais em um mesmo espaço, e principalmente, melhorar o desempenho desses animais ao longo do ano.

A suplementação adequada ao longo das diferentes épocas do ano, permite que os animais desempenhem de forma satisfatória e crescente ao longo do ano, “entregando” cada vez mais rápido e em melhores condições para a fase de engorda.

3. Engorda

A fase de engorda é a fase que desenvolve os animais entregues pela recria até o momento do abate, de 14 a 20@, por exemplo.

Nessa fase diferente da recria em que os animais depositam músculo, o grande objetivo é a deposição de gordura e o acabamento de carcaça, por isso as dietas devem ser ricas em energia.

Intensificação na engorda

Por algumas características observadas nessa fase do sistema de produção, a intensificação e o encurtamento da produção dos animais nessa fase, se desenvolveu muito nos últimos anos. A engorda de forma intensiva e eficiente se destaca quando comparada às outras fases do sistema de produção.

Grandes confinamento, alternativas de terminação a pasto e a mudança no perfil da dieta dos animais ao longo da engorda, permite que tenhamos resultados satisfatórios na aceleração dessa etapa do ciclo.

Cenário da pecuária de bois de ciclo curto

O que é possível observar hoje no cenário da cadeia produtiva da carne, é uma grande redução no tempo total na produção dos animais.

De forma geral, principalmente pelos avanços e melhorias na engorda, a idade de abate dos animais reduziu nos últimos anos, mas ainda existe uma grande lacuna de oportunidade que precisa ser preenchida.

A afirmação é possível, pois existem propriedades trabalhando com eficiência e rentabilidade, abatendo animais pesados e bem acabados, com idades inferiores a 15 meses de idade, provavelmente não será a realidade da média nacional, mas esses casos demonstram que há uma possibilidade real de melhoria dentro dos sistemas.

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Por que realizar o ciclo curto?

Além do aumento da população mundial, e consequentemente o aumento da demanda por proteína de origem animal, o aumento do giro na produção do boi, permite melhores retornos financeiros e econômicos aos produtores.

Sim, a intensificação e consequente aceleração na produção é invariavelmente associada a maiores investimentos e despesas com a nutrição dos animais.

Entretanto, quando avaliamos o sistema como um todo, e observamos a possibilidade de maximizar a produtividade por hectare, a diluição do ágio existente entre as categorias e principalmente a diluição do custo operacional (todo o custo não nutricional envolvido na atividade) por cabeça, aumentando o giro do negócio, a conta se demonstra muito atrativa.

Como realizar o ciclo curto?

O aumento do giro, o boi de ciclo curto e o processo de intensificação são possíveis devido a um somatório de fatores. É indispensável entendermos que cada um dos pontos abaixo exerce um importante papel nesse processo.

Pastagem

A maximização na produção e principalmente um bom manejo que proporcione a colheita eficiente das pastagens pelos animais é o grande foco para o alcance do objetivo de produzir o boi do ciclo curto.

Cerca de 80% das áreas de pastagem no Brasil se encontram, segundo a Embrapa, em algum nível de degradação. Isso contradiz a busca pela produção eficiente, principalmente quando buscamos o encurtamento do ciclo produtivo.

Precisamos necessariamente, produzir mais forragem e de melhor qualidade na época propícia para isso, época das águas, e também precisamos conduzir nossas pastagens de maneira eficiente para que durante o período de menor produção, época da seca, nossos animais tenham acesso a uma massa seca que associada à suplementação adequada, proporcionará bons desempenhos aos animais, mesmo que durante esse período.

A utilização de estratégias de manejo, como pastoreio rotacionado, diferimento das pastagens, subdivisão das áreas de pastos, permitem maior eficiência na colheita além de preservar as pastagens do processo de degradação.

A produção a pasto nos permite a produção da arroba mais barata dentro do sistema de produção, desde que bem manejada e conduzida, permite bons desempenhos e longevidade ao sistema.

A adubação das áreas voltadas a produção de gramíneas tropicais para pasto, aumenta a cada ano e permite produção de forrageiras em excelentes volumes e de grande qualidade, propiciando aos animais condições ótimas para que expressem o máximo de seu potencial produtivo.

A pastagem será o ponto de maior relevância para a garantia do desempenho esperado dos animais em todas as fases do ciclo de produção.

Nutrição

Diversas estratégias nutricionais podem e devem ser utilizadas para a maximização do desempenho dos animais, permitindo e potencializando a produção do boi de ciclo curto.

Nutrição na cria

As matrizes produtoras de bezerros, foram por anos negligenciadas pelo pecuarista, hoje já está claro que a nutrição das fêmeas ao longo do período reprodutivo é indispensável, não somente, para a eficiência da fase da cria, mas também para o bom desempenho dos animais ao longo de toda sua via.

O grande objetivo para essa categoria, é fornecer uma nutrição adequada para que essas fêmeas possam manter seu escore de condição corporal adequado, ao longo de todo o ano, e principalmente para que essas matrizes possam parir com um bom escore de condição corporal.

Quanto aos bezerros, a primeira fase da vida dos animais, é exatamente a fase que dará um start na busca pelo boi de ciclo curto, precisamos “arrancar” com a velocidade necessária para que não haja comprometimento do planejamento.

O principal alimento para a primeira etapa da vida dos animais, é o leite materno. Além do aporte materno e para maximização dos ganhos, nesse momento, a principal estratégia e ferramenta que utilizamos, pensando no aspecto nutricional, é a utilização do creep-feeding.

O creep-feeding é uma estrutura que utilizamos onde somente os bezerros acessam o cocho, que será abastecido com uma suplementação específica para essa categoria.

Os suplementos para os bezerros, devem conter em torno de 18 a 20% de proteína, pensando nas exigências de crescimento desses animais. Outro ponto importante é a utilização de ingredientes palatáveis incentivando o consumo desses animais.

Nutrição na recria

O maior desempenho dos animais da recria é extremamente importante nesse processo de redução do ciclo, associado sempre, à maior produção por hectare.

Para atingir esses objetivos é necessário focar nas estratégias nutricionais pensando nas diferentes épocas do ano. Durante o período das águas, onde a oferta e a qualidade forrageira são excelentes, o intuito é maximizar a produção.

Ao longo do período de estiagem, o desafio é aproveitar ao máximo a massa de forragem devidamente diferida para as secas. A suplementação terá um papel determinante em fornecer proteína para esses animais, auxiliando na digestibilidade da forrageira e garantindo desempenhos satisfatórios.

Além das duas estações bem definidas, podemos ainda traçar estratégias nutricionais de suplementação para o período de transição águas-secas ou suplementação de outono, já pensando nos ajustes relacionados à mudança do perfil do capim.

A suplementação na recria deve, preferencialmente, ser crescente, a cada estação a disponibilidade da dieta (capim mais suplemento) deve proporcionar aos animais condições para um ganho excelente.

É justamente nesse momento e com essas ações que conseguimos reduzir o tempo da recria e por fim dar um importante passo para a produção do boi de ciclo curto.

Outras estratégias para a recria vêm sendo utilizadas de maneira crescente no Brasil, estratégias de suplementação de volumoso para os animais durante o período de estiagem, a utilização de suplementação de alto consumo (recria intensiva a pasto), permitem uma aceleração ainda maior da recria.

Nutrição na engorda

A engorda, como dito anteriormente, é a fase mais avançada no quesito nutrição de todas as fases.

São várias as opções nutricionais que permitem desempenhos excelentes nessa fase da vida dos animais, confinamento, terminação intensiva a pasto, semiconfinamento, são estratégias produtivas eficientes e que, quando bem conduzidas, permitem alcances significativos de desempenho dos animais.

Genética

Além de proporcionar boas condições de pastagem e nutricional aos animais, um fator é muito importante na busca produtiva do boi de ciclo curto: a genética.

A evolução genética dos animais do Brasil é relevante quando analisamos os últimos anos, animais precoces com grande capacidade produtiva se destacam e se encaixam perfeitamente no objetivo de produzir o boi de ciclo curto.

Sanidade

De acordo com a Nutreco, em média, no mundo todo, a produtividade dos animais encontra-se 30 a 40% abaixo do seu potencial genético, por conta de condições inadequadas de saúde.

Essa afirmação expressa muito bem a importância da sanidade no sistema produtivo em que almejamos a produção intensiva dos animais, sem uma perfeita gestão dos aspectos sanitários, todos os trabalhos acima citados serão insuficientes.

A sanidade representa, em média, 5 a 8% dos custos de uma propriedade de gado de corte, isso significa muito pouco quando pensamos nos benefícios que uma sanidade bem conduzida pode representar.

O objetivo é traçar uma estratégia sanitária de acordo com os desafios de cada propriedade, identificar os principais gargalos e focar na prevenção das doenças, principalmente das subclínicas.

Diferentes sistemas

A definição correta do sistema de produção adotado em uma propriedade é fundamental para o sucesso da fazenda, tanto para aumento da produtividade e principalmente para a rentabilidade do negócio.

A escolha do sistema é uma importante fase do projeto que deve estar presente em toda propriedade, e o primeiro passo do projeto, fundamental para a definição do sistema, é a realização de um diagnóstico.

Denomina-se “diagnóstico” o levantamento do momento atual da propriedade, onde hipoteticamente podemos compará-lo a uma fotografia, em que ao final do processo de diagnóstico obtemos um “retrato”.

Esse retrato associado às características gerais da propriedade permitem a escolha correta da fase ou das fases do sistema que vamos realizar na propriedade.

Somente com um sistema adequado às características da fazenda é possível o sucesso na produção animal.

Gestão financeira e econômica

A gestão do negócio como um todo é fundamental para o sucesso produtivo, a gestão financeira e econômica acompanha de forma relevante essa afirmação.

Conhecer os custos de produção e identificar cada um dos gargalos na propriedade, permite não somente a tomada de decisão correta, mas principalmente a avaliação de todas as outras estratégias que estão sendo realizadas.

Afinal de contas, o grande objetivo de todo o processo na produção do boi de ciclo curto, é o aumento da rentabilidade e remuneração da atividade pecuária.

Ganhos com o encurtamento

Seguindo principalmente esses fatores supracitados o “encurtamento do ciclo”, a produção do boi de ciclo curto, ou a intensificação dos sistemas de produção permitem a maximização da utilização das propriedades, explora ao máximo o potencial genético dos animais, e quando bem realizada, garante a lucratividade do negócio.

Sabemos que o encurtamento do ciclo pode garantir uma lucratividade para a produção de gado de corte. Uma outra forma de aumentar esse lucro é saber qual o seu orçamento para definir o preço de venda.

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Cristiano Rossoni

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