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Vaca leiteira com o úbere cheio em um pasto

Mastite bovina: o que é, diagnóstico e como controlar essa doença

Você sabia que um produtor pode ter ganhos de R$55.000,00 por ano, a cada 100 animais em lactação, reduzindo a prevalência média anual de mastite subclínica de 50% para 20%?

Se você trabalha na produção de leite, provavelmente já sentiu os impactos dessa doença na propriedade. Mas você sabe o que pode causá-la?

A mastite bovina, ou mamite, consiste na inflamação do tecido da glândula mamária. Essa inflamação pode ocorrer devido a traumas, lesões no úbere e até mesmo devido a alguma agressão química.

No entanto, a ocorrência deste quadro está ligada, na maioria das vezes, a contaminações por microrganismos de um ou mais quartos mamários via ducto do teto.

A mastite é geralmente causada por bactérias, mas também pode ocorrer devido a fungos, algas ou leveduras.

 

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Reação do sistema imune à mastite

Em resposta a infecção pela mastite bovina, o sistema imune envia células de defesa ao local acometido para combater a invasão no tecido.

O estímulo lesivo da infecção e a ação das células de defesa levam ao aumento da resposta inflamatória tecidual que, além de eliminar o microrganismo invasor, visa também neutralizar toxinas produzidas pelos agentes infecciosos e restaurar o mais rápido possível o tecido mamário.

A associação das células de defesa (leucócitos) com as células de descamação do epitélio da própria glândula mamária representa as células somáticas. A resposta do organismo da vaca frente a um estímulo lesivo no úbere ocasiona aumento da contagem de células somáticas (CCS) no leite.

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Células Somáticas

Como dito anteriormente, as células somáticas são compostas pelas células de descamação do epitélio da glândula mamária e pelas células de defesa do sistema imune que passam da corrente sanguínea para o leite. O aumento da CCS ocorre em casos de infecção/inflamação na glândula mamária.

As alterações na CCS nem sempre são apresentadas de forma clara. Nos casos de mastite subclínica, conforme o próprio nome já diz, não são vistas alterações clínicas relevantes.

Por outro lado, nos casos de mastite clínica as alterações são perceptíveis, caracterizadas principalmente pela presença de grumos no leite e modificações no úbere da vaca, como dor, inchaço, vermelhidão e aumento de temperatura.

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O que é mastite subclínica?

Conforme já dito, na mastite subclínica não é possível observar alterações no leite e no úbere do animal. No entanto, por ser uma infecção/inflamação da glândula mamária ela causa redução na produção de leite dos animais e pode acometer grande parte dos rebanhos.

Além disso, podem ocorrer alterações na composição do leite, como nos níveis de gordura, proteína e lactose. O aumento significativo na contagem de células somáticas afeta diretamente a qualidade do leite e a bonificação paga por grande parte dos laticínios, causando queda no valor do litro de leite recebido pelo produtor.

A mastite subclínica geralmente é causada por agentes contagiosos como o Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae, Corynebacterium bovis, dentre outros.

Na maioria dos casos é transmitida dos quartos mamários contaminados para os sadios durante o processo de ordenha, seja pelas mãos dos ordenhadores ou pelo uso compartilhado de toalhas e teteiras contaminadas.

Como diagnosticar a mastite subclínica?

Algumas ferramentas têm sido utilizadas para mensurar os valores da CCS e identificar os animais portadores de mastite subclínica.

Atualmente, a contagem eletrônica individual da CSS é o exame mais utilizado para o diagnóstico da mastite subclínica, sendo que valores acima de 200 mil células/mL indicam um comprometimento da saúde do úbere (método quantitativo).

Exames como o CMT (California Mastitis Test) permitem identificar de maneira mais subjetiva a doença subclínica, devido ser baseado em uma análise visual da reação que ocorre entre o leite e o reagente no momento do exame (método qualitativo).

Uma vez identificada a mastite subclínica, torna-se interessante conhecermos o perfil do agente que está ocasionando a infecção. Nesse sentido, a cultura microbiológica do leite representa uma importante ferramenta para identificação dos patógenos e direcionamento dos tratamentos.

Por ser uma doença subclínica e necessitar de ferramentas específicas de diagnóstico, a mastite subclínica é muitas vezes negligenciada pelo produtor, acarretando importantes prejuízos ao sistema de produção.

Mastite clínica

Consiste na forma da doença em que é possível observar alterações nas características do leite, na glândula mamária e até mesmo no comportamento do animal.

Nas vacas com mastite clínica é possível observar a presença de grumos no leite e alterações no úbere como inchaço, aumento de temperatura local, vermelhidão, aumento da sensibilidade dolorosa e até endurecimento dos quartos mamários acometidos.

Nos casos mais graves os animais podem apresentar um comprometimento geral do estado clínico, ocorrendo alguns sintomas como apatia, prostração, febre, desidratação e redução do apetite. Os animais com mastite clínica grave podem vir a óbito em situações onde os casos não são atendidos de forma rápida e adequada.

Perdas econômicas causadas pela mastite bovina

A mastite é uma doença que ocasiona grandes impactos negativos no sistema de produção de leite com perdas econômicas importantes. Dentre os gastos estão os custos com medicamentos para o tratamento de casos clínicos, descarte e morte de animais precocemente, custos com mão de obra, descarte do leite acometido e redução de produção dos animais doentes.

Devemos ter a consciência de que a redução da produção de leite dos animais doentes é o principal prejuízo da doença, sendo que muitas vezes não vemos essa redução que pode ir de 10 a 30%!

De forma específica, os prejuízos devido à mastite clínica envolvem descarte de leite, redução da produção a curto e longo prazo, custos com medicamentos e risco de antibiótico no leite.

Já os prejuízos decorrentes da mastite subclínica são referentes a redução na produção de leite, sendo que esta forma de manifestação da doença representa cerca de 90 a 95% dos casos.

Nos Estados Unidos estima-se que o custo por caso de mastite seja de aproximadamente U$ 185/vaca/ano. Já na Europa a estimativa é de que este custo esteja por volta de € 190/vaca/ano.

Em um estudo realizado no Brasil observou-se que a mastite subclínica foi responsável por uma redução de 17% no volume de produção de leite, representando uma perda de 2,4 bilhões de litros de leite/ano.

Controle da mastite bovina

Para se alcançar sucesso no programa de controle da mastite é muito importante que os envolvidos na melhoria da qualidade do leite entendam cada etapa do processo, estejam abertos a receber treinamentos e percebam os benefícios que as ferramentas fornecem para o dia-a-dia no manejo dos animais. É essencial que durante o programa de controle exista um monitoramento periódico dos resultados obtidos.

O programa de 6 pontos de controle da mastite retrata ações fundamentais a serem realizadas para reduzir a ocorrência da doença. São eles:

  1. Higiene e conforto dos animais;
  2. Rotina de ordenha adequada;
  3. Tratamento dos casos clínicos de mastite com antimicrobianos (de preferência orientado pelo patógeno envolvido);
  4. Terapia de vaca seca;
  5. Limpeza e manutenção dos equipamentos de ordenha;
  6. Segregação e descarte dos casos crônicos.

Todas as medidas de controle visam reduzir o impacto econômico e os custos e, consequentemente, aumentar o lucro do produtor. O foco fica em prevenir novos casos de mastite bovina e reduzir a duração dos casos existentes.

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Bruno Guimarães

2 comentários

    • Oi Lam,
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