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California Mastitis Test (CMT): como funciona esse teste?

A mastite pode se manifestar em duas principais formas: clínica e subclínica.

Nos casos de mastite clínica o leite apresenta alterações visíveis a olho nu, como por exemplo presença de grumos, coágulos, sangue, pus e leite aquoso, podendo ou não estar associados a um sintoma visual de inflamação do quarto mamário afetado.

Já a mastite subclínica é aquela em que há uma ausência dos sinais e sintomas visíveis no leite ou úbere. Porém, o quarto mamário afetado pode apresentar redução na produção e alteração na composição do leite.

O monitoramento da saúde do úbere consiste em coletar e analisar regularmente informações e avaliação das práticas de manejo adotadas. Desta forma, a adoção de rotinas diagnósticas e monitoramento da saúde do úbere é uma ação indispensável para se ter sucesso no controle da mastite na fazenda.

Nesse texto traremos informações sobre a importância do teste de California Mastitis Test (CMT) para a avaliação e identificação de mastite subclínica, bem como o procedimento para realização do teste e sua interpretação, indicadores de mastite subclínica e suas referências, e também o impacto que a mesma pode provocar nos resultados da fazenda.

 

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Monitoramento e identificação da mastite

A avaliação da saúde do úbere é baseada em informações sobre a frequência de vacas doentes e sadias no rebanho, a causa da mastite e fatores de risco envolvidos (como por exemplo idade, estágio de lactação, época do ano) e a frequência de casos novos de mastite.

Com isso, é essencial a adoção de métodos diagnósticos que sejam simples, confiáveis e acessíveis.

Como na mastite subclínica não é possível a identificação visual dos sintomas, o seu diagnóstico é realizado através de testes auxiliares:

  1. No tanque: Contagem de Células Somáticas do tanque (CCSt)
  2. Na vaca: Contagem de Células Somáticas por indivíduo (CCS)
  3. No quarto mamário: California Mastitis Test (CMT) e CCS.

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O teste CMT (California Mastitis Test)

O CMT é um teste diagnóstico mais simples e prático para diagnosticar mastite subclínica ao pé da vaca.

O teste estima a CCS do leite baseado na viscosidade da solução de 2ml do reagente de CMT (detergente aniônico neutro) com 2ml de leite de cada quarto mamário. O reagente de CMT rompe as membranas nas células que estão presentes no leite, liberando o DNA que é de alta viscosidade.

Abaixo você observa uma sequência de procedimentos para realização do teste de CMT:

  1. Posicionar a bandeja de acordo com os tetos e ordenhar cerca de 2ml de leite de cada quarto mamário.
  2. Eliminar o excesso de leite utilizando a 1ª marcação na raquete.
  3. Adicionar cerca de 2ml de reagente de CMT (até atingir a 2ª marcação da raquete).
  4. Misturar o leite e o reagente com movimentos circulares.
  5. Visualizar a viscosidade e atribuir escore de resultados de CMT.

Com isso, o resultado do CMT é dado em escores, de acordo com a viscosidade da mistura de leite e o regente de CMT: negativo, traços, +, ++ ou +++. Esses escores de CMT apresentam uma correlação positiva com a CCS do leite.

Abaixo observe a relação entre os resultados de CMT e CCS:

Tabela com o escore de resultados do CMT

Quando realizar o CMT?

As principais indicações para o uso do CMT são:

  1. Selecionar os quartos mamários com mastite subclínica, em vacas diagnosticados com alta CCS em amostra composta de leite;
  2. Diagnostico de mastite subclínica em vacas recém paridas (5 a 7 dias de lactação);
  3. Monitoramento mensal de mastite subclínica em vacas, quando não for possível realizar CCS.

O CMT deve ser empregado apenas como diagnóstico para mastite subclínica e deve ser associado a uma cultura microbiológica do leite dos animais que obtiveram resultado positivo.

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A cultura microbiológica é considerada o padrão ouro de diagnóstico de infecções intramamárias, entretanto pode ocorrer resultados negativos para o crescimento microbiano e isso não ser um indicativo de que o animal está livre de infecções.

A cultura aponta o agente causador da mastite, sendo um importante auxílio na tomada de decisão precisa para o tratamento e a escolha correta do antibiótico.

É de suma importância algumas medidas para o controle da mastite, como o programa dos 10 pontos recomendado pela National Mastitis Council (EUA):

  1. Implantar rotinas de coleta de dados sobre sanidade do úbere;
  2. Definir metas e indicadores sobre sanidade do úbere de rebanhos leiteiros;
  3. Manter as vacas em ambiente limpo e confortável;
  4. Excelente rotina de ordenha;
  5. Rotina de manutenção e uso adequado do equipamento de ordenha;
  6. Tratamento da mastite clínica, quando recomendado;
  7. Controle de mastite na secagem;
  8. Descarte e/ou segregação de vacas com mastite crônica;
  9. Implantação de medidas de biossegurança contra a mastite contagiosa;
  10. Avaliação periódica das medidas de controle de mastite.

Indicadores de mastite subclínica

O primeiro passo para avaliação da mastite subclínica se dá com a implantação da CCS individual de todas as vacas lactantes do rebanho, já que para o monitoramento da doença as informações de prevalência são essenciais.

A prevalência de mastite subclínica varia de acordo com ao número de novos casos e a duração das infecções.

Principais indicadores de mastite subclínica em rebanhos leiteiros

OBS: O ideal é que seja realizada a coleta de amostra para análise de CCS de vacas acima de 5 dias de parida, para evitar resultados falso positivos.

Fonte: Ruegg, P.L. 2011

O impacto da mastite na produção de leite

Mesmo sendo desenvolvidas diversas estratégias de controle e prevenção, a mastite ainda é uma doença de grande impacto nas fazendas produtoras de leite, na indústria de laticínios e para os consumidores.

A doença dentro da fazenda é a causa da diminuição da produtividade da vaca e aumento dos custos de produção.

O conhecimento do impacto econômico da mastite na fazenda é de suma importância, principalmente para o produtor ter uma percepção real do custo associado a mastite visto que não são facilmente percebidos, como por exemplo o descarte de vaca e a susceptibilidade a outras doenças.

No Brasil, a perda da produção de leite proveniente da mastite subclínica é de aproximadamente 5% da produção total de leite, o que equivale a aproximadamente 1,75 bilhões de litros por ano (esta perda pode variar de acordo com a produção anual de leite).

Os prejuízos podem afetar negativamente além dos produtores, toda a indústria de laticínios, pois ocasiona a queda de rendimento industrial de fabricação, diminuição da qualidade do leite, da vida de prateleira dos derivados lácteos e a menor competitividade dos produtos no mercado.

Conclusão

Desta forma, o uso de medidas que garantem o diagnóstico precoce da mastite subclínica na propriedade leiteira, como o CMT, é de extrema importância para reduzir o impacto negativo da mastite tanto na produção quanto no rebanho dentro da fazenda.

Para que o sistema implante técnicas como o CMT ou outros métodos de diagnósticos, é de suma importância ter uma equipe bem alinhada com os objetivos da fazenda.

Outro ponto também importante é deter um sistema para análise dos dados gerados como uma ferramenta de auxílio na tomada de decisão dentro da fazenda, aliando isso ao acompanhamento de profissionais qualificados que visem a busca por resultados positivos dentro do sistema.

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Laryssa Mendonça

João Marcos Rocha - Equipe Leite

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