Rehagro Blog
Três vacas leiteiras em pé e uma vaca deitada em uma pastagem

Taxa de serviço em vacas leiteiras: o que é e como medir?

Talvez um dos maiores gargalos da reprodução em bovinos leiteiros seja a baixa taxa de serviço das vacas. Quem sabe até, o principal desafio!

Servir as vacas no momento adequado é essencial para a otimização não apenas dos indicadores reprodutivos, mas também dos produtivos. A taxa de serviço, por exemplo, impacta diretamente no intervalo entre partos e, consequentemente, no DEL médio do rebanho e na média diária de produção de leite.

Mas o que é a taxa de serviço, como deve ser o raciocínio em torno desse indicador, qual o seu impacto no sistema de produção e quais estratégias podem ser adotadas a fim de potencializar os ganhos?

 

Sem tempo para ler agora? Baixe este artigo em PDF!


O que é a taxa de serviço?

Na pecuária leiteira a taxa de serviço é um indicador calculado a cada 21 dias e analisado de forma individual para as categorias de vacas e novilhas.

Ele é definido como a relação entre os animais servidos e os animais aptos do rebanho. Entende-se como animais servidos aqueles inseminados, cobertos por monta natural controlada, etc.

No caso de animais aptos, para vacas consideram-se aqueles animais vazios acima do período voluntário de espera (PEV), os que se saem do PEV e se tornam aptos durante o período de 21 dias e as vacas inseminadas.

Já para novilhas, são considerados aptos aqueles animais que já foram liberados para a reprodução após terem atingidos critérios pré-estabelecidos, que geralmente são peso e idade.

Taxa de serviço %= (Nº de vacas servidas/Nº de vacas aptas) x 100

Logo, se no intervalo do dia 01/01 ao dia 21/01 a fazenda inseminou 5 vacas de um universo de 10 vacas aptas, a taxa de serviço nesse período de 21 dias foi de 50%.

Taxa de serviço %= (5 vacas servidas/10 vacas aptas) x 100

Taxa de serviço %= 50%

Ainda no raciocínio do cálculo da taxa de serviço, não é raro encontrar situações em que vacas que ainda estão no PEV expressam cio e são inseminadas. O fato de as vacas expressarem cio não consiste em um problema. Isto mostra que os animais estão ciclando e que, provavelmente, estão em boas condições reprodutivas.

O que realmente deve ser encarado como um impasse é o fato de inseminar as vacas que ainda estão dentro do PEV. Ou seja, vacas não aptas estão sendo inseminadas na rotina da fazenda, o que contribui para o aumento do numerador (vacas servidas) mas que não contabiliza no denominador (vacas aptas).

Em outras palavras, situações como essa levam a um número superestimado da taxa de serviço do rebanho.

A título de ilustração, suponha no exemplo anterior que além das 5 vacas inseminadas, outra vaca foi servida, mas que ainda estava no PEV. Logo, agora serão 6 vacas servidas em um mesmo universo de 10 vacas aptas, já que um dos animais ainda não estava apto para reprodução.

Dessa forma, a taxa de serviço do rebanho passaria a ser de 60%, o que não reflete a realidade do que realmente acontece na fazenda.

Pós-Graduação em Pecuária Leiteira

O que seria uma boa referência para taxa de serviço?

Quanto maior a taxa de serviço do rebanho, melhor. No entanto, esse pensamento não é prático e é pouco palpável, sendo necessário quantificar.

O mínimo da taxa de serviço que se deve trabalhar na rotina de qualquer fazenda é de 60 a 65%, independente do sistema de produção. Valores inferiores não são aceitáveis e apontam para uma ineficiência reprodutiva da fazenda.

Caso o programa reprodutivo do rebanho seja bem estruturado é possível atingir com tranquilidade esses valores. Muitas fazendas, inclusive, têm obtido taxas de serviço anuais de 70% a 75%.

E-book Estratégias para aumentar detecção de cio

Qual o impacto da taxa de serviço no sistema de produção?

A dinâmica que envolve a taxa de serviço é bastante interessante. Uma fazenda que possui baixa taxa de serviço, obviamente, possui menor taxa de prenhez.

Dessa forma, as vacas levam mais tempo para se tornarem gestantes e terem o próximo parto. O resultado é o prolongamento do intervalo entre partos.

E quais as consequências de um intervalo entre partos maior?

Em resumo, para rebanhos com boa persistência, ao distanciar um parto do outro as vacas passarão mais tempo em lactação. A primeira impressão pode parecer que isso seja algo benéfico e positivo para a fazenda, pois ao ficarem em lactação por um período maior, mais leite será produzido nesse tempo. No entanto, a situação deve ser enxergada e analisada a nível de rebanho.

Quanto maior o tempo em produção, mais as vacas se distanciam do pico de lactação, que é quando os animais produzem mais leite e possuem maior eficiência alimentar. Ou seja, ao aumentar o intervalo entre partos, a tendência é que a produtividade do rebanho reduza, justamente pelo aumento da média dos dias em lactação (DEL).

De tal modo, a eficiência alimentar também é prejudicada e o rebanho se torna menos eficiente em converter comida em leite, onerando o custo alimentar.

O cenário de aumento no intervalo entre partos também é prejudicial para rebanhos com baixa persistência de lactação, pois animais com este perfil tendem a ficar mais tempo em período seco, que é quando não há retorno de receita em leite para o sistema de produção.

Portanto, mais do que a ineficiência reprodutiva, baixas taxas de serviço contribuem também para redução da média de produção de leite, redução da eficiência alimentar do rebanho e redução também do retorno sobre o custo alimentar.

Os prejuízos são grandes e diversos, enquanto a otimização da taxa de serviço pode ser relativamente simples de ser alcançada na realidade da fazenda.

Como otimizar a taxa de serviço?

Conforme já dito, por meio de programas reprodutivos bem estruturados e alinhados com as características da fazenda é possível obter com tranquilidade valores de taxa de serviço acima de 65%.

Algumas perguntas devem ser respondidas quando se elabora um programa reprodutivo com foco em aumentar a taxa de serviço.

  • Como será o primeiro serviço pós-parto?
  • Qual será a estratégia para as reinseminações?
  • O que será feito com as vacas vazias ao toque?

Ajustar as ações para cada uma dessas perguntas contribui para otimização do serviço do rebanho. Servir as vacas imediatamente após a saída do PEV é essencial.

O uso da IATF nesta situação representa uma alternativa bastante interessante, desde que a fazenda consiga realizar este manejo em frequência semanal.

Da mesma forma, a propriedade deve ter uma rotina sistemática de acompanhamento e observação de cio no intuito de identificar possíveis animais vazios e realizar a inseminação. O uso de ferramentas auxiliares de identificação de cio, como bastão de cera na base da cauda e adesivo raspadinha, são excelentes opções.

Muitas fazendas têm adotado a observação de cio logo na saída dos animais da ordenha. O manejo é bem simples e consiste em direcionar as vacas para o tronco coletivo, atentando-se para aqueles animais com possíveis sinais de cio (vulva edemaciada, muco vaginal, comportamento ativo, monta em outros animais, ralados na região da garupa etc.) e alterações nas ferramentas auxiliares (bastão borrado e adesivo raspado).

Conclusão

A taxa de serviço é um indicador facilmente manipulável no dia a dia da fazenda através de ajustes coerentes. Além disso, os resultados são vistos já a curto prazo, o que contribui para a eficiência do rebanho.

Os benefícios de se otimizar o serviço do rebanho são vários, conforme abordado ao longo do texto. O maior desafio está em estruturar e operacionalizar um programa reprodutivo específico para o rebanho e conforme as características da fazenda.

Seja especialista em pecuária leiteira!

Caso você queira se especializar, tendo aulas com alguns dos melhores consultores do mercado, venha conhecer a Pós-Graduação em Pecuária Leiteira.

Com conteúdo 100% aplicável, eles levam para as aulas técnicas, ferramentas e estratégias que possuem resultados comprovados na prática para que você se torne capaz de alavancar a produtividade, lucratividade e a qualidade do leite produzido.

Com formato online, você pode participar de qualquer lugar do Brasil, com flexibilidade de horário.

Quer saber mais informações? Clique no link abaixo e conheça!

Banner Pós-graduação em Pecuária Leiteira

 

Bruno Guimarães

Comentar