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Vaca leiteira de cor preta

Como detectar o cio em vacas leiteiras de forma eficiente?

A maximização da eficiência reprodutiva do rebanho e a taxa de detecção de cio consiste em uma das chaves para o sucesso da atividade leiteira.

A obtenção de boas taxas reprodutivas tende a contribuir para o aumento dos lucros da fazenda, pois eleva-se a proporção de vacas em fase inicial de lactação.

Nesta fase, o fato de a produção de leite ser maior possibilita uma otimização do retorno sobre o custo alimentar. No entanto, para que haja maior proporção de vacas em fase inicial de lactação e otimização do retorno sobre o custo alimentar é necessário, dentre outros fatores, que haja eficiência reprodutiva.

Uma situação observada comumente no campo em grande parte das fazendas é a baixa taxa de serviço nos rebanhos leiteiros. Ou seja, uma menor proporção de vacas é servida (coberta, inseminada, etc) em comparação com o ideal.

O objetivo deste texto baseia-se em apresentar e discutir os principais métodos que auxiliam na detecção de cio e, consequentemente, no aumento do indicador da taxa de serviço e na maximização da eficiência reprodutiva.

É importante salientar que não basta apenas garantir o serviço reprodutivo para a vaca, sendo necessário também que ele ocorra no momento adequado e que a gestação se mantenha de forma saudável e venha a gerar um parto.

 

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Quais as principais características do cio de vacas?

O cio, também conhecido como estro, é comumente referido como o dia zero (D0) do ciclo estral das fêmeas bovinas. Consiste no período da fase reprodutiva no qual a fêmea apresenta sinais de receptividade sexual (aceitação de monta), seguida de ovulação.

A duração média do cio é de aproximadamente 12 a 18 horas, sendo que a ovulação ocorre de 12 a 16 horas após o término do cio, ou 28 horas após o início do estro.

No entanto, em vacas leiteiras de alta produção tem-se observado que a duração média do cio se encontra inferior a 8 horas.

O início das atividades que caracterizam o cio tende a ocorrer durante a noite, madrugada ou começo da manhã, conforme demonstrado pela figura a seguir.

Gráfico mostrando relação das atividades de cio de acordo com as horas do dia

 

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No período do cio, os elevados níveis circulantes de estradiol promovem alterações anatômicas e comportamentais nas fêmeas bovinas.

Um conjunto de comportamentos e alterações características são manifestadas pelos animais antes, durante e depois do estro, sendo importante que o colaborador responsável pela observação de cio conheça tais comportamentos para que redobre sua atenção.

As principais alterações comportamentais das vacas devido ao cio envolvem:

  • Pressão do queixo sobre o períneo/garupa;
  • Tentativa de monta;
  • Agitação;
  • Micção frequente;
  • Perda de apetite.

Associado às alterações comportamentais estão as mudanças anatômicas do aparelho reprodutivo da fêmea. Dentre elas, as principais são:

  • O edema e o avermelhamento da vulva;
  • A abertura da cérvix;
  • Corrimento muco-vaginal claro e viscoso.

Por que é tão difícil observar o cio das vacas?

De forma resumida, se deve ao fato de que as vacas leiteiras modernas apresentam uma série de fatores que contribuem para esta menor observação de cio, sendo os principais: maior produção de leite, menor duração do cio e maior desbalanço hormonal.

Estudos científicos, conforme demonstrado pelo gráfico a seguir, apontam que a duração do cio (horas) está associada a produção de leite (kg/dia), sendo que o cio tende a ser menor quanto maior for a produção de leite da vaca.

Este fato está relacionado em grande parte com a taxa de metabolismo das vacas, onde naquelas de alta produção tende a ser mais elevado, depurando de forma mais acelerada os hormônios esteroides e interferindo na duração do estro.

Gráfico mostrando a produção de leite de acordo com a detecção de cio

Outros estudos observaram a distribuição da duração do estro em vacas holandesas.

O encontrado foi de que aproximadamente 60% das vacas demonstraram atividade de cio por no máximo 8 horas. Destas vacas, 50% ficaram menos de 4 horas em estro. Veja o gráfico abaixo:

Gráfico mostrando a distribuição da duração do estro em vacas holandesas

Os dados e as informações apresentadas nos dois gráficos reforçam ainda mais a importância da adoção de estratégias e ferramentas auxiliares de identificação de cio.

É corriqueira a situação de vacas que não são identificadas em cio, não são trabalhadas reprodutivamente e contribuem para redução dos indicadores de eficiência reprodutiva e produtiva da fazenda.

E-book Estratégias para aumentar detecção de cio

Métodos auxiliares de identificação do cio em vacas

A observação de aceitação de monta representa o método clássico para identificação de cio, no entanto apresenta alguns fatores limitantes para sua utilização isolada em rebanhos com maior produção de leite.

Conforme citado anteriormente, os sinais de cio frequentemente são expressos mais no período noturno, momento em que, geralmente, não há ninguém observando cio.

Além disso, o elevado consumo de matéria seca que é necessário para suprir as exigências nutricionais da alta produção de leite faz com que se eleve a taxa do metabolismo hepático das vacas, aumentando assim a depuração dos hormônios esteroides relacionados à reprodução.

Esse fato contribui para redução da duração e intensidade dos sinais de estro.

A seguir serão discutidos alguns métodos/ferramentas que auxiliam no controle dos problemas relacionados à identificação de cio.

Raspadinha

A raspadinha consiste em um dispositivo semelhante a uma raspadinha de loteria que é colada na base da cauda do animal. No momento em que o animal é montado, a tinta da tira adesiva é removida, o que torna possível identificar que o animal aceitou monta.

Uma grande vantagem da utilização dessa ferramenta é identificar os animais que manifestaram cio durante a noite ou em momentos sem observação de cio. Uma das desvantagens é que utilizar em todo rebanho pode se tornar inviável economicamente.

Um ponto de atenção deve ser considerado quanto a utilização desta ferramenta em novilhas, uma vez que esta categoria animal normalmente apresenta cios mais intensos em comparação às vacas e possui instinto curioso, podendo contribuir para que a raspadinha seja desgastada com maior facilidade e até mesmo se solte do animal.

Uma alternativa adotada pelas fazendas para contornar esta situação, é associar o uso da raspadinha com o bastão de cera, que será discutido mais adiante. Esta associação aumenta a segurança e a certificação da identificação de cio.

Raspadinha para detecção de cio

Medidores de atividade

São ferramentas que se baseiam no aumento da atividade dos animais quando estão em estro. Além disso, alguns desses medidores atualmente conseguem realizar outras funções como identificar possíveis animais doentes, avaliação de estresse térmico e monitorar alimentação.

Os principais medidores disponíveis no mercado até o momento são pedômetros, colares e, recentemente, os brincos.

Por se tratar de dispositivos tecnológicos sujeitos a falhas, devemos nos lembrar de solicitar auditorias periódicas nestas ferramentas através do fabricante para que os resultados gerados sejam coerentes com as ocorrências de cio.

Caso as informações sejam repassadas incorretamente pelos dispositivos, as ações realizadas na rotina reprodutiva da fazenda também estarão incorretas.

Medidores de atividade em vacas leiteiras

Bastão de tinta

Consiste em pintar a base da cauda do animal e observar se o bastão passado foi apagado, indicando que o animal aceitou monta.

Esse manejo é realizado, geralmente, após a ordenha, na saída dos animais, aproveitando a passagem dos animais pelos currais de manejo. Fazendas que possuem canzis conseguem realizar esse manejo em momentos desvinculados da ordenha.

Todas as vacas em lactação devem ser pintadas para padronizar o manejo e evitar equívocos, inclusive vacas recém-paridas, vacas prenhes e vacas descarte.

No entanto, caso o rebanho seja menor e a situação reprodutiva dos animais seja facilmente conhecida de perto torna-se possível realizar o manejo do bastão de forma direcionada. Ou seja, em um rebanho de 30 vacas, por exemplo, sabemos de forma fácil e rápida quais são os animais que estão sendo e devem ser trabalhados na reprodução (vacas aptas, vacas inseminadas, vacas gestantes etc.).

Um outro tipo de manejo que algumas propriedades adotam é o uso de uma cor específica de bastão para cada situação reprodutiva.

Por exemplo: as vacas inseminadas recebem bastão de cor amarela, as vacas gestantes recebem bastão de cor verde e as vacas aptas e vazias recebem bastão vermelho.

Vale ressaltar que esta estratégia deve ser pensada conforme a rotina da propriedade e do rebanho, justamente para que o emprego de cores variadas de bastão não complique as atividades e prejudiquem a eficiência desta técnica.

Técnica de bastão de tinta para detecção de cio

Considerações sobre a detecção de cio

O aumento da produção de leite e a otimização do custo alimentar das propriedades leiteiras passam, além de outros pontos, pela obtenção de eficiência reprodutiva.

Uma reprodução bem ajustada pode ser responsável por alcançar um DEL médio baixo no rebanho, ou seja, alcançar uma maior proporção de vacas em início de lactação produzindo mais leite.

A associação de métodos auxiliares de detecção de cio com outras ferramentas, tecnologias e estratégias torna-se interessante quanto mais intensificado for o sistema de produção. Identificar os pontos críticos de cada propriedade torna-se essencial para encontrar as oportunidades e atuar de modo a otimizar não só a reprodução, mas todos os setores da fazenda.

Além disso, adotar e seguir fielmente uma rotina reprodutiva é tão importante quanto o uso de ferramentas auxiliares de detecção de cio.

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Bruno Guimarães

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