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Gastroenterites verminóticas: quais os impactos dessas verminoses nos bovinos leiteiros?

As parasitoses nos bovinos são responsáveis por provocar perdas diretas e indiretas na pecuária leiteira, o que trona fundamental a compreensão dos seus agentes para se ter então um efetivo controle.

As verminoses provocam diversas perdas produtivas e econômicas nos rebanhos, como menor produção de leite, redução no ganho de peso e crescimento e até mesmo menor resposta vacinal.

Devido a cada vez mais a exploração intensiva dos bovinos leiteiros, muitas condições as quais esses animais são submetidos, como o confinamento, acúmulo de matéria orgânica, umidade, aliado a condições ruins de higiene e alta densidade de animais irão resultar no potencial aumento de contaminação ambiental e a infecção dos animais, favorecendo o aparecimento de verminoses.  

Nesse texto iremos discutir sobre a gastroenterite verminótica nos bovinos, trazendo os principais helmintos e também protozoários envolvidos no problema. Além disso vamos tratar sobre os impactos que essa verminose traz para os bovinos leiteiros e também estratégias de controle e prevenção.  

O que é gastroenterite verminótica?

A gastroenterite verminótica é considerada um dos grandes problemas sanitários que acometem os bovinos devido as perdas substanciais ocasionadas. Ela é causada por parasitas internos que irão hospedar o trato gastrointestinal do bovino e se alimentar de proteínas, vitaminas, açúcares e sais minerais, provocando no animal uma série de sintomas. 

A gastroenterite é uma inflamação do revestimento gástrico, do intestino grosso e delgado. É normalmente causada pela infecção por um microrganismo, mas também pode ser causada pela ingestão de toxinas químicas ou remédios.

Em bovinos temos a percepção de comuns endoparasitas, sendo eles: 

Helmintos: também conhecidos como vermes, são metazoários que podem ser de vida live ou parasitaria, se dividindo em dois filos:

  • Nematelmintos (vermes achatados)
  • Platelmintos (vermes cilíndricos)

Os estrongilídeos que acometem os ruminantes compõe gêneros distribuídos em várias famílias dentro da ordem pertencente, sendo: Haemonchus, Trichostrongylus e Ostertagia.

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Ostertagia ssp.

São parasitas que apresentam alta patogenicidade mesmo em cargas parasitarias menores, o que provoca muitas perdas produtivas. Afetam o abomaso de bovinos, sendo um dos principais causadores de gastrite parasitaria em ruminantes. Os sinais clínicos mais comuns são a perda de apetite e perda de peso.

Ostertagia spp.

Ostertagia spp.

Heamonchus spp.

É um principal nematódeo que afeta o abomaso dos bovinos, especialmente em regiões tropicais e subtropicais. São parasitos hematófagos, possuindo uma pequena cápsula bucal, sendo responsável por causar grandes danos aos animais.

É responsável por causar ao animal anemia severa, edema submandibular, perda de apetite e perda de peso.

Heamonchus spp.

Heamonchus spp.

Trichostrongylus axei

Dentro do gênero Trichostrongylus, essa espécie é de maior ocorrência nos bovinos no Brasil, sendo responsável por causar lesões circulares ou em placa na mucosa abomasal. Além disso, podem ser observados hipoalbuminemia e hiperglobulinemia, alterações no pH e aumento das concentrações séricas de pepsinogênio.

Trichostrongylus axei

Trichostrongylus axei

Cooperia spp

O gênero Cooperia spp possui três espécies mais prevalentes nos bovinos: C. punctata, C. pectinata e C. oncophora. Afetam o intestino delgado dos ruminantes, tendo os sinais clínicos mais frequentes, perda de apetite e a perda de peso.

Cooperia spp

Cooperia spp

Strongyloides papillosus

É um nematóide que parasita o intestino delgado infectando os animais por penetração ativa das larvas pela via cutânea ou pela ingestão de alimentos contaminados.

Strongyloides papillosus

Strongyloides papillosus

Eimeria sp.

O gênero Eimeria é um dos mais importantes protozoários que parasitam o trato gastrointestinal dos bovinos, responsável por desencadear enterite contagiosa que provoca o aparecimento da diarreia.

Essa parasitose é causada por protozoários coccídeos, o qual apresenta seu ciclo com uma fase de reprodução assexuada e outra sexuada. Os oocistos possuem uma grande capacidade de sobrevivência no ambiente, local onde eles são considerados infectantes e que ocorrerá a esporulação. 

O local de criação dos animais interfere diretamente sobre as características da eimeriose. Quando se tem alta densidade populacional, criações intensivas, falta de higiene no ambiente, cocho e bebedouros a doença pode ocorrer com maior frequência e gravidade. 

A associação da Eimeria sp. com helmintos é muito frequente e isso tende elevar a gravidade do parasitismo.

Imagem de oocisto de Eimeria na forma esporulada

Imagem de oocisto de Eimeria na forma esporulada. Fonte: Google imagens

Moniezia spp

A Moniezia spp é um cestóide que parasita o intestino delgado dos bovinos, causando sérios prejuízos ao animal. Esse helminto necessita de um hospedeiro definitivo, que são os ruminantes e um intermediário, no caso um ácaro de vida livre para que seu ciclo evolutivo seja completo. 

Os parasitas adultos são encontrados no intestino delgado nos ruminantes, onde os ovos são eliminados nas fezes. A infecção do ruminante se dá quando ele ingere o hospedeiro intermediário (ácaro) junto com a pastagem por exemplo. As larvas são capazes de fixar na parede do intestino delgado dos ruminantes, competindo assim com os nutrientes ingeridos por ele.

Imagem microscópica de ovos de Moniezia spp.

Imagem microscópica de ovos de Moniezia spp. Fonte: Bruna Fernanda da Silva

Mas qual o impacto da gastroenterite verminótica nos bovinos leiteiros?

A gastroenterite verminótica pode causar uma série de prejuízos aos bovinos, afetando tanto a sua saúde quanto a sua produtividade e desempenho. Essas verminoses por serem consideradas silenciosas, ou seja, o produtor não conseguirá ver a contaminação acontecer, os sintomas observados podem ser considerados em grande parte deles os impactos que essas verminoses causam. 

Dentre os impactos mais comuns de se observar nesses casos, podemos citar: 

  • Perda de peso e condição corporal: A gastroenterite pode resultar em danos no trato gastrointestinal dos animais, provocando sintomas como diarreia, perda de apetite e desnutrição. O resultado disso será a perda de peso e de condição corporal, o que afeta a saúde a o desempenho do animal. 
  • Redução na produção de leite: Animais afetados por gastroenterite verminótica podem ter queda na produção de leite devido aos sinais clínicos da doença, como a desidratação, perda de peso, queda de consumo, desnutrição e estresse. 
  • Desidratação e desequilíbrio eletrolítico: Devido a diarreia severa causa pela gastroenterite, a desidratação e o desequilíbrio eletrolítico estarão presentes, resultando no agravamento do problema e até mesmo levando a morte do animal em casos mais graves e que não há intervenção imediata. 
  • Anemia: Algumas espécies de parasitas intestinais como os nematoides, podem se alimentar do sangue dos bovinos, o que irá provocar anemia. Como resultado o animal apresenta sinais de fraqueza, letargia e maior susceptibilidade a outras doenças. 

Além desses sinais que podem ser observados em quadros de gastroenterite verminótica, é comum também termos a presença de pelos arrepiados, crescimento retardado e abdome aumentado.

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Como controlar e prevenir?

Devido as grandes perdas econômicas geradas pelas verminoses, deter de medidas de controle e prevenção efetivas é crucial na propriedade. Dentre as medidas mais comuns, devem estar inclusas medidas de manejo e práticas de saúde. 

Como forma de tentativa de controle das verminoses, é comum a utilização indiscriminada e de maneira errada de anti-helmínticos, caracterizando hoje uma excessiva vermifugação, sem embasamento em exames ou recomendações específicas para os desafios da propriedade, o que contribui para a resistência anti-helmíntica, o que hoje já acontece, pode-se dizer ser comum e preocupante.

Deter e estar preocupado com tratamentos direcionados deve ser o foco dentro das propriedades, ao invés de buscar protocolos mágicos e segui-los como uma receita de bolo. Para isso, existem exames como o Ovos por Grama de Fezes (OPG), que é uma ferramenta para diagnóstico barata, de fácil execução, com possibilidade de ser feito na própria fazenda, sendo necessário apenas um microscópio. 

Esse exame é baseado na quantificação de ovos de helmintos nas fezes dos animais, oferecendo um indicativo da carga parasitária presente e a espécie de parasita, visto que diferentes parasitas têm diferentes impactos sobre a saúde do animal. 

A partir disso, é possível ter decisões assertivas sobre as medidas de controle específicas, o que pode incluir tratamento antiparasitário direcionado, a fim de evitar o uso em larga escala e de maneira desordenada. 

Além disso, é importante que práticas de manejo sejam empregadas com o intuito de reduzir a exposição dos animais aos parasitas. Isso inclui manejo adequado do esterco, rotação de pastagem em sistema de criação a pasto e também medidas de biosseguridade e higiene. Dentre esses manejos podemos citar: 

  • Bebedouros e cochos limpos;
  • Locais de estadia dos animais higienizados;
  • Qualidade de água fornecida;
  • Desinfecção estratégica dos ambientes;
  • Evitar superlotações.

Em resumo, sabemos que a gastroenterite verminótica pode causar uma série de prejuízos aos bovinos leiteiros, resultando em custos mais altos, menor eficiência alimentar, redução na produção de leite e risco de problemas de saúde adicionais.

Dessa forma, é notório a importância da adoção de medidas de prevenção e controle eficazes das verminoses, as quais incluem práticas de manejo adequadas, monitoramento da saúde e estratégias de controle integrado de parasitas.

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Laryssa MendonçaVictor Hugo Simões

 

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