O período seco compreende aproximadamente os 60 dias que antecedem ao parto. Esta fase, é de extrema importância para a lactação, uma vez que neste período as vacas descansam, se preparando para uma nova lactação.
A glândula mamária precisa deste tempo para restabelecer suas características metabólicas, no intuito de estar apta para a produção de um bom colostro e na sequência, boa quantidade de leite.
Nesse texto iremos abordar sobre práticas adotas no momento da secagem de vacas leiteiras, como a diferentes formas e métodos que podem ser seguidos, as fases que fazem parte do período seco e também a forma correta de realização da secagem das vacas leiteiras.
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Quais as formas de secagem de vacas?
A secagem de vacas em lactação pode ser feita de diferentes formas e seguindo diferentes critérios e dentre essas diferentes formas, podemos citar:
Secagem com uso de antibioticoterapia – IMM
O tratamento intramamário consiste na infusão de um antibiótico específico diretamente na glândula mamária da vaca.
Esse tipo de secagem é realizado principalmente com o intuito de prevenir infecções intramamárias no período seco e de melhorar a qualidade do leite na próxima lactação.
Prevenção de infecções intramamárias
Durante o período seco, o qual se trata do intervalo entre a lactação atual e a próxima, as vacas estão susceptíveis a infecções intramamárias.
A secagem é um momento que pode ser considerada um momento crítico, pois é quando a produção de leite é interrompida, onde isso pode criar um ambiente propício para o crescimento de bactérias causadoras de infecções.
O uso de antibióticos intramamários na secagem ajuda a prevenir ou tratar infecções, evitando que elas se desenvolvam e causem problemas durante o período seco ou na próxima lactação.
Entretanto, seu uso na secagem para tratar uma infecção já existente, o que é conhecida como secagem terapêutica, precisa ser cuidadosamente avaliada e supervisionada, onde deverá ser determinado o tratamento apropriado e o tipo de antibiótico a ser utilizado.
Melhoria da qualidade do leite
Sabemos que infecções intramamárias resultam no aumento da Contagem de Células Somáticas (CCS), o que afeta a qualidade do leite e a segurança do produto final. Utilizar antibióticos vai ajudar a garantir que o leite produzido após a secagem seja de alta qualidade, atendendo aos padrões regulatórios e as exigências dos consumidores.
Secagem seletiva
A secagem seletiva de vacas leiteiras é uma prática que vem ganhando espaço e sendo utilizada a partir da evolução das estratégias de controle da mastite, entretanto, exige uma gestão cuidadosa e monitoramento próximo.
Esse tipo de secagem se resume em utilizar antibiótico somente em vacas com alto risco de infecções intramamárias, enquanto nas vacas consideradas sadias o tratamento feito é apenas com a utilização de selante de tetos. Para a identificação dessas vacas consideradas sadias, alguns critérios devem ser utilizados, entre eles podemos citar:
- Realização do exame de CCS individual da vaca, onde teremos de forma quantitativa esse resultado, sendo preconizado que o animal tenha um resultado de CCS menor do que 200.00 céls/ml nos últimos três meses de lactação antes da secagem.
- Não ter histórico de mastite clínica.
Métodos de secagem de vacas
Quanto ao método de secagem, os mais comumente adotadas são:
- Secagem abrupta: Nesse método de secagem a vaca é impedida completamente de ir na ordenha, ou seja, a produção de leite é interrompida. A vaca é ordenhada normalmente até o último dia de lactação anterior e em seguida não é mais ordenhada.
- Secagem intermitente: No método de secagem gradual a produção de leite é reduzida gradualmente ao longo de vários dias antes de interrompê-la completamente. Isso é feito diminuindo a frequência das ordenhas e também o consumo de concentrado.
Quanto a escolha de um dos métodos de secagem (abrupta ou intermitente) irá depender de vários fatores, incluindo a saúde e a condição da vaca, ao manejo e a experiência na execução do método que a fazenda possui.
Entretanto, independentemente da abordagem escolhida, é essencial que a vaca seja monitorada de perto durante o período seco e que medidas de manejo adequadas sejam adotadas para garantir a saúde da glândula mamária e a preparação eficaz para a próxima lactação.
As duas primeiras semanas do período seco são cruciais. Isso porque a vaca estava indo para ordenha, e uma vez que entrou para o período seco não vai mais.
Depois de duas semanas do período, a vaca produz tampão de queratina, fator este que diminui o risco de mastite na metade do período. Porém, atingindo por volta de 50 dias, este tampão é expelido aumentando novamente a chance de a vaca ter mastite oriunda de uma infecção adquirida no período seco.
Por esse motivo que a utilização de selante de teto no momento da secagem é importante, pois se trata de uma substância aplicada com o intuito de impossibilitar a entrada de patógenos causadores de mastite, fazendo com que esse mecanismo se assemelha ao tampão fisiológico de fechamento do canal do teto, mas que só é perdido ou expelido após o parto.
O momento certo de realizar a secagem e a forma como ela é realizada são de grande importância. Quando estas vacas param de ser ordenhadas diariamente, os riscos de desenvolver mastite durante estes 60 dias aumentam e para evitar, alguns cuidados são importantes.
Para facilitar a compreensão, podemos dividir o período seco em fases:
- Involução ativa: Fase em que a glândula mamária se recupera e se prepara para a próxima lactação. Durante esse período, o úbere da vaca diminui de tamanho e a produção de leite cessa. Este é um processo ativo e controlado pela redução da produção de hormônios relacionados à lactação, como a prolactina.
- Involução constante: Nessa fase a glândula mamária se encontra completamente involuída, apresentando a formação do tampão fisiológico de queratina na entrada do teto, reduzindo assim a chance de novas infecções intramamárias.
- Colostrogênese: Essa última fase vai ser regida por hormônios no final da gestação. Nela, temos uma intensa atividade celular, ocorrendo regeneração e diferenciação das células epiteliais que secretam leite, além do aumento da concentração dos componentes do leite como gordura, caseína e a lactose, e concomitantemente acúmulo de imunoglobulinas e células de defesa que irão compor o colostro.
É importante lembrar que nos dias que antecedem o parto, ocorrerá redução do sistema imunológico da vaca, o que pode elevar o risco de infecções intramamárias, em especial aquelas causadas por microrganismos ambientais.
Imagem ilustrando as fases do período seco de uma vaca. Fonte: Ouro Fino Saúde Animal, 2018.
Como realizar corretamente a secagem das vacas?
As etapas realizadas durante a aplicação do antibiótico intramamário envolvem muito cuidado com a higiene, para evitar que bactérias sejam introduzidas juntamente ao antibiótico.
A lavagem das mãos e utilização de luvas antes do início do manejo, tem fundamental importância. Após a vaca ser ordenhada, será introduzido o antibiótico intramamário, conforme o passo a passo:
Quando se utiliza antibiótico, o mesmo atuará impedindo a multiplicação de possíveis bactérias que entrem no úbere durante o período seco. Atualmente, tem-se discutido muito sobre a aplicação de antibiótico intramamário em vacas que não apresentam mastite.
Pensando em resistência microbiana, a utilização do antibiótico na secagem apenas para vacas contaminadas, é interessante, porém, se faz necessário uma investigação minuciosa.
Em propriedades dispostas a investir nessa investigação mais minuciosa da saúde de úbere de suas vacas, podemos analisar não só todas as vacas individualmente, mas sim cada quarto mamário de cada animal do rebanho e avaliar a melhor estratégia de secagem para cada animal.
Considerações finais
A escolha do tipo e o método de secagem a ser realizada é algo que deve ser discutido e traçado juntamente com a fazenda. Além disso, é importante ressaltar que a seleção do antimicrobiano ideal para utilização na secagem é algo relevante, principalmente nos casos de mastite, visto que para o sucesso do tratamento, precisa-se conhecer os microrganismos que estamos lidando.
Somado a isso, outros fatores são muito importantes para a eficiência do período seco, como a nutrição e o ambiente das vacas, fatores estes que são também cruciais caso ocorra mastite no pós-parto.
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