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Caroço do algodão utilizado na alimentação do gado de corte

Coprodutos do algodão para suplementação do gado de corte: saiba quais são

A indústria do gado de corte passa por um momento de grande transformação. Ao longo das últimas décadas, o que se viu foi uma mudança significativa em todas as pontas da cadeia produtiva.

Essa mudança é constante e busca o aumento da produtividade e a otimização dos recursos disponibilizados para a pecuária.

Dentre os aspectos importantes dessa mudança, está a associação de duas importantes frentes produtivas do agronegócio: lavoura e pecuária.

Essa associação se passa desde sistemas altamente integrados, como sistemas de Integração Lavoura Pecuária (ILP), e também ao aproveitamento de insumos e recursos advindos da outra atividade.

 

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O uso de coprodutos do algodão na pecuária de corte

A pecuária se beneficia de produtos e coprodutos advindos da agricultura. A lavoura também se favorece com a utilização de produtos oriundos da pecuária, por exemplo, na utilização de adubos orgânicos.

A utilização desses subprodutos ou coprodutos do se associa perfeitamente com o aumento da busca pela intensificação dos sistemas de produção da atividade pecuária. Pecuaristas utilizam cada vez mais de ferramentas como confinamento, sequestro de recria, semiconfinamento, dentre outras alternativas, onde a dieta dos animais é fornecida no cocho.

A utilização dos coprodutos, contribui também em uma frente importante para o agronegócio como um todo. “Reaproveitar” esses insumos, implica, consequentemente, em menores desperdícios e a maximização na utilização de insumos é de extrema valia para a “pegada” ambiental.

Um aspecto importante a se destacar, em relação aos coprodutos do algodão, está ligado ao preço desses insumos. Geralmente, são insumos relativamente baratos, o que torna a composição dos nutrientes neles presentes de baixo custo.

Entretanto, comumente observa-se que a utilização desses insumos é regionalizada, principalmente pela questão que se tange ao frete. O valor acaba impactando no custo final da tonelada, tornando então a utilização da maioria dos coprodutos regionalizada.

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Caroço de algodão

O caroço de algodão é um alimento proteico-energético e de alto valor nutritivo, rico em fibra, proteína e energia. Os níveis de energia presentes no caroço são provenientes principalmente da grande quantidade de óleo presente no caroço com extrato etéreo (EE) em média de 20% da MS (matéria seca).

É justamente essa característica que limita a utilização de grandes quantidades do caroço na dieta, sendo recomendados quantidades em torno de 15% da matéria seca da dieta, dependendo do teor de EE da dieta final.

Volumes muito superiores a esses adicionados sem critério na dieta, podem se transformar em um problema, tendo em vista que altos níveis de óleos insaturados no rúmen, causam distúrbios na fermentação ruminal pela morte de bactérias ruminais, redução na degradação da fibra e redução no consumo. Esses são os principais efeitos que observamos quando o valor é superior a 8% EE na dieta (% MS), resultando em queda no desempenho.

Outros dois pontos podem ser limitantes à utilização do caroço de algodão de forma descriteriosa: a grande impressão da interferência do caroço de algodão no aroma e sabor da carne de animais suplementados com altas concentrações de caroço, sugere que em programas de produção de carne gourmet, não se utilize ou se utilize com bastante cautela o caroço de algodão.

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Embora ainda contraditório na literatura, muitos frigoríficos recusam animais alimentados com esse insumo para exportação para mercados específicos.

Além disso, o caroço de algodão apresenta em sua composição um composto fenólico chamado gossipol, esse composto tem efeito que pode prejudicar o desempenho reprodutivo dos machos, sendo prejudicial também para os bezerros.

Seguindo com as características bromatológicas importantes do caroço de algodão, ele apresenta em sua composição de 44 a 50% de FDN (fibra detergente neutro), 27% de celulose, 10% de hemicelulose e de 13 a 15% de lignina. Essas características tornam o caroço um alimento de alto teor de fibra, tornando-o uma excelente alternativa para dietas de alto concentrado.

Adicionalmente a essas características, seu tamanho e presença do flinter é capaz de promover ruminação. Por isso, muitos nutricionistas utilizam esse benefício para reduzir a quantidade de volumoso em dietas de terminação, sem comprometer a saúde ruminal.

Caroço de algodãoCaroço de algodão. Fonte: Arquivo pessoal de Dra. Andrea Mobiglia, consultora e coordenadora de ensino da Pecuária de Corte do Rehagro.

Torta de algodão

Além do caroço de algodão, um importante coproduto obtido da produção de algodão é a torta de algodão. A torta é obtida no processo de prensagem do caroço para a retirada do óleo, também apresenta alta fibra e pode ser utilizada em dietas com alta inclusão de concentrado.

Entretanto, não apresenta bons níveis de energia como o caroço, se tornando um alimento proteico. Mas existem no geral, duas formas disponibilidades no mercado: a torta gorda contendo 5% de óleo e a torta magra que, em contrapartida, apresenta menos de 2% de óleo em sua composição.

A torta apresenta em média 27% de PB (proteína bruta) em sua composição bromatológica, baixo teor de proteína degradável no rúmen (PDR) e como característica, também bom teor de potássio.

Torta de algodãoTorta de algodão. Fonte: arquivo pessoal de Paulo Eugênio, coordenador da equipe de Consultoria Corte Rehagro.

Farelo de algodão

O farelo de algodão é obtido além do processo de prensagem, quando são utilizados produtos químicos (solventes) na extração do óleo do caroço, e possui quantidade relativamente superior de proteína em relação à torta.

Ele tem uma desvantagem perante aos outros produtos, pela grande diferença de níveis de proteína e outros nutrientes, de acordo com a forma que é processada e pela adição ou não de casca. Por isso, é preciso ficar atento à análise bromatológica desse insumo.

Temos diferentes tipos de farelo disponíveis no mercado. O farelo mais comumente indicado ao consumo de bovinos é rico em casca, contendo 25 a 36% de PB. O farelo de algodão também é uma grande alternativa, mas é sempre interessante comparar o preço da proteína com outros insumos que possuem maior teor proteico em sua composição, por exemplo, o farelo de soja.

Capulho de algodão

Quando se existe a possibilidade de um alimento com custo relativamente baixo de MS, o capulho de algodão ganha ainda mais destaque.

Obtido no momento da extração do algodão, o capulho apresenta características principais, voltadas mais para proporcionar fibra efetiva na dieta do que por suas características nutricionais. Isso principalmente quando avaliamos os baixos valores de EE e NDT e altos valores de FDNfe.

Com dietas cada dia mais energéticas, a necessidade e a busca por alimentos com fibra efetiva ganha um espaço considerável.

Esse insumo, quando utilizado como a única fonte de volumoso na dieta, é aconselhável a adição de água para ajustar a MS da dieta e evitar que deprecie o consumo do animal.

Capulho de algodãoCapulho de algodão. Fonte: arquivo pessoal de Paulo Eugênio, coordenador da equipe de Consultoria Corte Rehagro.

Casca do caroço de algodão

Um coproduto, também rico em fibra que pode ser utilizado na dieta de ruminantes, é a casca do caroço de algodão. Contendo em torno de 3 a 8% de línter é um alimento de boa palatabilidade e de fácil mistura, inclusive com outros coprodutos como a torta.

Casca de caroço de algodãoCasca do caroço de algodão. Fonte: arquivo pessoal de Dra. Andrea Mobiglia, consultora e coordenadora de ensino da Pecuária de Corte do Rehagro.

Independente do insumo que você optar, é sempre recomendado avaliar o custo-benefício de sua aquisição. Devemos avaliar:

  • Opções na região;
  • Local adequado de armazenamento para garantir sua qualidade;
  • Análise bromatológica do insumo.

Por serem coprodutos do algodão, os valores nutricionais podem alterar consideravelmente, afetando a composição final da dieta e, consequentemente, nos resultados de desempenho.

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Cristiano Rossoni

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