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Vacas leiteiras no pasto

Como avaliar o escore de fezes de vacas leiteiras na prática?

O escore de fezes em vacas leiteiras é uma ferramenta importante na pecuária leiteira, que permite aos produtores e profissionais da área monitorar a saúde e o bem-estar dos animais, além de identificar possíveis problemas de manejo e nutrição e favorecer a implementação de medidas corretivas antecipadamente.

Além disso, é um método muito utilizado pela sua praticidade e facilidade de identificação, além de ser considerado um indicador que reflete se a fibra, proteína, gordura e carboidratos estão em equilíbrio na dieta.

Nesse texto iremos tratar sobre a classificação dos escores e as características que cada um detém, passos práticos para realizar a avaliação e além disso, falaremos sobre aspectos específicos que o escore de fezes pode indicar.

Como fazer a avaliação e interpretar?

Esse método consiste em avaliar visualmente algumas características das fezes em cada lote no rebanho, visto que a avaliação quando feita de forma particular em cada lote, pode evidenciar algum problema específico daquele grupo de animais. A classificação mais utilizada do escore de fezes é de 1 a 5.

  • Escore 1: indica fezes muito líquidas, sinônimo de diarreia, caracterizada por alguma desordem digestiva, excesso de proteína ou amido, e comumente relacionada com o aumento de concentrado na dieta ou também a redução da concentração de fibra.
  • Escore 2: descreve fezes soltas que não formam uma pilha, ou seja, são fezes semi-líquidas. A causa normalmente está relacionada com a escassez de fibra efetiva na dieta. Esse escore de fezes também é comum ser observado em animais em sistema de pastagem, onde quando nova, essa pastagem pode promover tal consistência das fezes.
  • Escore 3: é caracterizado por fezes que empilham em torno de 5 cm de altura, com vários anéis concêntricos e uma pequena depressão no meio. Nesse escore podemos dizer que as fezes se apresentam semissólidas e esse é o escore que consideramos ideal.
  • Escore 4: representa fezes mais espessas que formam pilhas de mais de 5 cm, sendo esse escore mais encontrado e mais apropriado para vacas secas devido à sua dieta com maior teor de fibra e menor teor de concentrado. Entretanto, esse escore pode ser indicativo de que a forragem que compõe a dieta é de qualidade inferior e/ou existe falta de proteína.
  • Escore 5: descreve fezes em forma de espessas bolas fecais, muitas vezes ressecadas. Esse escore pode ser indicativo de uma dieta com excesso de fibra longa, volumoso com alto teor de matéria seca e até mesmo um reduzido consumo de água pelo animal.

Imagem mostrando os escores de fezes bovinas

Imagem representando escores de fezes de 1 a 5. Fonte: Nutribov – 2022

Dessa forma, o escore considerado ideal para vacas em lactação é o escore 3, entretanto, vacas de alta produção podem apresentar fezes mais amolecidas devido às dietas mais densas, sendo consideradas normais.

O que o escore de fezes em vacas leiteiras pode indicar?

  • Saúde digestiva: conforme o escore de fezes apresentado pelo animal ou pelo rebanho, teremos um indicativo da saúde digestiva dos animais, visto que é possível ter indícios de problemas metabólicos como acidose.
  • Nutrição: a partir da realização do escore de fezes podemos avaliar a eficiência da nutrição das vacas, pois as características das fezes podem fornecer insights sobre a digestibilidade da dieta, ingestão de nutrientes e o equilíbrio nutricional.
  • Saúde: o escore de fezes é uma ferramenta muito útil quando se trata da avaliação da saúde das vacas. Conforme as características das fezes podemos fornecer informações valiosas sobre o funcionamento do trato gastrointestinal e possíveis problemas de saúde, como por exemplo infecções.
  • Bem-estar animal: temos o escore de fezes também como um indicativo do bem-estar das vacas, pois ele irá predizer a saúde gastrointestinal e o conforto do animal. Quando se tem práticas de bem-estar adequadas e um ambiente que atenda às necessidades físicas e comportamentais das vacas, temos como consequência uma saúde sólida.

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Passos práticos para a avaliação do escore de fezes

  1. Observe as fezes durante a rotina de manejo dos animais.
  2. Avalie a consistência, cor, presença de sangue, muco e odor.
  3. Monitore a frequência e volume das fezes.
  4. Observe o comportamento geral das vacas.

Para realizar avaliação do escore de fezes, deve-se primeiramente observar o lote como um todo, observando o aspecto das fezes na cama, no caminho para a ordenha, no centro de manejo.

Outro ponto a ser observado é a variação no mesmo lote, ou seja, se neste lote há animais com escores muito diferentes. Essas variações podem indicar uma desordem de saúde de um animal em específico, como alguma diarreia viral por exemplo, ou até mesmo algum problema no manejo alimentar ou no vagão misturador, o qual pode não estar promovendo a mistura adequada dos ingredientes e estar distribuindo a comida de forma desuniforme e heterogênea, fazendo com que alguns animais consumam maiores quantidades de concentrados, resultando em fezes mais amolecidas.

É importante lembrar que na avaliação das fezes dos animais, além da avaliação de consistência, onde temos os escore de 1 a 5, outras características também podem e devem ser avaliadas, como:

  • Cor;
  • Presença de sangue, muco, bolhas e grãos;
  • Odor.

Identificando a acidose ruminal

Quanto a essas características, é importante avaliarmos a presença de bolhas de ar nas fezes. Essa é uma característica de fácil visualização e de grande relevância. Bolhas são um sinal de alerta para a acidose ruminal, onde se tem a diminuição do pH do rúmen devido ao aumento de ácidos graxos de cadeia curta, excedendo a capacidade de absorção ruminal.

Em casos de acidose subclínica, as fezes tendem a ficar mais amolecidas (geralmente escore 2) e com presença de bolhas. Já em quadros de acidose clínica, as fezes têm aspecto de diarreia (escore 1), muitas vezes com presença de muco e grande quantidade de bolhas.

Estima-se que de 10 a 15% dos rebanhos confinados sofrem com acidose, o que impacta de maneira significativa reduzindo a produção de leite e alteração na composição do leite (proporção gordura e proteína), entretanto, devido à dificuldade de diagnóstico, o acompanhamento do escore fecal é de suma importância e um grande aliado para a identificação do problema e também para que ajustes de manejo ou na dieta sejam feitos.

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Presença de grãos nas fezes

A presença de grãos nas fezes é outra característica que pode nos predizer algumas coisas. Se nas fezes há presença de grãos, indica que o milho está sendo pouco degradado e sendo eliminado nas fezes sem ter sido aproveitado.

Se os grãos estão sendo eliminados nas fezes, significa que a quantidade de amido metabolizado é menor do que a prevista na formulação da dieta, o que leva a maiores gastos e menor produção de leite.

Em casos assim, o processamento dos grãos deve passar por avaliação a fim de checar possíveis erros nesse processo e a dieta também pode ser reformulada buscando a utilização de fontes de amido com maior digestibilidade.

Diferença de coloração das fezes bovinas

Diferenças de coloração das fezes. Preta, escura, esbranquiçada e amarelada. Fonte: Agroceres Multimix

Diferenças de características físicas das fezes

Diferenças de características físicas das fezes: presença de grãos, bolhas, sangue e muco. Fonte: Agroceres Multimix

Considerações finais

Em resumo, o escore de fezes é uma ferramenta útil, prática e que pode facilmente ser incorporada à rotina da fazenda, o que contribui para uma abordagem integral na gestão da saúde e do bem-estar das vacas leiteiras, pois as características das fezes podem fornecer informações valiosas sobre o funcionamento do trato gastrointestinal e evidenciar possíveis problemas de saúde e também do manejo alimentar ou da dieta dos animais.

Por esses motivos, é essencial que se tenha uma avaliação regular e um monitoramento contínuo, pois dessa forma é possível ter o escore de fezes como um “feedback imediato” e assim tomarmos decisões em tempo real, evitando maiores danos aos animais e o impacto negativo sobre a atividade leiteira.

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Laryssa Mendonça

Julia Mattoso - Equipe Leite Rehagro

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