A criptosporidiose bovina ou diarreia neonatal é uma das principais doenças que acometem as bezerras leiteiras, trazendo consigo grande impacto no desenvolvimento dos animais, além de preocupação e perdas econômicas ao produtor.
Neste texto iremos abordar sobre o Cryptosporidium spp., um importante protozoário causador de diarreia em bezerras leiteiras. Discutiremos sobre o agente, sua forma de controle, manejos necessários e formas de prevenção.
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Agente causador e aspectos clínicos da criptosporidiose bovina
A criptosporidiose bovina, doença causada pelo protozoário Cryptosporidium parvum, consiste em uma infecção que ocorre por meio da via oro-fecal, através da ingestão de alimentos e água contaminados por oocistos esporulados do agente.
Quando ingerido, o oocisto esporulado se encista no epitélio intestinal, destruindo-o e causando atrofia das vilosidades. Como consequência, a absorção de nutrientes e eletrólitos se torna prejudicada, resultando em diarreia mal absorvida que pode ser agravada em desidratação quando não identificada e tratada a tempo.
Patógenos causadores de diarreia em bezerros jovens
Principais patógenos causadores de diarreia em bezerros.
Estudos sobre a transmissão natural da criptosporidiose entre vacas e seus bezerros relataram que as vacas eliminavam maior número de oocistos no momento do parto do que nos períodos de pré-parto e pós-parto. Desta forma, há evidências que a infecção dos neonatos ocorre no momento do nascimento.
Animais recém-nascidos infectados com C. parvum tendem a desenvolver diarreia profusa e aquosa, inapetência, letargia, desidratação e, em alguns casos, óbito. O início da diarreia ocorre em torno de 3 – 4 dias após a ingestão dos oocistos, durando aproximadamente 1 – 2 semanas.
Exemplo de diarreia de bezerros. (Fonte: Maria Cecília Rabelo, estagiária equipe Leite – Grupo Rehagro)
Os oocistos do Crypstosporidium são relativamente estáveis e resistentes no ambiente. Devido a este motivo, já podemos entender qual a importância da higiene do ambiente no controle deste agente infeccioso.
A desinfecção e o vazio sanitário são medidas essenciais para redução da carga de oocistos, além de que, em ambientes abertos, a incidência de radiação solar é uma excelente aliada para o controle do Crypstosporidium.
Como controlar e prevenir a criptosporidiose bovina
A eliminação de oocistos no ambiente ocorre entre 4 e 12 dias após a infecção e se torna desafiadora, pois esta forma infectante é resistente a maioria dos desinfetantes.
Medidas como a remoção frequente das camas e fezes do ambiente, realização de vazio sanitário nas instalações, além da utilização de produtos de desinfecção a base de dióxido de cloro, amônia e peróxido de hidrogênio se mostram eficientes e podem contribuir para a redução da carga de Cryptosporidium no ambiente.
Pequenas doses de oocistos podem resultar em infecções prolongadas com altas cargas parasitárias, devido ao fenômeno conhecido como autoinfecção. Nestas situações, o agente infeccioso se replica dentro do hospedeiro e ocasiona reinfecção diretamente, sem precisar sair do organismo do animal.
Esta ocorrência representa um dos motivos que favorecem a permanência do agente no rebanho, e, consequentemente, a sua disseminação em larga escala.
Falhas na higienização do ambiente e no manejo dos animais podem ocasionar surtos de diarreia por criptosporidiose bovina. Além disso, muitas vezes por falta de informação os produtores não administram o devido tratamento, ou o administram de forma errônea.
Também é importante salientar que muitas das perdas econômicas estão associadas ao uso abusivo e indiscriminado de antibióticos por parte dos criadores, por pensarem se tratar de diarreia bacteriana, ocasionando grande prejuízo econômico e, também, desenvolvimento de resistência bacteriana aos antibióticos utilizados.
Tratamento da criptosporidiose bovina
O medicamento de escolha para prevenção e tratamento da criptosporidiose bovina é a halofuginona. Seu efeito é criptosporidiostático, atuando sobre o ciclo do parasito impedindo a sua reprodução no hospedeiro.
O ideal é que o tratamento com a halofuginona seja feito por 7 dias consecutivos, observando-se como ponto positivo a redução da eliminação de oocistos e da duração da diarreia.
Assim como em qualquer outro medicamento, é importante se atentar para a dose recomendada – 2ml para cada 10 kg de peso vivo, uma vez ao dia, por via oral após a alimentação dos bezerros.
Os fabricantes da halofuginona não recomendam o seu uso em animais que apresentam sinais de diarreia por mais 24 horas, devido ao animal desidratado e comprometido ser mais susceptível à toxicidade do medicamento.
De forma geral, como medida profilática, o medicamento deve ser administrado até 48 horas após o nascimento e, como agente terapêutico, em até 24 horas após o início dos sintomas.
Considerações sobre a criptosporidiose
A higienização do ambiente e dos utensílios utilizados no aleitamento, além da realização de vazio sanitário nas instalações, são etapas essenciais para o controle e prevenção do Cryptosporidium.
Bezerras com criptosporidiose tendem a apresentar diarreia profusa que leva a uma rápida desidratação. A identificação precoce dos sinais clínicos e o tratamento sendo prontamente estabelecido asseguram menores riscos para as bezerras.
Além disso, a coleta de fezes para o diagnóstico laboratorial de criptosporidiose consiste em uma alternativa interessante para maior compreensão dos desafios da propriedade.
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Olá.
O Crytosporidium sobrevive a qual temperatura. No caso de cama de composto. Outra coisa, aprendi na faculdade que o cloro não é capaz de combater esse parasita, mas li aqui que pode ser usado sim. Fiquei na dúvida agora.