A florada do café é uma fase essencial do ciclo fenológico do cafeeiro, ocorrendo entre setembro e outubro, logo após as primeiras chuvas de verão. Nesse período, os botões florais, que se desenvolveram ao longo do último ano, se abrem, iniciando a formação dos frutos que serão colhidos na próxima safra.
Diversos fatores influenciam esse processo, como altitude, temperatura, disponibilidade hídrica, balanço hormonal, nutrição e fitossanidade da planta. Embora o produtor não possa controlar o clima, ele pode atuar na nutrição e na sanidade da lavoura para favorecer a florada e maximizar a produtividade.
Estágios do desenvolvimento floral do cafeeiro arábica. Fonte: Lopez et al (2021).
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Doenças pós-colheita e o papel da pulverização pré-florada do café
Após a colheita, o cafeeiro pode ser afetado por doenças como Phoma (Phoma tarda) e mancha-aureolada (Pseudomonas syringae pv. garcae). Esses patógenos aproveitam os ferimentos causados durante a colheita como porta de entrada para a infecção.
Além disso, outro agravante são as temperaturas mais amenas registradas entre junho e agosto, que favorecem a proliferação dessas doenças, especialmente em regiões de maior altitude, onde há maior acúmulo de ar frio e ventos intensos.
Produtos indicados na pulverização pré-florada do café
O controle dessas doenças é desafiador, tornando o manejo preventivo a melhor estratégia, o que pode ser feito na aplicação de pré-florada.
Nesse contexto, a utilização de fungicidas preventivos são recomendadas para o controle da phoma, enquanto bactericidas protetores são essenciais para a prevenção da mancha-aureolada.
Entre os fungicidas, destacam-se as estrobilurinas, que atuam inibindo a germinação e a penetração do fungo. Já entre os fungicidas e bactericidas protetores, o oxicloreto de cobre (2 – 2,5 kg ha⁻¹) e o hidróxido de cobre (2 – 4 kg ha⁻¹) são amplamente utilizados, oferecendo proteção eficaz contra essas enfermidades.
Doença de Phoma causando mumificação de chumbinhos em cafeeiro arábica. Foto: Isaías dos Santos.
Pulverização pré-florada do café e a nutrição da planta
Do ponto de vista nutricional, manter a planta bem nutrida é fundamental para o desenvolvimento dos botões florais, o sucesso da florada e a redução do abortamento de frutos.
Nutrientes como cálcio e boro desempenham um papel essencial nesse processo, pois atuam na germinação do grão de pólen e no crescimento do tubo polínico. No entanto, por serem elementos imóveis no floema, devem ser fornecidos preferencialmente via solo, garantindo sua adequada absorção pelas raízes.
Por sua vez, nutrientes como nitrogênio, fósforo, potássio e magnésio contribuem para a produção de fotoassimilados, essenciais ao metabolismo da planta. Como são elementos móveis no floema, seu fornecimento via foliar nesse momento pode ser benéfico, pois serão absorvidos pelas folhas e translocados para estruturas reprodutivas conforme a demanda.
No entanto, é importante manter um balanço adequado entre todos os nutrientes, respeitando a Lei do Mínimo de Liebig, que destaca a importância do elemento presente em menor quantidade como fator limitante para o desenvolvimento da planta.
Folha após aplicação de fungicida – Arquivo próprio André Tossani
Época ideal para a pulverização pré-florada do café
A época da aplicação pré-florada deve ser definida conforme a finalização da colheita no talhão e o estágio de desenvolvimento fenológico da planta.
Em regiões mais quentes, onde o ciclo do cafeeiro é acelerado e a florada ocorre mais cedo, a aplicação pode ser realizada entre julho e agosto.
Já em áreas de clima mais frio, o desenvolvimento das plantas é mais lento, permitindo que a aplicação se estenda até meados de setembro.
Conclusão
A pulverização pré-florada do café é uma estratégia essencial para garantir o máximo potencial produtivo da lavoura. A aplicação correta de fungicidas, bactericidas e nutrientes promove o equilíbrio nutricional, reduz perdas por doenças e assegura melhores condições para o pegamento da florada e o desenvolvimento dos frutos.
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