Rehagro Blog

Como utilizar corretamente a pasta cáustica para mochação de bezerras?

O processo de mochação de bezerros leiteiros é muito comum nas fazendas em todas as regiões do país. Essa prática compreende-se em remover as células queratogênicas produtoras de chifres em bezerros, com idade inferior a dois meses, sendo que, nessa fase os brotos dos chifres ainda não se fundiram ao crânio.

Nesse texto iremos tratar sobre a utilização da pasta cáustica para mochação, evidenciando os principais cuidados a serem tomadas, a importância da utilização de medicações analgésicas e anestésicas e também a forma correta de aplicação da pasta a fim de evitar causar problemas às bezerras. 

Mochação para segurança e eficiência no manejo de bezerros

Os animais na fase adulta com a presença de cornos, podem oferecer risco à segurança dos colaboradores da fazenda, dificultar o manejo e aumentar agressões dentro do grupo. Com isso, a prática de mochação foi criada com a finalidade de facilitar o manejo dos bovinos na fase adulta, visto que os chifres desses animais não chegarão a se desenvolver.

Além disso, os animais que têm a presença de cornos desenvolvidos na fase adulta, podem ter seu valor comercial reduzido, o que não é de interesse do produtor.

Estrutura anatômica de localização dos chifres em bovinos

Estrutura anatômica de localização dos chifres em bovinos. Fonte: Cartilha online – Criação sustentável de bovinos leiteiros.

 

Curso Gestão na Pecuária Leiteira

Técnicas de mochação

A técnica mais comum no Brasil é a mochação com uso de ferro candente, ou ferro quente, como mais conhecido. Além dessa técnica, temos a mochação realizada com o uso de pastas cáusticas e o método de abscisão, o qual se refere ao procedimento cirúrgico de retirada dos cornos.

Todas as formas citadas anteriormente, quando não realizadas adequadamente, ou seja, sem o uso de medicamentos, causam significativa dor aos animais, o que afeta diretamente o bem-estar dos mesmos.

Impactos da mochação inadequada

Sabemos que a dor provoca danos ao desenvolvimento do animal, e destes podemos citar:

  • Queda de imunidade;
  • Diminuição de apetite;
  • Diminuição da produtividade;
  • Impactam de forma negativa no sistema de produção em curto e longo prazo.

Importância do uso de anti-inflamatórios após a mochação

A fim de diminuir a dor aguda que o procedimento de mochação ou descorna pode causar ao animal, se torna essencial a utilização de práticas de analgesia ou anestesia, onde as drogas mais comuns de serem utilizadas pertencem a três classes:

  1. Anti-inflamatórios;
  2. Opióides;
  3. Anestésicos locais.

É importante destacar que o uso de anti-inflamatórios tem a função de supressão de componentes do processo inflamatório, sendo também a principal ferramenta de tratamento da dor.

Após o procedimento de mochação é necessário que seja utilizado anti-inflamatórios que possuam ação analgésica, pois somente os anestésicos locais não são suficientes para garantir a redução da dor após a mochação.

A decisão de usar anti-inflamatório deve levar em consideração o bem-estar dos animais e também seguir as melhores práticas de manejo.

Obrigatoriedade da anestesia local

A anestesia local se tornou obrigatória pela Resolução n°877, de 15 de fevereiro de 2008, do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), onde além de garantir o bem-estar, também facilita o manejo.

Hoje, o anestésico local mais utilizado é a Lidocaína (2 ou 5%), sendo aplicada próximo ao nervo cornual para que ocorra a insensibilização do nervo e consequentemente a impercepção da dor. É importante que a aplicação seja feita no local correto e obedeça o tempo de ação do anestésico.

Imagem mostrando a localização do nervo cornual e a aplicação de anestésico local.

Imagem demonstrando a localização do nervo cornual e a aplicação de anestésico local para insensibilização. Fonte: Cardoso (2014); Farmers Weekly (2012).

Estudos já demonstram os benefícios da analgesia preemptiva, ou seja, a aplicação de pré-mochação que auxilia no desconforto e dor pós-mochação.

A associação de analgesia e anestesia antes da realização do procedimento tem demonstrado melhora nos comportamentos de dor pelos animais e também maior ganho de peso no período posterior.

Entretanto, é importante que a técnica de mochação escolhida seja executada por uma pessoa treinada, visando melhor e mais rápida recuperação do animal, de forma que não afete seu desenvolvimento.

E-book criação de bezerras leiteiras

Como realizar a mochação com a pasta cáustica?

A mochação com pasta cáustica, se trata de um procedimento, onde a aplicação é exclusivamente no botão cornual.

  • Primeiramente é necessário que a medicação seja realizada (anestésico local e analgésico), considerando que os anestésicos locais demoram em média 10 minutos para agir;
  • Logo em seguida, a tosa dos pelos locais e aplicação da pasta sobre o botão: uma forma de evitar lesões na pele é a criação de uma barreira de contenção, com o uso de pomada à base de bálsamo.

Aplicação de pasta cáustica

Aplicação de pasta cáustica sobre o botão cornual. Fonte: Cartilha online – Criação sustentável de bovinos leiteiros.

O produto deve ser aplicado em quantidade adequada, pois em caso de aplicação em excesso, irá favorecer que o produto escorra e provoque lesões na pele e até mesmo nos olhos do animal.

Além disso, no caso da utilização da pomada de bálsamo para contenção, a pasta cáustica não deve jamais ultrapassar essa barreira, para que dessa forma não atinja a pele e cause danos.

Essa forma de cauterização química, causa elevados níveis de cortisol por em média 6 horas, entretanto, quando comparado aos outros métodos de mochação, causa dor por um período de tempo menor, o que é favorável para a bezerra.

Em resumo, alguns cuidados importantes devem ser tomados quando se utiliza a pasta cáustica para a mochação, e dentre eles podemos ressaltar:

  • Quanto mais jovem melhor;
  • Use medicamentos para controle da dor;
  • Não use muita pasta;
  • Mantenha a pasta seca;
  • Aplique apenas uma vez.

Como todos os processos relacionados a criação de bezerros, o cuidado com as boas práticas nos sistemas de produção, devem estar presentes e vem sendo crescentes na sociedade.

O consumidor tem cada dia mais acesso a informação, dessa maneira, suas exigências aumentam, e as propriedades que promovem o bem-estar de seus animais em toda cadeia produtiva, geram mais valor ao produto final.

Melhore seus resultados na produção de leite!

Quer saber como aumentar seus lucros na produção de leite? Então, venha conhecer o Curso Gestão na Pecuária Leiteira do Rehagro.

As aulas são 100% online e você pode participar de qualquer lugar do Brasil. Com encontros online ao vivo, você fica frente a frente com os professores para tirar suas dúvidas. Além disso, há suporte dedicado a você ao longo de todo o curso.

O conteúdo é prático e aplicável à sua realidade, com foco na melhoria dos seus resultados.

Ficou interessado? Clique no link abaixo e conheça!

Banner Curso Gestão na Pecuária Leiteira

 

Laryssa Mendonça

Amanda Lourenço

Comentar