Pelo grande volume utilizado nos últimos anos, os herbicidas se destacam como defensivos muito importantes na obtenção de alta produtividade em grandes áreas, sendo uma alternativa eficaz e economicamente viável.
Mesmo com o aumento da oferta de herbicidas aplicados em pós-emergência, grande parte das aplicações de herbicidas ainda é realizada diretamente no solo, em pré-emergência ou em pré-plantio incorporado.
A intensidade, a época e o efeito residual de herbicidas aplicados no controle de plantas daninhas têm efeito direto e relevante no potencial produtivo das culturas.
Esse controle é importante devido à competição das plantas daninhas com as culturas por fatores indispensáveis à expressão de seu potencial produtivo, como água, luz e nutrientes.
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Desafios ambientais na utilização de herbicidas pré-emergentes
O herbicida ideal seria aquele que efetuasse o controle de plantas daninhas com a maior eficiência possível e logo depois se dissipasse sem deixar vestígios e sem ocasionar nenhum dano ao ambiente, cumprindo assim também o seu segundo objetivo.
Devido à elevada utilização de herbicidas pré-emergentes nos cultivos agrícolas brasileiros, tem-se observado maior preocupação quanto à contaminação do ambiente e à utilização racional dos recursos hídricos e do solo.
Entre os efeitos diretos percebidos pelos produtores estão os sintomas de intoxicação e a redução de produtividade das culturas, ocasionados por herbicidas de ação residual.
Sua permanência e degradação no solo são processos-chave na determinação do seu efeito residual, sendo fundamentais para avaliar a eficiência de controle das plantas daninhas.
Herbicidas e Soja RR®
No Brasil, a liberação oficial da soja RR® que confere a resistência ao herbicida glyphosate deu-se no ano de 1998. A partir da legalização, a soja RR® passou a ser amplamente cultivada pelos agricultores, sendo sua adoção considerada a mais rápida da agricultura mundial.
Como a inserção do evento biotecnológico da resistência ao glyphosate favoreceu o manejo das plantas daninhas em soja, este também foi introduzido no milho, sendo oficializado o comércio de milho RR® no Brasil em 2008, no entanto, sua aceitação por parte dos agricultores foi menor em relação a da soja.
Inicialmente os motivos da baixa adesão do milho RR® foi o fato de ainda haver opções de herbicidas eficientes para o manejo das plantas daninhas em milho, o maior custo das sementes com a tecnologia RR®, e a possibilidade de plantas voluntárias de milho RR® serem originadas em cultivos subsequentes, tornando-se plantas daninhas importantes, principalmente em sistema de cultivo em que a soja é cultivada após o milho RR®.
No cultivo da soja RR® em sucessão ao milho RR® é caracterizado o problema técnico. As sementes de milho que restam sobre a área germinam no cultivo da soja, infestando-a e criando uma competição interespecífica para cultura naquele momento.
Dessa maneira o milho presente torna-se planta indesejada e de difícil manejo, com potencial de reduzir em até 69,9% a produtividade da cultura da soja.
Nessas situações é intitulado comumente como milho voluntário RR®, milho tiguera, restevas braba e/ou milho guaxo, em que se opta por alternativas de controle pós-emergência através de herbicidas graminicidas.
Plantas voluntárias de milho RR® emergidas em lavouras de soja não são controladas pelo glyphosate, sendo os herbicidas inibidores da enzima Acetil Coenzima A Carboxilase (ACCase) as alternativas adequadas para pós-emergência.
Entretanto, há variabilidade na eficiência de controle dentre os herbicidas inibidores da ACCase para gramíneas, e tendo em vista que a competição do milho na fase inicial do desenvolvimento da soja é determinante para o nível de dano na cultura.
Classes de herbicidas pré-emergentes na cultura da soja
O uso de herbicidas pré-emergentes na cultura da soja já é conhecido como ferramenta ideal para reduzir o grau de infestação das plantas daninhas de difícil controle ou com histórico de resistência ao glyphosate.
Nessa modalidade de manejo destacam-se herbicidas como: chlorimuronethyl e imazaquin, inibidores da enzima acetolactato sintase (ALS); flumioxazin e sulfentrazone, inibidores do Protoporfirinogênio Oxidase (PROTOX/PPO), apresentando diferentes mecanismos de ação e propriedades químicas.
Essa classe de herbicidas requer cuidados por se tratar de produtos intitulados “técnicos”, em relação a sua dinâmica e interação com o solo. Portanto, programas de manejo que contemplem o uso de herbicidas pré-emergentes no controle de milho voluntário RR®, são de suma importância para a sustentabilidade e produtividade da cultura da soja.
Os herbicidas residuais são aqueles que apresentam um maior período de atividade. Entretanto, esses herbicidas podem apresentar um efeito residual (carryover), que pode acarretar impacto ambiental negativo. Efeito residual é a habilidade que um herbicida tem para reter a integridade de sua molécula e, consequentemente, suas características físicas, químicas e funcionais no ambiente.
O potencial de carryover depende do herbicida utilizado, da cultura em sucessão e das condições ambientais após a aplicação de herbicidas. O planejamento da sucessão de culturas deve ser criterioso para evitar este problema, sendo que a situação ideal deve ser o controle com efeito residual até o “fechamento” da cultura.
Aplicação dos herbicidas pré-emergentes
O consecutivo incremento da área de plantio do milho segunda safra, após o cultivo de verão, torna-se de grande importância investigar a possibilidade de aparecimento de carryover dos herbicidas aplicados na cultura da soja, como é o caso do imazaquin.
Diante disso, Rodrigues & Almeida (1998) recomendam um intervalo de 300 dias entre a aplicação do imazaquin e a semeadura do milho em rotação. O herbicida imazethapyr, do grupo das imidazominonas (mesmo grupo do imazaquin), tem a persistência influenciada por propriedades do solo como o pH, a textura, a umidade e o teor de matéria orgânica.
Para a realização da aplicação de herbicidas em pré-emergência é imprescindível o monitoramento das condições do ambiente. A condição recomendada para a realização da aplicação é de temperatura do ar abaixo de 30°C, umidade relativa do ar (UR) superior a 50% e a velocidade do vento deve estar entre 3 e 10 km/h.
No entanto, muitas vezes durante o dia, principalmente no verão, as condições atmosféricas são desfavoráveis. Desse modo, em determinadas situações, como para a aplicação de herbicidas em pré-emergência da soja onde o alvo principal é o solo, aplicações noturnas podem ser realizadas.
Para compreender o comportamento dos herbicidas no solo e utilizá-los de maneira racional, é de fundamental importância a escolha dos produtos e suas respectivas dosagens para mistura ou aplicação isolada.
Deve-se tomar o devido cuidado quanto ao tipo de solo e clima nos quais serão utilizados, assim como entender o motivo dos problemas ocorridos e prevenir falhas de controle.
Desse modo, reduz-se o risco do impacto ambiental que o efeito residual (carryover) possa vir a causar, além de minimizar problemas de fitotoxicidade e perdas em culturas subsequentes.
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