Em sua propriedade já houve casos de gestações gemelares e isso foi motivo de uma grande comemoração? Espere um pouco!
Gestações gemelares em diversas espécies são motivos de alegria, porém em vacas de leite, muitas das vezes não é algo desejado.
A ocorrência de freemartinismo é um dos motivos que ilustra a situação, já que desejo animais reprodutivamente aptos na propriedade. Outro ponto importante é em relação a saúde da vaca, que pode ser bastante afetada pela ocorrência de gêmeos.
Vamos abordar diversos conceitos acerca da gestação gemelar, desde a fisiologia do evento até os impactos negativos no meu rebanho e possíveis medidas cabíveis nessa situação.
Fisiologia da gestação gemelar
Existem dois tipos principais de gestação gemelar: monozigótica e dizigótica.
Gêmeos monozigóticos, também conhecidos como gêmeos idênticos, surgem quando um embrião se divide espontaneamente no início do desenvolvimento. Já os gêmeos dizigóticos, chamados de gêmeos fraternos, ocorrem quando dois oócitos diferentes são fecundados.
A gestação gemelar monozigótica ocorre com pouca frequência em fêmeas bovinas e o principal mecanismo da gestação gemelar nas vacas leiteiras é a dupla ovulação.
Com o aumento da produção de leite ao longo dos anos, consequentemente os animais aumentaram o consumo de matéria seca, o que gerou um aumento no fluxo sanguíneo hepático, diminuindo os níveis de progesterona circulante.
Um baixo nível de progesterona durante o ciclo, causa um atraso na redução do hormônio folículo estimulante (FSH) e aumento dos pulsos do hormônio luteinizante (LH), podendo ocorrer divergência folicular de mais de um folículo, gerando uma dupla ovulação.
Outros fatores de risco potenciais para gemelaridade incluem:
- Fatores hereditários em linhagens de raça;
- Paridade;
- Estação de concepção;
- Gemelaridade anterior;
- Doença do ovário cístico;
- Uso de somatotropina;
- Uso de GnRH;
- Uso de PGF2um;
- Terapia intra uterina.
Relação entre ingestão de matéria seca e concentrações de progesterona circulantes no sangue.
Vaca de alta produção (53.0 Mcal/d – ingestão de matéria seca dia) apresenta um fluxo sanguíneo hepático de 2000 L/h, enquanto uma vaca de baixa produção (12.5 Mcal/d – ingestão de matéria seca dia) apresenta um fluxo sanguíneo hepático de 900 l/h. Com o maior fluxo sanguíneo hepático, há baixa concentração de progesterona circulante e maior ocorrência de múltiplas ovulações.
Quais são os riscos e os impactos para a saúde das vacas?
Estudos mostram que o nascimento de gêmeos pode trazer alguns riscos para a saúde da vaca, como aumento na incidência de distocia, retenção de placenta, metrite e aborto.
O risco de perda da gestação durante o período embrionário tardio e fetal inicial em vacas que carregam gêmeos é de três a nove vezes maior do que em vacas que carregam bezerros únicos.
Isso pode causar sérios danos ao animal, baixa fertilidade e produtividade. A expectativa de vida produtiva média foi cerca de 300 e 200 dias menor para vacas primíparas e secundíparas que deram à luz gêmeos, respectivamente, do que para vacas que deram à luz filhotes únicos.
Além disso, do ponto de vista econômico, gestações gemelares não são vantajosas para o produtor, devido a possibilidade de casos de freemartinismo (gestação de um macho e uma fêmea, na qual a fêmea nasce estéril), onde em um sistema de produção de leite não desejável, já que essa fêmea não se reproduz e consequentemente não entra em lactação.
Já nos casos que nascem duas fêmeas, pode-se pensar que é algo vantajoso, devido ao número de animais, porém estudos mostram que esses animais apresentam menor produtividade no futuro e piores índices reprodutivos.
Como diagnosticar a gestação gemelar?
O diagnóstico de gestação gemelar pode ser realizado através da ultrassonografia, a partir de 28 dias de gestação. Como a maioria das gestações gemelares em vacas leiteiras são dizigóticas, a presença de dois ou mais corpos lúteos é a comprovação desse evento, como também a própria imagem de dois conceptos.
A partir do diagnóstico é possível algumas intervenções para controle. Há estudos que trazem métodos para a redução de gêmeos em vacas com 28 a 40 dias de gestação, que consistem no esmagamento manual da vesícula amniótica ou a sucção guiada por ultrassom transvaginal do líquido alantoamniótico.
Vale ressaltar, que essas intervenções podem acarretar em alguns problemas para o animal, como a perda da gestação. Então é importante avaliar qual a melhor decisão para cada caso e tomar decisões informadas.
Como reduzir os riscos de gestações gemelares?
A redução do risco de gestações gemelares está relacionado à genética dos animais.
A escolha de touros com características genéticas relacionadas a baixa concepção de gêmeos reduz a probabilidade de gestações gemelares. Como também seleção de matrizes com menores índices de gemelaridade, descartando aquelas que apresentam predisposição a esse evento.
Outro fator importante no controle de risco de gemelaridade, é o uso de biotecnologias reprodutivas como transferência de embrião e fertilização in vitro, no qual é possível controlar a quantidade de conceptos por animal.
Conclusão
Por fim, é visível como as gestações gemelares podem ser prejudiciais ao sistema de produção e escancaram a busca pela diminuição desse índice na propriedade.
Os sistemas de produção cada vez mais buscam pela eficiência, seja ela produtiva ou financeira e como discutimos as gestações gemelares podem trazem impactos produtivos consideráveis, como menor produtividade e fertilidade das matrizes, justificando a despretensão que deve ser considerada nesse evento.
Dessa forma, selecionar geneticamente bem os progenitores e realizar o uso de biotecnologias reprodutivas vão auxiliar na melhora desse índice e na eficiência produtiva da atividade.
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Autor: Luiz Eduardo de Melo – Equipe Leite Rehagro
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