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Lavoura de trigo

Ferrugem no trigo: prevenção e manejo do fungo causador

O trigo está sempre entre os cinco cereais mais produzidos no mundo. Isso evidencia sua importância, mas o sucesso não se baseia apenas na comercialização dos grãos, mas também de seus derivados, como a farinha.

O trigo no Brasil também tem grande destaque. No entanto, o clima e outras condições adversas acarretam em baixo volume de produção, o que acaba não atendendo ao consumo interno, nisso, cresce a demanda por importações do cereal.

Nosso clima tropical, por vezes, cria uma atmosfera desfavorável, como alta umidade ou chuvas em época de colheitas e muitos grãos acabam germinando mesmo na espiga! Essas condições climáticas, podem favorecer a ocorrência de doenças fúngicas, como a ferrugem, que trataremos neste artigo.

 

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Considerada uma cultura de inverno, o trigo é atualmente cultivado nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná (porque juntos detêm cerca de 90% da produção total), Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais. São poucos os Estados produtores, porque a cultura exige condições bem específicas, como temperaturas amenas, o que não é facilmente observado no país.

Assim, conduzir eficientemente o manejo nas lavouras é fundamental para a obtenção de uma produção que seja representativa a ponto de suprir as demandas internas do mercado. Com isso, é possível manter bons preços não apenas nos grãos, mas também nos produtos alimentícios à base de trigo.

Prevenção e manejo da ferrugem no trigo

O manejo adequado da lavoura é um dos métodos mais eficientes para a melhora na qualidade do grão e, consequentemente, maior produtividade.

Um dos principais pontos a se trabalhar é o bom manejo fitossanitário, controlando de forma correta e sustentável as plantas daninhas, pragas e doenças. Afinal, há várias doenças, principalmente as fúngicas favorecidas pelo nosso clima e algumas podem até causar micotoxinas no trigo.

Nesse sentido, este artigo tem como objetivo auxiliar na correta identificação de uma das principais doenças, que afeta a cultura do trigo, além de apontar condições climáticas favoráveis para o seu desenvolvimento e formas de controle.

Uma das principais doenças capazes de causar grandes prejuízos aos triticultores em praticamente todas as regiões produtoras, é a ferrugem da folha do trigo, causada pelo fungo (Puccinia triticina).

Esta doença pode ser observada em todos os estádios de desenvolvimento da cultura, desde a emergência até a maturação, e as perdas em rendimentos de grãos podem chegar a 63%, dependendo das condições climáticas, severidade, suscetibilidade do cultivar e virulência da raça do patógeno.

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Condições climáticas favoráveis para ocorrência da ferrugem da folha do trigo

A dispersão dos esporos deste fungo é favorecida pelo vento, e a ocorrência da doença por condições de temperatura, as quais podem variar entre 15 e 20 °C, e elevada umidade relativa do ar.

Sobre diferentes temperaturas e período de molhamento foliar, o período de infecção deste patógeno pode mudar. Relata-se que, para condições de temperatura de 10ºC, o período de molhamento foliar deve ser de 10 a 12 horas contínuas, porém, quando a 20ºC, o período cai para 3 horas contínuas.

É possível perceber que existe uma grande dependência entre esses dois fatores para que a doença ocorra na lavoura. Portanto, o produtor deve ficar em alerta para essas condições, monitorando diariamente a previsão do tempo para garantir um controle efetivo nas áreas.

Identificação da doença a campo

A ferrugem é caracterizada pelo aparecimento de pústulas de formato ovalado, com esporos de coloração variando de amarelo-escuro a marrom-avermelhado, encontradas sobre a superfície foliar.

Na imagem a seguir, é possível observar essas pústulas ovaladas na folha, na cor característica de ferrugem, como citado no parágrafo anterior.

Ferrugem na folha do trigoFonte: EMBRAPA

Sobrevivência do patógeno na lavoura

O fungo Puccinia é considerado biotrófico, ou seja, significa que ele apenas sobrevive parasitando algum hospedeiro vivo, principalmente tigueras de trigo presentes na lavoura.

Devido à sua sobrevivência, as folhas de trigo não são levadas à senescência, portanto. Assim, com o aumento de sua incidência sobre o tecido vegetal, a fotossíntese é afetada e consequentemente, a produtividade também.

Escala diagramática da ferrugem da folha

Como essa doença afeta bem a cultura do trigo, é necessário proceder a uma avaliação da lavoura e isso ocorre por meio de amostragens das folhas. É preciso definir uma quantidade representativa de toda a área e isso vai de caso a caso.

De acordo com a literatura, se for obtido 10-15% de incidência (presença) do fungo, pode-se optar em fazer o controle químico.

Outra forma de monitorar esta doença é através do uso da escala diagramática, criada para auxiliar na avaliação da incidência e severidade do patógeno e na eficiência de controle utilizado.

Escala de severidade da ferrugem na folha do trigoFonte: ALVES et al., (2015)

A imagem acima mostra, de forma esquematizada, a escala de severidade da doença na folha, indo de 0,1% a 95%, que é o grau máximo de severidade desse fungo na cultura.

Métodos de controle da ferrugem da folha do trigo

Para se obter um manejo eficiente da ferrugem da folha do trigo deve-se integrar os seguintes pontos:

  1. Uso de cultivar resistente – esse método é bastante eficaz, relativamente barato, seguro e mais consistente, já que é uma ação preventiva;
  2. Eliminação de plantas voluntárias, especialmente tigueras de trigo, ainda mais se for em regiões do Sul, onde a janela de plantio é bem extensa – nesse caso, é uma medida quase preventiva também, já que essas plantas voluntárias e a tigueira são hospedeiras desse fungo;
  3. Tratamento de sementes – também é uma medida preventiva e eficaz, pois permite uma maior proteção às plantas e possibilita a redução de uma operação de pulverização;
  4. Controle químico com uso de triazóis e mistura de triazóis com estrobilurina – nesse caso já é uma medida de intervenção, quando a lavoura já está implantada e foi constatado a presença e a avaliação mostrou-se necessária essa intervenção;
  5. Rotação de culturas – de certa forma, também é uma medida preventiva, porém a longo prazo, pois esta prática evita a permanência da doença na lavoura e sucessivamente.

Agora você sabe bem a importância de avaliar a severidade da ferrugem da folha no trigo, e seu grande impacto sobre a produtividade.

Apesar da ferrugem ocasionar perdas significativas nessa cultura, sua principal doença é a Giberella zeae, encontrada em 60% dos levantamentos em campo e que, se não controlada, permanece nos restos culturais e pode comprometer a próxima safra! Então, fique atento!

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Alessandro Alvarenga

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