O edema de úbere se trata de um distúrbio no metabolismo dos animais, considerado como não infeccioso, bastante frequente em vacas produtoras de leite.
Essa desordem é caracterizada pelo acúmulo excessivo de fluidos no espaço intercelular na região do úbere, ocorrente no período periparto, devido à alta vascularização natural da glândula mamária e está intimamente ligado a saúde, bem-estar e lucratividade da fazenda leiteira.
O úbere desses animais afetados se apresenta inchado, com sensibilidade ao toque e com aumento de temperatura, isso em decorrência da inflamação causada no local. Os locais de acúmulo de líquido incluem o teto, úbere, umbigo e em alguns casos extremos podemos observar esse edema nas pernas e na vulva.
Nesse artigo iremos discutir sobre como o edema de úbere acontece, evidenciando os principais mecanismos que levam esse distúrbio, principalmente nas primíparas.
Além disso, vamos entender melhor quais são os impactos que isso pode trazer ao animal e quais são as formas práticas de prevenção.
Por que o edema ocorre?
O edema de úbere é considerado um distúrbio comum, entretanto, as causas certeiras do edema de úbere não são totalmente claras, porém, sabemos que pode ocorrer quando as concentrações de lipídios e lipoproteínas diminuem devido ao comprometimento da função hepática ocasionado pelo baixo consumo de matéria seca (CMS) na fase de transição.
Acontece também essa retenção de líquido, em consequência de infecções como mastite, o que favorece o aparecimento de edema, entretanto, quando se trata de edema fisiológico o mesmo não tem nenhuma relação com causas infecciosas, embora os animais acometidos apresentam comportamentos negativos semelhantes aos observados nos casos de mastite, como a redução do tempo de repouso e maior sensibilidade do úbere e tetos ao toque.
Outro fator que está interligado ao edema de úbere, são os problemas circulatórios e as mudanças hormonais. Somado a isso, pode-se considerar também o estresse oxidativo, alterações fisiológicas em novilhas, genética, nutrição e até mesmo superlotação e o estresse térmico.
Imagem de um animal próximo a data do parto apresentando edema de úbere, o qual já é possível ser observado na região do umbigo. Fonte: Laryssa Mendonça
Alterações fisiológicas na primíparas
Quando uma novilha está em fase de transição, ou seja, se aproxima de seu primeiro parto, alterações fisiológicas vão ocorrer mesmo que o seu sistema mamário já esteja definido, pois nesse momento final da gestação ele irá passar por uma fase de desenvolvimento significativa.
Nessas primíparas, de forma fisiológica a demanda de sangue para o desenvolvimento da glândula mamária é o grande precursor do edema de úbere.
Isso ocorre pelo fato de que a veia abdominal subcutânea, conhecida como veia do leite em vacas adultas, não está presente nesses animais mais jovens.
As novilhas possuem uma veia epigástrica cranial e uma veia epigástrica caudal, as quais irão se fundir nos últimos estágios de gestação dando origem então a veia abdominal subcutânea, a qual é a grande responsável por permitir o aumento na quantidade de fluxo sanguíneo da glândula mamária.
Por termos a necessidade de aumento do fluxo sanguíneo para o desenvolvimento da glândula mamária, o sistema linfático, juntamente com a pressão hidrostática e a pressão osmótica podem não ser eficientes para drenar o excesso de líquido do tecido mamário.
O desequilíbrio das pressões irá levar a incapacidade de drenar, o que leva ao acúmulo do fluido nos tecidos intersticiais, resultando no edema de úbere.
Quais os impactos na saúde e produtividade das vacas?
O edema de úbere pode afetar negativamente a saúde das vacas e, como resultado, afeta sua produtividade.
Animais entrando na primeira lactação, geralmente têm algum edema de úbere nos dias que antecedem o parto e no dia do parto, e estudos já demonstraram que o edema intenso pode afetar a produção de leite, onde já foi relatado uma produção de leite no primeiro dia em lactação 3,6 kg menor nas vacas que tinham edema de úbere e isso ocorre devido ao acúmulo de líquido nos espaços teciduais.
Devido ao aumento da pressão fetal na região pélvica faz com que a circulação sanguínea e linfática seja prejudicada, resultando em acúmulo de líquido nos tecidos. Esse fluido leva a deterioração das estruturas de suporte do úbere, o que causa danos aos ligamentos suspensores e anexos e isso pode impactar até mesmo na fixação da unidade final da ordenha.
Além disso, pode ocorrer problemas secundários como dermatite na fenda do úbere e mastite (a qual pode ser causada pela remoção incompleta do leite devido à alta sensibilidade dos tetos e que interrompe a descida do leite) e também a atrofia dos tetos, além do descarte precoce do animal em casos mais graves.
Outro ponto importante é entender que em casos de edema de úbere, a ordenha torna-se uma experiência desagradável tanto para as vacas quanto para os colaboradores que executam a função, visto que vacas com edema no úbere demonstram maior comportamento de chutes durante a ordenha.
Em decorrência a todos esses fatores, o produtor terá prejuízos econômicos significativos com a diminuição de leite produzido e sua qualidade, mas também com os custos com medicamentos.
Como prevenir o edema de úbere nas vacas?
O edema de úbere pode ser um problema emergente que tem o potencial de afetar seriamente o bem-estar das vacas leiteiras.
Prevenir o edema de úbere em vacas leiteiras, especialmente em primíparas, envolve uma combinação de estratégias de manejo, nutrição e ambiente. Existem alguns métodos práticos para trabalharmos no controle do edema de úbere e dentre eles podemos citar:
- Fornecer uma dieta específica para novilhas no final da gestação.
- Selecionar linhagens genéticas que apresentam uma redução fenotípica do edema de úbere.
- Garantir que antioxidantes exógenos adequados, como a vitamina E, vitamina C, carotenoides e flavonoides sejam fornecidos na dieta para mitigar o estresse oxidativo.
- Monitorar de forma frequente as vacas no período de transição, em especial as primíparas, observando sinais precoces de edema, como inchaço e rigidez do úbere.
Para evitar esses problemas, o produtor deve trabalhar na prevenção contra o edema de úbere.
A gestão nutricional, de manejo e de saúde no período de transição são fundamentais para minimizar esse são tarefas que devem ser aplicadas em conjunto a fim de reduzir significativamente o risco do edema de úbere.
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