O consórcio milho (Zea mays) com braquiária (Urochloa spp.) tem como objetivos a produção de palha para a cobertura de solo, sistema adotado por produtores de grãos sob sistema de plantio direto (SPD), e produção de forragem para alimentação de animais, para produtores que visam a integração lavoura pecuária (ILP) com suplementação alimentar para o gado e resíduo de palha.
A diferença entre um objetivo e outro consiste na população e distribuição de plantas. Para formação de pasto é desejado maior população de plantas comparado a menores populações para produção da palha.
A sucessão soja/milho safrinha apresenta baixos níveis de cobertura do solo, principalmente nos meses de agosto a outubro, entre a colheita do milho e a semeadura da soja, provocando decomposição da palha produzida nas safras anteriores, redução nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo.
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Consórcio milho-braquiária no Brasil
No Brasil, o consórcio de milho com plantas de cobertura no outono/inverno é uma alternativa para elevar a quantidade de palha no sistema de produção e ciclagem de nutrientes, possibilitando maior retorno econômico.
Solos sob sistema de plantio direto necessitam de um aporte de 12 toneladas de palha por ano, o manejo de milho consorciado com braquiária pode proporcionar grande incremento de palha no sistema de produção.
Além disso, os benefícios dessa tecnologia têm a possibilidade de atingir todos os produtores rurais independentes do nível tecnológico adotado na fazenda, pelo aumento da produtividade das culturas e da sociedade como um todo pelos benefícios sociais e ambientais decorrentes do uso dessa prática agrícola.
Implantação do consórcio milho-braquiária
No consórcio de milho-braquiária tem sido adotada uma taxa de semeadura de 50 a 70 mil plantas por hectare de milho dependendo do desempenho do híbrido para cada região e de 7 a 15 quilos por hectare de braquiária, dependendo das condições edafoclimáticas da região.
A quantidade ideal de sementes de braquiária a serem utilizadas no consórcio deve ser calculada em função do valor cultural das sementes.
Sempre que possível deve adquirir sementes de empresas idôneas, registradas no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) e que contenham todas estas informações disponíveis na etiqueta colada à embalagem.
Taxa = (QS/VC) [kg/ha]
Onde:
- QS: quantidade de sementes kg/ha
- VC: valor cultural das sementes.
A semeadura da braquiária pode ser realizada antes, durante ou depois da semeadura do milho. A semeadura da forrageira deve ser posterior ao controle de plantas daninhas, para proporcionar a produtividade normal do milho e alta produção de forragem.
Em condições de safrinha deve ser semeada a braquiária na profundidade de 3 cm. Na distribuição superficial das sementes de braquiária, a germinação de plantas depende da intensidade de chuva após a semeadura e da movimentação superficial do solo pela operação de plantio.
O consórcio do plantio de milho com linhas intercaladas às linhas do milho apresenta maior eficiência para espaçamentos de 0,75 a 1,0 m entre linhas de milho, tendo em vista a produção de palha para cobertura do solo.
Essa modalidade pode ser realizada intercalando as linhas das semeadoras de milho, e adicionando discos de semeadura de braquiária.
Como forma alternativa pode ser plantado linhas intercalares de milho e realizar a semeadura da braquiária com semeadora de grãos pequenos.
Outra forma de cultivo do consórcio e a semeadura de ambos na mesma linha, que pode ser utilizado em cultivos de milho em espaçamento reduzido, tanto para a produção de palha quanto para a produção de forragem. Para esse plantio é utilizado uma terceira caixa para sementes de braquiária, e posicionadas a saídas das sementes juntamente com as sementes de milho.
O sistema de consórcio com braquiária em área total pode ser utilizado para cultivos de milho em espaçamento reduzido e normal, sendo indicado para produção de palha e para produção de forragem.
A diferença desta modalidade para a modalidade em linha é o posicionamento das sementes de braquiária, que neste caso é distribuída em área total.
Normalmente, as sementes da braquiária são distribuídas na superfície do solo antecedendo ou simultaneamente à semeadura do milho, e parcialmente incorporadas pela passagem da máquina durante o plantio.
Uso de herbicidas no controle de plantas daninhas e no travamento da braquiária
Um dos aspectos mais importantes que contemplam os sistemas consorciados diz respeito à redução da capacidade competitiva interespecífica das espécies cultivadas, no entanto, sem deixar de levar em consideração o controle integrado de plantas daninhas.
Em virtude desta complexidade, considera-se pequena a adoção de sistemas de cultivo de ILP, porém com grande capacidade de expansão.
Uma das mais difundidas formas de mitigar os efeitos indesejáveis da competição interespecífica entre a cultura do milho e as espécies forrageiras é o uso de herbicidas.
Graças ao baixo custo operacional, em função da utilização de subdoses, este procedimento visa regular o crescimento, garantindo supressão adequada da forrageira, sem, no entanto, causar perdas excessivas de produção de massa.
Um dos fatores limitantes para utilização desta técnica é a disponibilidade de herbicidas registrados para a cultura do milho que apresentem compatibilidade com o sistema, ou melhor, que sejam seletivos tanto para a cultura do milho quanto para as espécies forrageiras.
Um dos principais agravantes da utilização de herbicidas diz respeito à dose e ao estádio da forrageira no momento da aplicação, sendo indicado após iniciar formação do perfilho.
Relação de herbicidas mais utilizados e suas respectivas doses para aplicação em pós-emergência na cultura do milho em consórcio com forrageiras.
Aliar o manejo adequado das espécies forrageiras evitando a competição interespecífica entre as culturas do milho e as espécies forrageiras ao controle eficiente de plantas daninhas em consórcio, talvez seja o principal desafio da pesquisa na atualidade, já que nem sempre a dose adequada para limitar o crescimento e desenvolvimento da forrageira é a mesma necessária para o adequado controle da flora invasora.
Além disso, a baixa disponibilidade de técnicas e, principalmente de mecanismos de ação de herbicidas que se adéquam ao sistema de consórcio limita ainda mais a implantação do sistema.
Outro agravante é o crescente aumento no aparecimento de biótipos de plantas daninhas resistentes a herbicidas, dificultando a recomendação de até então utilizados, como atrazine e nicosulfuron.
A redução da população de plantas daninhas é outro benefício dos sistemas consorciados, sendo observados reduções significativas no banco de sementes de plantas daninhas no sistema de produção. Quando uma forrageira é utilizada como cobertura é adequadamente implantada e conduzida, os benefícios podem ser observados a longo prazo.
O consórcio milho-braquiária aumenta a massa total de resíduos e inibe a presença de plantas daninhas de difícil controle no ano de seu cultivo.
A reinfestação por buva ocorre após um ano sem consórcio e de capim amargoso após dois anos sem consórcio, porém em menores quantidades do que na sucessão soja-milho safrinha.
Dessa forma, tendo a braquiária integrada ao sistema de produção de grãos ou até mesmo ao ILP, possibilita a produção de alimentos com menor emissão de gases de efeito estufa, evitando o aquecimento global, principalmente por manter o solo coberto com vegetação o ano todo.
Lavoura de milho consorciada com braquiária.
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Gostaria de saber se esse tipo de consórcio tem como finalidade proporcionar proteção ao solo ou posso usar como pastagem na entre safra?
além de proteção e melhorias no solo a brachiaria servirá de pastagem pós colheita do milho.