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Fertilizante NPK: como fazer o cálculo de adubação para cafeeiros?

Os fertilizantes NPK são compostos por três nutrientes chamados macronutrientes primários: Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Potássio (K).

A adubação é um aspecto muito importante que influencia na produtividade da cultura. Nesse sentido, um fornecimento adequado dos nutrientes tem interferência direta em seu crescimento.

 

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Florada de cafeeiro adultoFlorada de cafeeiro adulto (Foto: Diego Baquião).

Nitrogênio (N)

Para calcular a demanda de nitrogênio para lavouras de café em produção, é utilizada a fórmula da ProCafé, que considera a produtividade esperada para as safras seguintes:

  • N (kg/ha) = (produção (em sacas por ha) x 2,6) + (próxima safra (em sacas por ha) x 3,6)

Nessa fórmula, a demanda de N é calculada com base na produção esperada em sacas por hectare naquele ano agrícola, multiplicada por 2,6. Esse valor é somado a produção esperada na safra seguinte, em sacas por hectare, multiplicada por 3,6.

A partir desse cálculo, temos como resultado a quantidade de nitrogênio que deverá ser aplicada naquela safra em quilos por hectare.

Exemplo: Se naquele ano agrícola a produção esperada é de 40 sacas/ha e na safra seguinte é de 25 sacas/ha, temos:

  • N (kg/ha) = (40 sacas x 2,6) + (25 sacas x 3,6) = 104 + 90 = 194 kg de N por hectare

Então, a demanda para essa lavoura é de 194 kg de Nitrogênio por hectare, que deve ser parcelada em pelo menos três adubações.

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Fontes de Nitrogênio

Após calculada a necessidade de nitrogênio por hectare e determinada a fonte a ser utilizada, faz-se o cálculo da quantidade de adubo nitrogenado considerando porcentagem de N em cada fonte.

Fontes de fertilizantes nitrogenadosTabela 1. Fontes de fertilizantes nitrogenados que podem ser utilizadas.

Após calculada a dose de nitrogênio necessária e escolhido o fertilizante a ser utilizado, faz-se o cálculo considerando a eficiência (aproveitamento) da fonte. Para a utilização da fonte ureia se considera uma eficiência de 70%, já para a fonte de nitrato de amônio se considera 90%.

Sintomas de deficiência de nitrogênio

Os sintomas de deficiência de nitrogênio aparecem em folhas velhas, com clorose (amarelecimento) generalizada.

Folhas com sintomas de deficiência de NitrogênioFolhas com sintomas de deficiência de Nitrogênio

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Fósforo (P)

Para recomendação de adubação com fósforo em lavouras de café, quando utilizado o extrator Mehlich 1, os técnicos trabalham com um intervalo entre o mínimo de fósforo no solo sendo 15 mg/dm>3 e um ideal de 25 mg/dm3. Para o extrator Resina é comum trabalhar com teores acima de 30 ou 40 mg/dm³ no solo.

A diferença entre os extratores Mehlich 1 e Resina é que o método de Mehlich 1 (ácido clorídrico + ácido sulfúrico) utiliza um extrator fortemente ácido. Dessa forma, esse método pode extrair o fósforo ligado ao cálcio, que não está disponível para as plantas.

Por isso, solos adubados com fosfatos de baixa solubilidade (como fosfatos naturais) e com a utilização desses extratores ácidos, é possível retirar quantidades de fósforo superiores àquelas consideradas disponíveis.

Além disso, em solos argilosos esse mesmo extrator pode subestimar os valores de P disponíveis, apresentando valores menores devido ao fato de os extratores serem mais desgastados nesses solos, quando comparados aos arenosos(Novais & Kamprath, 1979; Muniz at el., 1987).

Já o extrator Resina se fundamenta na premissa de simular o comportamento do sistema radicular das plantas na absorção de fósforo do solo (Raij, 1978). Esse processo gera a adsorção de P na solução nas cargas positivas da resina e, como consequência, há a remoção do P adsorvido na superfície das partículas do solo.

Dessa forma, a resina não superestima a disponibilidade de P em solos tratados com fosfatos naturais, como ocorre com os extratores ácidos.

Para elevar o nível de fósforo no solo, calcula-se com base na tabela de Souza et al. (2007) (Tabela 2.) Variando a quantidade de P2O5 com base no teor de argila e no extrator utilizado.

Por exemplo, um solo com teor de argila menor que 15%, é necessário 5 kg de P2O5 para elevar 1 mg/dm3 de fósforo, se utilizado o extrator Mehlich 1. Já se for utilizado o extrator Resina para o mesmo solo, é necessário a utilização de 6 kg de P2O5 para elevar 1 mg/dm3 de fósforo.

Tabela de teor de argila no soloTabela 2. Valores do fator CT (capacidade tampão de fósforo) para estimar a dose do adubo fosfatado, em função do teor de argila no solo, para os métodos de Mehlich 1 e resina.

Fontes de fósforo

Após calculada a necessidade de P2O5 por hectare e determinada a fonte de fósforo, faz-se o cálculo da quantidade de adubo fosfatado considerando porcentagem de P2O5 em cada fonte:

Tabela com fontes de fósforoTabela 3. Fontes de fertilizantes fosfatados que podem ser utilizadas.

Os sintomas de deficiência de fósforo aparecem inicialmente em folhas velhas, caracterizado por folhas verdes e sem brilho. Elas podem amarelecer e apresentar grandes manchas pardas ou violáceas na ponta e no meio.

Folhas de cafeeiro com sintomas de deficiência de FósforoFolhas com sintomas de deficiência de Fósforo

Potássio (K)

A recomendação de adubação para o potássio em lavouras adultas normalmente é trabalhada na manutenção com cerca de 120 mg/dm3 ou de 0,30 a 0,35 cmolc/dm3 no solo, adicionada a extração de potássio para produção e vegetação.

Cálculo para manutenção

Por exemplo, se o solo possui teor de potássio de 100 mg/dm3 e você deseja que ele tenha 120 mg/dm3 de potássio:

  • 120 mg/dm3 (quero atingir) – 100 mg/dm3 (tenho no solo) = 20 mg/dm3

20 mg/dm3 é o que eu preciso aumentar de potássio no solo, para que ele atinja 120 mg/dm3.

Em cmolc/ dm3 essa quantidade corresponde a: 0,05 cmolc/dm3 que preciso aumentar no meu solo (massa molar do potássio: 390).

Cálculo para manutenção de adubação NPK

Para aumentar 1 cmolc/dm3 é necessário 942 Kg de K2O por hectare:

Cálculo para manutenção de adubação NPK

Então, para que eu aumente 20 mg/dm3 ou 0,05 cmolc/dm>3 de potássio no meu solo eu preciso adicionar 47,1 Kg de K2O por hectare.

Cálculo para a extração

Para a produção é considerado 3,00 kg de K por saca e para vegetação 2,90 kg de K por saca. Considerando o mesmo exemplo do nitrogênio com produção esperada de 40 sacas/ha naquele ano agrícola e na safra seguinte de 25 sacas/ha.

  • K (kg/ha) = (produção x 3) + (vegetação x 2,9)
  • K (kg/ha) = (40sc x 3) + (25 sc x 2,9) = 120 + 72,5 = 192,5 kg de K2O por hectare

Dessa forma, é demandado para a produção e vegetação 192,5 kg de K2O por hectare.

Para a adubação com potássio soma-se a quantidade demandada de potássio para atingir o teor pretendido no solo + teor de potássio para a produção e para a vegetação.

  • 47,1 Kg de K2O/ha + 192,5 kg de K2O/ha = 239,6 kg de K2O/ha

Resultando em uma demanda de 239,6 kg de K2O/ha. De acordo com essa quantidade demandada de potássio, escolhe-se a fonte que será utilizada e faz o cálculo da quantidade de fertilizante com base na porcentagem de K2O da fonte.

Fontes de potássio

Após calculada a necessidade de potássio por hectare e determinada a fonte de potássio, faz-se o cálculo da quantidade de adubo potássico considerando porcentagem de K2O em cada fonte:

Tabela com fontes de fertilizantes fosfatadosTabela 4. Fontes de fertilizantes fosfatados

Das fontes citadas acima a mais utilizada é o cloreto de potássio devido ao seu menor custo quando comparado com outras fontes.

Sintomas de deficiência de potássio

Os sintomas de deficiência de potássio aparecem inicialmente em folhas velhas, sendo esse sintoma caracterizado por clorose com posterior necrose nos bordos e no ápice das folhas.

Folhas de cafeeiro com deficiência de potássioFolhas com deficiência de Potássio

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Larissa Cocato - Coordenadora de Ensino Café

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