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Ceratoconjuntivite infecciosa bovina

Ceratoconjuntivite Infecciosa Bovina: como proteger a saúde ocular do seu rebanho ?

A Ceratoconjuntivite infecciosa bovina (CIB) ou Pinkeye (Olho Rosa) como também é conhecida é uma doença ocular altamente contagiosa. Quando se trata de bovinos temos uma alta incidência entre animais de recria e vacas de produção, trazendo um alto prejuízo aos produtores.

É uma doença comum em sistemas de produção intensiva ou extensiva, sendo um desafio para a saúde animal e a produção de leite.

Nesse texto iremos abordar sobre a Ceratoconjuntivite infecciosa bovina, destacando os agentes etiológicos mais envolvidos e os principais sinais clínicos a depender da fase da doença.

Além disso, vamos destacar os principais fatores de risco para o desenvolvimento da doença, os impactos ocasionados na saúde, formas de prevenir e tratar o problema.

Qual o agente etiológico da doença?

A Ceratoconjuntivite infecciosa bovina (CIB) é causada principalmente pela Moraxella bovis, uma bactéria gram negativa comum a microbiota ocular bovina que é o maior causador de CIB.

Além desta bactéria temos outros patógenos, como a recentemente encontrada Moraxella bovoculi e Mycoplasma bovoculi, que, embora não tenham sido amplamente estudadas, já foram encontradas em amostras de animais doentes.

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Quais os sinais clínicos?

A doença é separada em fases ou estágios. Sendo:

Fase 1

Nesta fase observamos muito lacrimejamento (fator marcante da doença), blefarospasmo (piscar mais que o normal) e fotofobia. Por conta da inflamação o olho ou os olhos ficam esbranquiçados pela presença de líquido inflamatório, há presença de febre e dor.

Em consequência o animal pode ter dificuldade para comer e se os dois olhos estiverem afetados a movimentação tende a ser evitada.

Sinais clínicos da ceratoconjuntivite infecciosa bovina

Fonte: Kasimanickam, Ram e Parish, Steve (2011)

Fase 2

Após a aparição dos primeiros sinais clínicos, entre 24 a 48 horas irá começar o aumento da opacidade ocular que vai do centro à extremidade.

Ainda nesta fase, o entorno da córnea começa a ficar de cor rósea pelo aumento da vascularização no local e pela congestão dos vasos.

Bovino com sintomas de ceratoconjuntivite infecciosa bovina

Foto: Laryssa Mendonça

Fase 3

Nessa fase é normal o aparecimento de ulcerações no olho do bovino dentro de uma semana e intensificação das cores brancas chegando a ficar amareladas pela presença de fibrina oriunda lesão interna do olho.

Ceratoconjuntivite infecciosa bovina

Fonte: Kasimanickam, Ram e Parish, Steve (2011)

Fase 4

No período de 3 a 4 semanas após o início dos sinais, temos a fase de recuperação nos animais que resistiram à infecção.

Ao final desta fase fica uma cicatriz que pode ser mais evidente dependendo da gravidade da doença.

Ceratoconjuntivite infecciosa bovina

Fonte: Kasimanickam, Ram e Parish, Steve (2011)

 

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Quais os fatores de risco para o desenvolvimento da doença?

A CIB começa por vários fatores, sejam ambientais, contagiosos e genéticos.

Quando pensamos em ambiente precisamos entender que o olho é uma estrutura sensível e que pode ser afetada de diversas maneiras, sejam elas mecânicas ou não. De forma mecânica, através do contato com a córnea.

Como principais exemplos temos, atrito com folhagens como algumas invasoras espiculares e irritação intensa por poeira.

Além disso, dentro do ambiente, podemos destacar a exposição intensa da córnea à luz do sol ou mais especificamente a ultravioleta. Esta também pode causar irritação da córnea causando propensão ao desenvolvimento da CIB.

Quando falamos de fatores contagiosos no pinkeye precisamos estar atentos, pois é uma doença que se espalha muito facilmente na recria e nos animais de produção. A contaminação pode ocorrer de várias formas. Os principais são:

  • Pela secreção ocular, o que se dispersa no ambiente através de estruturas como canzis e fômites;
  • Por contato entre os animais;
  • Vetores como a mosca do estábulo (Stomoxys calcitrans) e a mosca doméstica (Musca domestica).

Esses vetores, quando pousam no olho ou na secreção dos animais doentes e pousam nos saudáveis, disseminam as bactérias causadoras através das patas ou do aparelho bucal, além de também causarem irritação.

O período do verão é um agravante para a incidência de mais casos no rebanho. Como citado anteriormente, o aumento da incidência de raios UV e a presença das moscas, comuns nesta época do ano, aumentam significativamente. Dessa forma, temos de ter atenção redobrada durante o verão.

O último fator a se destacar está relacionado à genética. Animais com característica de mucosa e coloração de pele mais clara ao redor dos olhos, como a raça Hereford, se apresentam mais susceptíveis desenvolver essa morbidade.

Quais os impactos na saúde e manejo dos animais?

A ceratoconjuntivite infecciosa bovina traz diversos problemas aos animais afetados e prejuízo ao produtor. O bezerro ou a vaca afetada passa por cegueira momentânea durante o período efetivo da doença, e em casos graves o animal pode perder a visão do olho afetado.

Durante o período da morbidade o bovino passa por um período de muito estresse por conta da dor intensa e a falta de visão. Dentre as consequências desse estresse, podemos citar:

Estudos já afirmaram que em bezerras próximas a desmama os resultados da perda de peso chegam a variar cerca de 7 a 15 kg comparados a animais saudáveis. Podendo possivelmente afetar o desempenho reprodutivo e produtivo do animal.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico desta doença pode ser feito através de ronda sanitária observando os sinais clínicos (lacrimejamento, ulceração e inflamação ocular).

Uma forma de diagnóstico preciso seria realização de cultura com swab para identificar especificamente qual o agente causador de CIB no rebanho, ajudando no tratamento mais apropriado.

Como é feito a prevenção e tratamento?

Para prevenir a ocorrência de casos na sua propriedade alguns cuidados devem ser tomados.

  • Manejo ambiental: É importante que haja controle de plantas invasoras na pastagem, sendo roçadas para evitar acidentes e dispersão de pólen que também pode causar irritação ocular nos animais mantidos no sistema a pasto. O controle da poeira também é importante. Buscar cascalhar a região ao redor das vacas ou molhar nas épocas com mais poeira. A necessidade de sombra ou formas das vacas e bezerros se esconderem do sol é importante para evitar a agressão dos olhos por raios UV, principalmente na época do verão.
  • Controle de vetores: Para evitar a presença de moscas a higiene do ambiente é importante, pensando principalmente no acúmulo de matéria orgânica que é um atrativo para as moscas. Utilizar armadilhas, repelentes e inseticidas são práticas que contribuem para minimizar a presença e reprodução das moscas e consequentemente reduzir a transmissão da doença.
  • Vacinação: Temos vacinas para prevenir casos de CIB nas fazendas, sendo elas comerciais e autógenas, as quais podem ser incluídas nos programas de imunização do rebanho.

Quanto a eficiência dessas vacinas, existem estudos divergentes. Entretanto, trabalhos já demonstraram que a incidência da doença foi levemente menor em animais vacinados com a vacina autógena, mostrando um melhor desempenho e segurança ao produtor.

Gráfico demonstrando porcentagem de animais incidentes com CIB após o tratamento vacinal com as 3 opcões de vacina

O gráfico acima demonstra a porcentagem de animais incidentes com CIB após o tratamento vacinal com as 3 opcoes de vacina, Autogena comercial e a Sham vaccine, que foi aplicado o grupo de animais controle como placebo. Neste grafico observamos que embora a diferença seja caracterizada baixa ainda temos um melhor resultado com a vacina autógena. Fonte: HILLE, Matthew M. et al. (2022)

As opções de tratamento após o início da doença contam com o uso de antibióticos e anti-inflamatórios.

Bases antimicrobianas como as pertencentes das famílias das oxitetraciclinas, cefalosporinas, dos beta-lactâmicos como a penicilina e dos aminoglicosídeos como a gentamicina se mostraram efetivos contra as bactérias do gênero Moraxella spp.

A via de administração utilizada deve ser de acordo com a apresentação do medicamento, sendo: intramuscular, subconjuntival (entre o olho e a pálpebra no caso de medicamento no formato de pasta) ou subcutâneo.

Além disso, é importante o isolamento dos animais afetados visando a prevenção da propagação da doença no rebanho.

Considerações finais

A ceratoconjuntivite infecciosa bovina é uma condição que requer atenção no manejo dos bovinos leiteiros, devido ao seu impacto na saúde ocular e na produtividade do rebanho.

A prevenção por meio do controle de vetores, boas práticas de manejo e a vacinação é considerada a melhor estratégia para evitar surtos e assim minimizar prejuízos econômicos da propriedade.

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Luan Paiva - Equipe Leite Rehagro

Laryssa Mendonça

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