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Frutos do café após colheita

Tipos de colheita de café: como determinar o melhor?

O período reprodutivo do cafeeiro é a fase mais aguardada pelo cafeicultor, é quando são colhidos os frutos de todo esforço e cuidado. O produto principal do café são seus frutos, que devem ser retirados da planta e esse processo é chamado de colheita.

Existem diferentes tipos e sistemas de colheita do café, cada um deles possui características positivas e negativas. E é sobre isso que este texto abordará!

 

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Sistemas de colheita do café

A colheita pode ser realizada de forma manual, semimecanizada e mecanizada. A determinação de qual o melhor sistema irá depender da mão de obra disponível, declive do terreno, escala de produção, e com o objetivo da propriedade.

Colheita Manual

O sistema de colheita manual consiste na derriça dos frutos com as mãos.

Características positivas

  • Pode ser utilizada na cafeicultura de montanha;
  • Pode ser utilizada em lavouras de primeira e segunda safra;
  • Possibilita a colheita seletiva;
  • Gera empregos;
  • Quando feita com pessoas experientes e cuidadosas pode depauperar menos as plantas.

Características negativas

  • Custo elevado;
  • Menor rendimento e, consequentemente, maior tempo de colheita;
  • Maior número de pessoas sob a responsabilidade da fazenda.

Colheita manual de café

Colheita manual. Foto: Joana Oliveira

Colheita Semimecanizada

No sistema de colheita semimecanizada são utilizadas derriçadoras portáteis, manejadas manualmente, que provocam a vibração e queda dos frutos.

A colheita semimecanizada apresenta basicamente as mesmas características da colheita manual, porém, tem rendimento maior. Ela não possibilita a colheita seletiva e não é recomendada em lavouras de primeira e segunda safra, pois pode causar maior depauperamento das plantas.

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Colheita Mecanizada

A colheita é realizada a partir de máquinas colhedoras.

Características positivas

  • Menor custo de colheita;
  • Maior rendimento;
  • Possibilita antecipar a colheita e realizá-la de forma mais seletiva de acordo com as regulagens de vibração, freio, velocidade e número de varetas;
  • Menor número de pessoas sob a responsabilidade da fazenda.

Características negativas

  • Utilizada apenas em áreas com declividade menor (não é empregada na cafeicultura de montanha) e exige espaçamentos e alinhamento de plantio adequados;
  • Alto custo inicial para aquisição da colhedora;
  • Em caso de regulagens inadequadas pode depauperar a lavoura.

Colheita mecanizada de café

Colheita mecanizada. Foto: Joana Oliveira

Tipos de colheita de café

Colheita plena

No Brasil, apesar da desuniformidade na maturação dos frutos e devido ao número de floradas, ainda é possível realizar a colheita plena, que é a derriça completa dos frutos da planta, mesmo em diferentes estádios de maturação.

Assim, em todos os sistemas de colheita é possível fazer a colheita plena. Quando se trata da colheita manual e semimecanizada, que geralmente é feita apenas uma derriça completa, contudo, é recomendado que ocorram no momento de maior uniformidade de maturação, com o mínimo possível de grãos verdes, pois o café colhido verde perde na qualidade e no rendimento.

Já na colheita mecanizada, quando temos máquinas bem reguladas e período de colheita adequado, é possível colher grande quantidade de frutos cereja e esperar até que os frutos verdes remanescentes cheguem no estádio de maturação para realizar o repasse.

A maioria dos cafeicultores realiza esse tipo de colheita, principalmente, pela redução dos custos com essa prática.

Frutos do café após colheita plena

Foto: Joana Oliveira

Colheita seletiva

Na colheita seletiva, somente os frutos com maturação fisiológica completa, os denominados grãos cerejas, são colhidos. Essa prática visa, principalmente, alcançar o máximo potencial de qualidade dos cafés.

Dessa forma, é possível realizar a colheita seletiva no sistema manual e mecanizado. No manual, os frutos são selecionados a dedo e a avaliação da maturação é feita visualmente por sua coloração, o que aumenta a precisão.

No mecanizado, a colheita seletiva é feita por meio da regulagem da colhedora, são elas:

  • As varetas da parte inferior da colhedora são retiradas, visto que no terço médio inferior das plantas de café a maturação é mais lenta, pela menor incidência de radiação solar;
  • Maior velocidade da colhedora;
  • Redução das vibrações e da tensão dos freios dos cilindros.

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Nesse sentido, outra forma de regular a colhedora é pela metodologia proposta pelo Prof. Dr. Fábio Moreira da Silva – UFLA, chamada Índice Moreira.

Nessa metodologia a vibração deve ser dividida pela velocidade (i=vibração/velocidade). Assim, para colheita seletiva o índice i deve estar entre 0,5 e 0,7 e para colheita plena o índice deve estar entre 0,8 e 1,0.

Exemplo:

i = 700 vibração/ 1000 m/h    = 0,7 (Colheita seletiva)

Isso proporcionará baixa quantidade de grãos verdes desprendidos da planta, colhendo em sua maioria os grãos secos e cereja que têm maior facilidade de desprendimento.

Assim, deve ser observada a maturação ao longo dos dias, para determinar o melhor momento para realizar novas derriças nessas lavouras.

Frutos do café após colheita seletiva

Foto: Joana Oliveira

Qual o melhor método?

A melhor colheita é aquela que se adapta às condições e realidades de cada propriedade. Dessa forma, para avaliar e determinar a melhor opção, é preciso levar em consideração:

  • Fase da lavoura: lavouras até segunda safra são mais sensíveis e, geralmente, ainda não atingiram o porte ideal para a colheita mecanizada. Assim, na sua maioria a colheita é feita manualmente até a segunda ou terceira safra. Em lavouras bem formadas e desenvolvidas, porém, já é possível realizar a colheita mecanizada em lavouras de primeira safra, com mini colhedoras especializadas. A atenção, contudo, deve ser ainda maior para manter as regulagens adequadas.
  • Condições da lavoura: espaçamento, alinhamento, arquitetura e declividade: para possibilitar a colheita mecanizada a lavoura deve ter bom espaçamento (espaçamentos adensados impossibilita a colheita mecanizada), alinhamento correto das plantas, boa arquitetura (plantas entouceiradas, ou seja, com muitos brotos pode inviabilizar esse sistema de colheita), e declividade de até 20% (variando para mais ou para menos de acordo com o tipo de colhedora).
  • Disponibilidade de terreiro e/ou secadores: a colheita mecanizada demanda espaço em terreiro e/ou secadores, visto que o volume diário colhido é maior em comparação a colheita manual ou semimecanizada. Dessa forma, é preciso calcular a relação entre o volume de colheita e disponibilidade de locais para secagem.
  • Capital para investimento: a aquisição de colhedoras exige alto investimento inicial, assim é importante avaliar o custo/benefício e impacto dessa aquisição.
  • Mão de obra e/ou aluguel de colhedora disponível: verificar se na região possui mão de obra disponível ou colhedoras para alugar.
  • Carga da lavoura: em lavouras com carga muito baixa e com carga pendente alta para a próxima safra, deve se atentar na escolha da colheita, pois a colheita mecanizada com regulagens inadequadas pode não tirar os frutos do pé, e ainda depauperar a lavoura, prejudicando a safra seguinte.
  • Qualidade: como abordado anteriormente, a colheita manual e a mecanizada, permitem a seleção dos frutos cerejas, o que auxilia na obtenção de lotes com qualidade superior.

Conclusão

Com isso, entendemos que para determinar a melhor opção de colheita é preciso avaliar alguns fatores e encaixá-los à realidade de cada propriedade.

Deve-se levar em consideração a manutenção das lavouras, o custo, os objetivos da propriedade, a disponibilidade de ferramentas ou mão de obra, dentre outras.

Sabe-se que a colheita, seja ela mecanizada, manual ou semimecanizada, irá gerar certo estresse nas plantas. Assim, a colheita antecipada pode ajudar na recuperação da lavoura e na produção da safra seguinte. Para isso, é imprescindível ter planejamento e ferramentas prontamente disponíveis no período de colheita.

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Larissa Cocato - Coordenadora de Ensino Café

Joana Oliveira

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