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Silagem de capim

Silagens alternativas: como beneficiam os custos e a sustentabilidade na produção leiteira?

Na pecuária leiteira, garantir uma dieta equilibrada e nutritiva é essencial para a saúde e produtividade dos animais. Os alimentos volumosos desempenham um papel fundamental na saúde ruminal e na redução da incidência de doenças metabólicas.

Além disso, eles são fontes de energia, uma ferramenta para manter o Escore de Condição Corporal (ECC) dos animais e a viabilidade econômica da produção.

Dada a importância desses alimentos na dieta dos ruminantes, é importante que a produção de volumosos seja feita na propriedade para reduzir custos e evitar os possíveis desafios associados à compra de forragem de terceiros, que pode ter qualidade incerta e exigir um armazenamento complexo, que pode resultar em perdas significativas da forragem conservada.

Nesse texto iremos discutir sobre as três principais fontes de silagem alternativa visando a redução no custo de produção, destacando quais as suas maiores vantagens e suas limitações. Além disso, vamos trazer um comparativo quanto custo da matéria seca das três opções.

Como escolher a melhor silagem alternativa para o seu rebanho?

A silagem é uma das formas mais comuns de volumoso usada na alimentação dos ruminantes. A técnica de ensilagem conserva a forragem em condições anaeróbicas, promovendo o desenvolvimento de microrganismos que garantem a preservação do alimento.

No entanto, considerando que a alimentação representa cerca de 70% dos custos totais na produção leiteira e que o volumoso frequentemente constitui a maior parte da dieta do animal, torna-se interessante explorar alternativas para otimizar os custos.

Neste contexto, vamos apresentar no decorrer deste texto algumas opções de silagens alternativas que podem atender à demanda por fibra de forma mais econômica e eficiente e dentre elas podemos citar:

  1. Silagem de Sorgo;
  2. Silagem de Capim;
  3. Silagem de Cana-de-açúcar.

Cada uma dessas opções oferece diferentes benefícios e desafios. Um fator importante a considerar para determinar sua viabilidade é a categoria de animal e suas exigências nutricionais, pois este fator determina a quantidade de concentrado a ser utilizado para atender as demandas nutricionais de cada grupo de animais.

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Por exemplo, vacas secas, novilhas e vacas no final da lactação têm necessidades nutricionais menores e podem ser bem atendidas pela dieta composta por estas silagens alternativas sem a necessidade de incrementar grandes quantidades de concentrados e com o menor risco de aumentar o ECC desses animais.

Por isso, avaliar como cada silagem se ajusta às necessidades desses grupos pode otimizar a eficiência alimentar e reduzir os custos com alimentação.

Dentro dessa situação, os alimentos volumosos, especialmente as silagens, são primordiais para assegurar a saúde e a produtividade dos ruminantes. No entanto, dependendo das condições locais e da demanda por forragem, pode ser necessário explorar alternativas à tradicional silagem de milho.

Sendo assim, analisamos três opções que podem ajudar a reduzir custos e melhorar a eficiência da sua propriedade.

Silagem de sorgo

Vantagens

  • Adaptabilidade: O sorgo é altamente produtivo em condições de baixa umidade e solos com menor fertilidade. Isso o torna uma excelente opção para regiões com restrições hídricas ou terrenos menos férteis.
  • Rebrota: O sorgo permite o uso da rebrota, o que pode reduzir os custos de implantação ao permitir mais de uma colheita a partir da mesma área plantada.
  • Versatilidade: Pode ser ensilado de várias formas, incluindo planta inteira, panículas, grãos reconstituídos ou secos, proporcionando flexibilidade no manejo e na adaptação às necessidades nutricionais dos animais e as condições da propriedade.

Limitações

  • Ataques de pássaros: O sorgo pode ser vulnerável a ataques de pássaros, principalmente maritacas, o que pode reduzir a quantidade e a qualidade da forragem produzida.
  • Processamento: A colheita do sorgo exige atenção especial, especialmente no processamento dos grãos, para evitar problemas que podem comprometer a qualidade da silagem.

Silagem de capim

Vantagens

  • Facilidade de manejo: Espécies de capim como BRS capiaçu, Brachiaria e Panicum são perenes e relativamente fáceis de manejar, o que pode descomplicar o trabalho na propriedade.
  • Menor exigência nutricional: quando comparado com o milho, o capim em sua maioria, necessita de menos tratamentos de cultura, devido a menor vulnerabilidade a doenças.
  • Flexibilidade de uso: o capim pode ser usado como pasto, capineira, silagem ou feno, oferecendo várias opções para o manejo e armazenamento. Como aproveitar o excedente da forragem do período das águas para realizar o armazenamento.

Imagem da produção de silagem de capim

Imagem da produção de silagem de capim. Fonte: Ouro Fino.

Limitações

  • Produtividade e cortes: Para atingir alta produtividade, é fundamental realizar vários cortes durante o ciclo de crescimento. Isso pode requerer mais serviço e planejamento.
  • Problemas com umidade: O corte direto pode resultar em alta umidade (~80%), levando à produção de efluente e fermentação indesejada, o que causa perdas na qualidade do volumoso.

Silagem de cana-de-açúcar

Vantagens

  • Alto potencial de produção: A cana-de-açúcar oferece um elevado potencial de produção de matéria seca (cerca de 40 toneladas/ha) e valor nutritivo satisfatório; > 35% CNF (carboidratos não fibrosos) e < 50% de FDN(Fibra em Detergente Neutro).
  • Redução de trabalho: quando comparada ao fornecimento de cana fresca, a silagem reduz a necessidade de cortes diários, melhora o manejo agronômico dos talhões e diminui o risco de incêndios no canavial.

Limitações

  • Desempenho das colhedoras: Algumas colhedoras têm desempenho limitado, baixa vida útil e dificuldades no processamento da forragem.
  • Ciclo e fermentação: A cana-de-açúcar propaga-se por mudas e tem um ciclo semi-perene. Apresentar fermentação alcoólica, resultando em perdas de matéria seca e o consumo de açúcares acarreta o aumento da concentração de fibra.

Comparativo dos custos da matéria seca

A estimativa do custo médio da matéria seca da silagem de BRS Capiaçu, considerando-se três colheitas/ano, é de R$130,85/tonelada.

Essa quantia é cerca de 57% inferior ao custo de produção da silagem de milho, 42,3% da cana-de-açúcar e 43,7% do sorgo. Isto corresponde à alta produtividade da BRS Capiaçu, a silagem produzida com este capim apresenta menores custos de produção por hectare, conforme podemos observar na tabela abaixo:

Tabela com custo de produção da matéria seca e de nutrientes das silagens

Custo de produção da matéria seca e de nutrientes das silagens de BRS Capiaçu, milho, cana-de-açúcar e sorgo. Fonte: Embrapa Gado de Leite, 2018.

Entretanto, vale ressaltar que para categorias de animais de alta produção, há uma preocupação maior com a composição e perfil fermentativo dos nutrientes destes volumosos a fim de não limitar fisicamente o consumo destes animais e restringir sua produção.

Conclusão

Explorar silagens alternativas pode ser uma estratégia eficaz para reduzir custos e melhorar a eficiência na pecuária leiteira.

Com os alimentos volumosos representando uma parte significativa dos gastos com alimentação, devido a seu maior incremento na dieta, considerar opções como silagem de sorgo, capim e cana-de-açúcar oferece possibilidades para otimizar recursos e ajustar a produção às condições específicas da sua propriedade.

Ao avaliar essas opções, é necessário considerar suas características individuais e como elas se alinham com as demandas e condições da sua propriedade. A escolha da silagem mais adequada pode promover uma economia significativa e garantir que os animais recebam uma dieta adequada.

Com uma análise cuidadosa das condições individuais da fazenda e das oportunidades da propriedade e do mercado, aliados a uma implementação eficaz, você pode alcançar uma produção mais sustentável e econômica, aproveitando ao máximo os recursos disponíveis e mantendo a saúde e a produtividade do rebanho.

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Gabriel Martins - Equipe Leite Rehagro

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