Nesta série de artigos vamos discutir a apresentação do Prof. Bill Weiss na conferência “Four State Dairy Nutrition and Management Conference” realizada em Junho de 2024 no estado de Iowa nos Estados Unidos, onde a chamada para o assunto era a alimentação de vacas para que se atinja altos picos de produção de leite.
O objetivo aqui é discutir os pontos importantes que foram apresentados pelo pesquisador complementando com dados da literatura.
Qual a relação entre pico de produção, produção total de leite na lactação e condição corporal?
No início da apresentação o Prof. Bill Weiss mostra a alta correlação entre picos de produção e produção de leite em toda a lactação. Ou seja, maiores picos determinam maiores produções na lactação.
O pesquisador aponta os seguintes pontos importantes para se obter altos picos:
- Vacas devem parir sadias;
- Vacas devem parir com adequada condição corporal (CC);
- Deve-se busca evitar desordens metabólicas no início de lactação;
- Deve-se manter o grau de mobilização de reservas corporais em um nível aceitável.
Neste último ponto ressalta a palavra aceitável, já que as fêmeas mamíferas sempre mobilizam uma certa quantidade de reservas corporais para alimentar a prole no pós-parto.
Dr. Weiss cita a importância da secagem e a parição com a condição corporal adequada. No primeiro estudo citado, ressalta o melhor desempenho de um grupo de vacas que tinham condição corporal entre 3,0 – 3,25 aos 21 dias antes do parto previsto.
Fonte: Zhao et al. 2019
O autor também cita um trabalho que demonstrou que vacas que pariram com uma condição corporal ≤ 2 e vacas que secaram com condição corporal ≥ 3 aumentaram a condição corporal até o parto produziram menos leite na lactação.
Vacas que secaram com condição corporal ≤ 3 e aumentaram a condição corporal ao parto produziram mais leite (Mishra et al.2016).
Pontos importantes para se obter adequada condição corporal a secagem e ao parto (3,0-3,5):
- Bons índices de eficiência reprodutiva no rebanho, evitando com que as lactações sejam longas demais e as vacas acumulem excesso de condição corporal em fases mais avançadas da lactação ou tenham longos períodos secos.
- Adequação dos níveis de energia da dieta para vacas em final de lactação e período seco.
Exigências de energia no pré-parto
Dr. Weiss discute também as exigências de energia e de carboidratos específicos para dietas no pré-parto. Ressalta que dietas com maior densidade energética, com maiores teores de amido e menores de FDN neste período produtivo estão associadas a:
- Aumento do consumo de matéria seca (CMS) pré-parto.
- Sem efeitos no CMS pós parto.
- A maioria dos estudos não mostram efeitos na produção de leite.
O autor cita o NASEM 2021 que na revisão várias pesquisas sobre o tema demonstraram que não existem benefícios de dietas com níveis moderados de amido no pré-parto para adaptar o rúmen para dietas ricas em amido geralmente presentes no pós-parto.
Por isso, um conceito bastante adotado na formulação de dietas no pré-parto é o de ingestão controlada de energia no qual consiste em evitar a ingestão de energia acima de 15 a 20% acima das exigências dos animais. Essas dietas geralmente possuem alta concentração de FDNf (FDN oriunda de forragem), sendo os valores de FDNf recomendados > 38-40% da MS.
Em relação aos níveis de proteína na dieta pré-parto, Dr. Weiss cita uma revisão de autores australianos (Lean et al. 2013) demonstrando pouco efeito do aumento de proteína bruta (PB) nas dietas de pré-parto no desempenho de vacas no pós-parto.
Dr. Weiss cita uma recente meta análise de pesquisadores da Flórida (Husnain e Santos, 2019) demonstrando que aumento do consumo de Proteína Metabolizável (PM) em dietas pré-parto (calculadas pelo modelo NRC 2001) não teve efeito na produção de leite de vacas multíparas, havendo somente um pequeno efeito positivo na produção de proteína em vacas com produção acima > 36kg/d).
O autor cita que a recomendação para vacas multíparas no pré-parto seria em torno de 12-13% de PB na MS ou em torno de 900 g/d de proteína metabolizável (PM).
Para nulíparas, o aumento no consumo de PM (g/d) de dietas pré-parto foi relacionado a aumentos na produção de leite corrigido para gordura e produção de proteína do leite de vacas na 1ª. Lactação.
A recomendação seria para esses animais em torno de 15% de PB na MS da dieta ou 1200 g/d de proteína metabolizável. Em caso de grupos mistos no pré-parto, é recomendado que as exigências das nulíparas sejam atendidas.
Considerações finais
- Secar e parir com condição corporal adequada é um ponto extremamente importante visando maiores picos de produção de leite. Recomendação é a condição corporal entre 3,0 e 3,5.
- Evitar o consumo excessivo de energia no pré-parto é uma boa estratégia visando melhor perfil metabólico e menor resposta inflamatória no pós parto! Recomendação: dietas com concentração de FDNf – > 38 – 40% da MS.
- Alimentar níveis adequados de proteína bruta/proteína metabolizável em vacas e novilha no período pré-parto. Para multípara (12-14% de PB na MS; PM por volta de 900g/d). Para nulíparas (~15% de PB na MS, consumo de PM por volta de 1200 g/d) e em casos de grupos mistos, formular dietas visando atender as recomendações para nulíparas.
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Referências
- Weiss, W. 2024. Feeding cows to reach heiger Peaks. Anais: Four-State Dairy Nutrition and Management Conference. 2024. http://fourstatedairy.org/proceedings.html.
- Zhao, W., X Chen, J Xiao, XH Chen et al. 2019. Prepartum body condition score affects milk yield, lipid metabolism, and oxidation status of Holstein cows. Asian-Australas J Anim Sci.;32(12):1889–1896. doi: 10.5713/ajas.18.0817.
- Husnain, A., & Santos, J. E. P. (2019). Meta-analysis of the effects of prepartum dietary protein on performance of dairy cows. Journal of dairy science, 102(11), 9791-9813.
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