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Lavoura de trigo

Doenças do trigo: conheça as principais e saiba como fazer o manejo correto

A ocorrência e intensidade de doenças na cultura do trigo, são afetadas pela variedade de ambientes existentes no Brasil.

Em sua grande maioria, as doenças são causadas por fungos, embora enfermidades causadas por bactérias e vírus também possam causar danos importantes.

Devido ao cenário de diversidade de ambientes na qual a cultura do trigo tem sido cultivada, se torna mais difícil a viabilização de sistemas padronizados de controle, resultando em uma condição no qual o efeito local se apresenta como grande importância no manejo de doenças.

As principais doenças do trigo

1. Giberela

Agente causador: Gibberella zeae. A principal forma assexuada do patógeno é Fusarium graminearum

Sintomas: Os sintomas iniciais são observados nas aristas, que desviam do sentido daquelas de espiguetas não afetadas. Posteriormente, aristas e espiguetas adquirem coloração esbranquiçada ou cor de palha. Em cultivares muito suscetíveis, os sintomas progridem para o pedúnculo, que adquire coloração marrom. Também podem ocorrer nas espigas sintomas similares aos da brusone.

Condições favoráveis: A giberela é extremamente influenciada pelo ambiente, cujas condições climáticas favoráveis são de frequente precipitação pluvial e temperaturas entre 20 °C e 25 °C.

Manejo: A giberela é uma doença de difícil controle. A integração de medidas de controle é a melhor estratégia para minimizar os prejuízos quantitativos e qualitativos por giberela.

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2. Brusone

Agente causador: Pyricularia oryzae

Sintomas: Aparecem em folhas, colmos e espigas, mas o dano mais significativo ocorre nas espigas.

Em lavouras de sequeiro no Cerrado brasileiro, com semeaduras precoces (realizadas antes de meados de março), a ocorrência de brusone nas folhas pode se configurar em um grave problema, a ponto de promover perda total da lavoura.

Condições favoráveis: plantas em estádio de espigamento, temperatura variando entre 24 ºC e 28 ºC e períodos constantes de chuva, com manutenção de alta umidade relativa.

Manejo: O controle químico de brusone na parte aérea das plantas de trigo se baseia no princípio de que a espiga deve estar protegida preventivamente à infecção do patógeno. A chuva que forma o molhamento necessário para iniciar a infecção. Vários experimentos de campo determinaram que fungicidas comerciais com mancozebe na sua formulação foram os de maior eficiência para controlar a brusone do trigo.

3. Mancha-amarela

Agente causador: Pyrenophora tritici-repentis

Sintomas: No início do desenvolvimento da doença, ocorrem lesões em forma de pequenas manchas de coloração marrom-bronzeada, que se expandem para manchas ovais ou em forma de diamante. Em volta das lesões é comum a ocorrência de um halo clorótico com um ponto mais escuro no centro da lesão.A doença é mais severa em folhas mais velhas, após a emissão da folha bandeira. A planta, entretanto, pode ser infectada e apresentar sintomas desde a emissão das primeiras folhas, ainda jovens. Essa infecção inicial ocorre, muitas vezes, pelo inóculo primário, presente nos restos culturais deixados sobre o solo, entre uma safra e outra.

Condições favoráveis: Em condições climáticas favoráveis, com chuva frequente e temperatura em torno de 25 °C, a doença prolifera para as folhas superiores.

Disseminação: É um fungo necrotrófico, ou seja, que sobrevive e se desenvolve sobre restos culturais.

Manejo: O uso de fungicidas é sempre uma boa alternativa, especialmente em condições meteorológicas favoráveis à ocorrência da doença. Muitas vezes, essas condições favoráveis são previsíveis.

Em anos de ocorrência do fenômeno “El Niño”, é esperado que os meses de setembro e de outubro sejam de temperaturas e de volume de chuvas acima da média normal, altamente favoráveis ao desenvolvimento e à dispersão do patógeno. Em anos assim, será necessário ao menos uma aplicação de fungicida, dependendo do clima e da cultivar utilizada.

O momento da aplicação é outro fator igualmente importante, que depende do momento da ocorrência da doença que, por sua vez, depende das folhas de trigo com sintomas de mancha-amarela.

Porções de folhas de trigo com sintoma de mancha-amarela coincidência entre clima favorável e cultivar suscetível. Considerando-se apenas uma aplicação para o controle dessa doença, dados de experimentos têm demonstrado que a ocorrência da doença durante o emborrachamento pode ser mais crítica para a cultura.

Uma possível explicação é que nessa fase há redução de área verde, devido às áreas necrosadas pelo patógeno, quando a planta mais precisa de fotoassimilados, que é o enchimento de grãos.

4. Ferrugem da folha

Agente causador: Puccinia triticina

Sintomas: Os sintomas ocorrem principalmente nas folhas como lesões elípticas, formando pústulas com uredosporos de cor alaranjada.

Condições favoráveis: O desenvolvimento da ferrugem da folha ocorre rapidamente a temperaturas entre 10 °C e 30 °C e, em condições favoráveis, com alta densidade de inóculo e em cultivares suscetíveis, os sintomas podem aparecer em outros tecidos verdes da planta.

Puccinia triticina sobrevive somente em tecidos vivos dos hospedeiros, mas os uredosporos têm vida relativamente longa e podem permanecer no campo, longe dos hospedeiros por várias semanas.

Disseminação: A disseminação dos esporos ocorre principalmente pelo vento.

Manejo: O uso de cultivares com resistência genética é a medida de controle mais eficiente e econômica. Para o controle químico tem sido realizada a aplicação de estrobirulinas e triazóis nos órgãos aéreos das plantas.

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5. Nanismo amarelo

Agente causador: Barley yellow dwarf virus – PAV

Sintomas: O sintoma mais evidente é o amarelecimento das folhas no sentido ápice-base. Os danos, porém, já iniciam quando o vírus é introduzido no sistema vascular da planta durante a alimentação dos afídeos. Pode ocorrer o escurecimento das espigas (confundido com outras patologias).

Disseminação: A transmissão ocorre por afídeos (pulgões), principalmente, Rhopalosiphum padi, do outono à primavera, e por Sitobion avenae, na primavera.

Manejo: O manejo inicia na escolha da cultivar. As cultivares disponíveis são suscetíveis ao vírus, mas variam em tolerância. Cultivares intolerantes podem perder mais de 60% do seu potencial produtivo.

O segundo passo é o manejo dos afídeos. Com a ação de inimigos naturais (parasitóides e predadores), as populações de afídeos não costumam atingir níveis que causem dano direto, mas causam danos pela transmissão do vírus, sendo necessária ação complementar com inseticidas.

Recomenda-se o Tratamento de Sementes (TS) com inseticidas sistêmicos que, em geral, dura até 30 dias após a semeadura.

6. Mosaico do trigo

Agente causador: Soil-borne wheat mosaic virus (SBWMV)

Sintomas: O longo período de sobrevivência do vetor no solo (superior a cinco anos) e a ampla gama de plantas hospedeiras, dificultam o controle desta virose de outra forma que não por meio da resistência genética.

Condições favoráveis: Os danos à produção costumam ser limitados às áreas da lavoura onde o vetor se concentra, mas sob condições de alta umidade, grandes áreas podem ser comprometidas.

Cultivares suscetíveis semeadas em áreas com inóculo, quando a precipitação pluvial mensal acumulada supera 200 mm, apresentam danos ao redor de 50% na produtividade de grãos.

Disseminação: O vírus é transmitido por Polymyxa graminis, microrganismo residente no solo e parasita obrigatório de raízes de plantas.

Manejo: Atualmente, há cultivares disponíveis com resistência, que podem ser empregadas em áreas com a doença.

7. Oídio

Agente causador: Blumeria graminis f. sp. tritici

Sintomas: A superfície das plantas, principalmente a folha, fica recoberta por micélio, conidióforos e conídios de aparência pulverulenta, com coloração branca quando jovem, ou cinza, quando envelhece.

Aparece principalmente em folhas inferiores, mas pode causar crestamento em folhas superiores, espigas e aristas de cultivares suscetíveis. Tecidos foliares infectados se tornam amarelados e, quando severamente atacados, as folhas colapsam e caem.

Disseminação: Oídio é um fungo biotrófico que se mantém, na entressafra, sobre plantas voluntárias e em restos culturais de trigo, sendo disseminado pelo vento.

A germinação, a infecção e a produção de novos conídios são completadas entre 5 dias e 10 dias, o que leva à ocorrência de muitos ciclos consecutivos da doença, principalmente entre 18 ºC e 22 ºC.

Em climas temperados, temperaturas muito baixas ou longos períodos de chuvas, no outono, retardam a epidemia.

Manejo: O uso de cultivares de trigo com resistência genética é a forma preferencial de controle. Como o fungo é variável, pode se tornar capaz de infectar cultivares consideradas resistentes em anos anteriores.

O controle químico via tratamento de sementes em cultivares suscetíveis é mais econômico do que pela aplicação de fungicidas nos órgãos aéreos.

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