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Plantação de trigo

Brusone no trigo: saiba como realizar um manejo eficiente da doença

O trigo pode sofrer com o ataque de diversas doenças, que podem afetar desde o início do seu desenvolvimento até o final de seu ciclo e sem o devido tratamento elas podem provocar perdas consideráveis.

Sendo assim, no cultivo dessa lavoura é muito importante saber identificar corretamente essas doenças, conhecer suas características e entender a biologia do patógeno envolvido. Com essas informações em mãos é possível tomar as melhores decisões para a proteção da lavoura.

Com quais doenças você já se deparou na cultura do trigo? Em qual fase de desenvolvimento da lavoura?

De todas as enfermidades do trigo, a brusone, chamada de branqueamento da espiga, é provavelmente a responsável pelos maiores prejuízos.

Causada pelo fungo Pyricularia grisea seus danos aparecem durante o espigamento da cultura. Quando sua infestação é alta e a eficiência de controle é baixa, as perdas podem chegar a 50% no rendimento de grãos.

Para conhecer melhor essa doença, fique atento aos pontos mais importantes sobre a brusone que trataremos a seguir.

Lavoura de trigo com brusone

Condições ambientais que favorecem a brusone

A ocorrência da doença é favorecida em condições de elevada precipitação pluvial, dias nublados e temperaturas variando entre 24 – 28°C. Locais onde o período de orvalho é longo, cerca de 15 horas, criam condições favoráveis à disseminação do patógeno, além de um período de 10-14 horas de molhamento sobre as espigas.

Os maiores danos com essa doença ocorrem quando as condições descritas coincidem com o período de desenvolvimento da lavoura, que vai do emborrachamento até o grão leitoso.

Uma das maneiras de gerenciar o risco da brusone é conhecer as características climáticas do local de cultivo, a época de florescimento da cultivar plantada e integrar essas informações à época de plantio da lavoura.

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Como ocorre a disseminação da doença?

A brusone pode sobreviver em sementes infectadas, hospedeiros secundários ou em restos culturais, este último pode ser considerada a principal fonte de inóculo do patógeno.

Seus esporos são pequenos e leves, facilmente dispersos pelo vento e podendo atingir áreas muito distantes da fonte de origem, parecido com o que ocorre com as ferrugens.

As plantas que podem ser hospedeiras alternativas da brusone são: milho, milheto, arroz, cevada e algumas gramíneas nativas.

Desta forma é importante observar a presença de plantas invasoras que podem hospedar o patógeno, bem como sucessão com plantas hospedeiras em áreas de ocorrência de brusone.

Principais sintomas da brusone

Os principais sintomas podem ser observados na espiga devido à sua descoloração, ela pode se tornar branca principalmente na sua metade superior (acima do ponto de infecção).

O principal ponto de infecção dessa doença na espiga é a ráquis, a qual uma vez infecta apresenta lesões escuro-brilhantes.

No campo é fácil identificar o patógeno, pois a espiga fica com uma coloração dupla, branco-palha acima da infecção e verde abaixo.

Em uma observação atenta da lavoura também possível identificar ocorrência de brusone nas folhas do trigo, causando lesões elípticas com margem de coloração marrom escuro e centro acinzentado. Os grãos nas espigas atacadas pela doença são menores e enrugados, isso ocorre devido à interrupção no fluxo de nutrientes a partir do ponto de infecção na ráquis.

Escala diagramática de brusone no trigoEscala diagramática de brusone no trigo. / Fonte: EMBRAPA Trigo, Maciel (2015)

Folha de trigo com brusoneFolha de trigo com sintoma de brusone. / Fonte: EMBRAPA

Como realizar o controle da brusone?

O controle da brusone é bastante difícil, o manejo mais eficiente deve integrar:

  • Janela de plantio: normalmente a doença se desenvolve menos nos plantios tardios;
  • Cultivares resistentes: há diferentes níveis de suscetibilidade nas cultivares comerciais;
  • Rotação de culturas: essa prática não evita a doença, mas ajuda a diminuir a quantidade de inoculo inicial, diminuindo sua incidência e o progresso da epidemia no campo;
  • Controle químico: uma das alternativas é o uso de fungicidas específicos em aplicação preventiva antes do início do espigamento, com uma segunda aplicação 10-15 dias após a primeira.

Um dos entraves no controle químico é a dificuldade de atingir o alvo da aplicação por conta das características das espiguetas de trigo, o que pode resultar em índices de controle não satisfatórios.

Para melhorar o manejo da brusone é necessário ficar atento às condições climáticas durante a fase reprodutiva da cultura, iniciar a aplicação de fungicida no final do emborrachamento e repetir a pulverização no florescimento (cerca de 15 dias após a aplicação anterior).

Nesse caso, uso de adjuvantes específicos contribui para aumentar a eficiência da aplicação.

Duas cultivares de trigoDiferença duas cultivares de trigo em relação à susceptibilidade a doenças. 

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Alessandro Alvarenga

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