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Cafeeiro com sintomas de deficiência de nitrogênio

Nitrogênio no café: funções, deficiência e cálculo de recomendação de adubação

O nitrogênio (N) é o nutriente mais exigido pelas plantas, e com o café não seria diferente. A absorção do nitrogênio pelas plantas é feita via: NO3 (nítrica – predominante em condições naturais), NH4+ (amoniacal), ureia.

O transporte desse elemento é feito via xilema, na corrente transpiratória.

O nitrogênio é um nutriente altamente móvel, dessa forma, os sintomas de deficiência ocorrem inicialmente nas folhas velhas.

 

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Absorção de nitrogênio x pH

O pH ácido inibe a absorção do NH4+ e favorece a do NO3, já em pH neutro/alcalino o contrário é observado, possivelmente, devido a efeitos competitivos do H+ e OH no processo de absorção do NH4+ e do NO3, respectivamente. (FAQUIN, 2005).

Funções do nitrogênio no café

  • Constituinte de aminoácidos e proteínas.
  • Constituinte de ácidos nucléicos.
  • Constituinte da clorofila.

Estrutura molecular da clorofilaMolécula de clorofila

Sintomas de deficiência de nitrogênio no café

O nitrogênio é importante na expansão da área foliar, no crescimento da vegetação e na formação dos botões florais, sendo essencial na atividade fotossintética.

As deficiências de nitrogênio ocorrem principalmente na época de granação dos frutos, em função de adubações insuficientes, problemas no sistema radicular, falta de chuva que impede a sua absorção do solo ou excesso, pois adubos nitrogenados são facilmente lixiviados, principalmente os nitratos.

Os sintomas de deficiência desse nutriente na cultura do café é uma clorose — um amarelamento — que aparece inicialmente nas folhas velhas.

Em condições de deficiência podem ser observadas folhas pequenas, devido ao nitrogênio atuar na formação de folhas. Além disso, pode ser observada desfolha, morte dos ramos, acarretando menor atividade fotossintética.

Folhas do cafeeiro com sintomas de deficiência de nitrogênioSintomas de deficiência de nitrogênio em café (Foto: Diego Baquião)

Já em condições de excesso de nitrogênio, pode acarretar favorecimento de doenças como a Phoma e Bacterioses.

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Cálculo de recomendação de nitrogênio na cultura do café

Exemplo de cálculo, seguindo a fórmula da Fundação PROCAFÉ:

N (Kgs/ha) = (produção (em sacas ha)x 2,6) + (próxima safra (em sacas ha) x 3,6)

Condições da lavoura:

  • Produção do ano: 40 sacas
  • Produção esperada para a próxima safra: 28 sacas

Recomendação de nitrogênio para produção e vegetação

N (Kgs/ha) = (40 sacas x 2,6 kg de N) + (28 sacas x 3,6 kg de N)

N (Kgs/ha) = 104 + 100,8 = 204,8 kg de N

Após calculada a dose de nitrogênio necessária, deve se escolher o fertilizante a ser utilizado.

Dentre as fontes de fertilizantes nitrogenados, podemos citar:

Fontes de fertilizantes nitrogenadosFonte: Raij et al. (1997)

Para o exemplo, vamos utilizar o nitrato de amônio, que contém 33% de nitrogênio:

Fórmula nitrato de amônio

Para os fertilizantes nitrogenados, temos que considerar a eficiência dos mesmos. Para a uréia consideramos uma eficiência de 70%, já para o nitrato consideramos uma eficiência de 90%.

Para o nosso exemplo, como utilizamos nitrato:

Fórmula eficiência nitrato de amônio

Em seguida, calcula-se a porcentagem a ser aplicada em cada parcelamento, que pode ser considerada: 30%, 40% e 30%. Por fim, faz-se a conta da quantidade de adubo por metro linear ou por planta (considerando o espaçamento).

Calendário agrícola do café

Indicador de nitrogênio por saca de café

O indicador que utilizamos em nossos clientes de consultoria para verificar a eficiência, é quantos quilos de nitrogênio tenho gasto por saca de café produzida. Para chegar a este número deve-se dividir o total de nitrogênio gasto por safra pelo total de sacas de café produzida.

É importante avaliar este indicador por biênios, pois avaliando em um ano somente poderá ser mascarado pela bienalidade da produção.

O benchmarking para este indicador é a faixa de 6 a 8 kg de N/sc.

  • Se estiver abaixo de 6,0 kg de N/sc, ÓTIMO, mas cuidado!
  • 8 a 9,0 kg de N/sc, há margem para melhora.
  • Acima de 9,0 kg de N/sc, há muita margem para melhora.

Cuidados na adubação quando se utiliza a ureia

A ureia se destaca como um dos fertilizantes nitrogenados mais utilizados, no entanto, a aplicação de ureia no solo sem os devidos cuidados pode promover altas perdas por volatilização, na cultura do café essa perda pode chegar até 30% (DOMINGHETTI et al., 2016).

Isso ocorre devido à formação do gás amônia (NH3), que é volátil, sendo uma das etapas intermediárias da hidrolise da ureia no solo.

  • Evitar a aplicação de ureia em solos úmidos, sempre preferindo sua aplicação em solos secos, com boa previsão de chuvas nas próximas horas.
  • Cuidado com a aplicação de ureia em condições de muita matéria orgânica, pois a enzima uréase (produzida por bactérias, fungos de solo ou originada de restos vegetais) é responsável pela hidrolise da ureia, podendo haver perdas.
  • Cuidado com a aplicação de ureia em solos com pH alcalino, que favorece a formação de amônia, que é volátil.

Teor de nitrogênio das folhas

Faixas de variação nos teores foliares em cafezaisParâmetros para análise de folha do cafeeiro, para o nutriente nitrogênio ao longo dos meses do ano

** Faixas de variação nos teores foliares em cafezais com produção média entre 30-40 sacas beneficiadas / ha Folhas recém – amadurecidas (Resultados na matéria seca).
Fonte: E. Malavolta / G.C.Vitti

Com base nesses parâmetros de Malavolta e Vitti podem ser realizados ajustes nas adubações com nitrogênio para o café.

Considerações sobre a recomendação de nitrogênio

Por isso, devemos ter atenção para se realizar uma recomendação adequada de nitrogênio para a cultura do café, evitando assim problemas com deficiências desse nutriente que pode afetar o metabolismo e consequentemente a produtividade da cultura.

É importante, também, estarmos atentos aos índices de nitrogênio na análise de folha e aos indicadores de N por saca de café produzida na média de duas safras. Dessa forma, podemos verificar se estamos aplicando mais ou menos nitrogênio que o necessário para a cultura, sempre buscando uma alta produtividade e lucratividade ao produtor.

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Larissa Cocato - Coordenadora de Ensino Café

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