Rehagro Blog

Polinização do milho: fatores que afetam essa etapa

Polinização do milho

Em toda atividade agrícola, em especial a de grãos, o foco é produzir cada vez mais. Assim, entender os processos que tornam isso possível, é de extrema importância. É o caso da polinização. Se seu foco é a produtividade, você precisa se atentar em como os frutos (grãos) se formarão.

Você sabia que a polinização é uma etapa crucial durante o ciclo do milho? Por isso, neste artigo foram reunidos alguns pontos importantes para a compreensão mais completa e abrangente sobre a fase deste ciclo.

 

Sem tempo para ler agora? Baixe este artigo em PDF!


Aspectos genéticos relacionados à polinização

Antes de entrar, propriamente no assunto da polinização, é preciso conhecer um pouco sobre aspectos genéticos, pois estão intimamente relacionados à polinização.

O milho tem origem nas Américas, é uma planta do tipo monóica, ou seja, possui os dois sexos separados na mesma planta, no entanto, é de espécie alógama, o que significa que sua polinização ocorre, predominantemente, por cruzamento (95%) e ao acaso. Em resumo, isso faz com que ocorra troca de genes entre os próprios indivíduos.

Processo de Polinização do Milho

Do ponto de vista genético, a troca de genes faz com que os descendentes (grãos colhidos) tenham menor expressão do potencial produtivo quando cultivados. 

Na prática, isso significa que quando o produtor adquire uma semente de um milho híbrido, com elevado potencial produtivo, ele fará seu cultivo, mas após realizar a colheita e separar parte dos grãos para plantar na próxima safra, ele não observará a mesma expressão genética da safra anterior.

Isso ocorre porque o cruzamento entre estes indivíduos, considerados aparentados, faz com que aumente os locus em homozigose, que nada mais é do que o aumento da existência de genes deletérios ou com baixa expressão gênica. 

Em resumo, se seu objetivo é manter a alta produção, não se deve plantar as sementes advindas de uma safra anterior desses híbridos, pois essas plantas são aparentadas e o cruzamento, portanto, reduz a população.

Sendo assim, sempre que for iniciar um cultivo, será preciso adquirir um novo lote focando na qualidade das sementes híbridas, para assim, permitir com que se alcance boas produtividades a cada safra.

E-book produção de milho no Brasil

Fatores que afetam a polinização do milho

Entendendo algumas características genéticas da planta de milho, é preciso compreender quais são os fatores externos que podem influenciar na sua polinização:

  • Ao entrar no período de florescimento, as plantas de milho emitem as inflorescências, que são a masculina – pendão (Figura 1) e feminina – espiga (Figura 2).

Inflorenscências Pendão e Espiga

  • Pendão: órgão responsável pela produção e liberação dos grãos de pólen do milho.
  • Dispersão: é por meio dele que ocorre a principal forma de dispersão, que é através do vento, que acaba carregando os grãos de pólen até uma distância de 500 metros sem que sua viabilidade seja afetada.
  • Considerações: a dispersão pode durar de 5 a 8 dias, os quais, permanecem viáveis por até 24 horas após sua liberação, podendo variar de acordo com as condições ambientais.
  • Estilo-estigma: popularmente chamado de “cabelo” do milho, é o responsável por levar o grão de pólen até o óvulo do milho.
  • Dispersão: após a dispersão do pólen, o mesmo cai nesse estilo-estigma, dando início ao processo de fecundação dos óvulos.
  • Considerações: condições adequadas para que o estilo-estigma permaneça viável: Temperaturas entre 16º C e 35ºC; Umidade relativa superior a 65%.
  • Curiosidade: cada “cabelo” do milho corresponde a um óvulo que, quando fecundado, formará um grão. É importante ressaltar que cada espiga pode produzir de 500 a 1000 óvulos.
  • Alerta: condições ambientais como tempo seco, neste período, faz com que o estilo-estigma perca umidade e isso resultará em baixa germinação do tubo polínico e consequentemente, baixa fecundação do óvulo e assim, não formará grãos causando falhas na espiga.

O milho tem grande contribuição no cenário econômico, pois vai desde a alimentação animal até a indústria de alta tecnologia. Cerca de 70% do uso dos grãos de milho do mundo são destinados à alimentação animal, e em algumas regiões ele é o ingrediente básico para alimentação humana.

Lagarta-da-espiga (Helicoverpa zea)

Durante este período de emissão da espiga e do “cabelo” do milho, deve-se atentar à presença da lagarta-da-espiga, pois esta pode comprometer a produtividade da lavoura, fique atento.

Esta praga se alimenta, preferencialmente, do “cabelo” do milho, podendo comprometer diretamente a fertilização dos óvulos e assim, causar falhas na formação de grãos. Além disso, quando os cabelos do milho já estão secos, a lagarta passa a atacar os grãos, reduzindo a produção esperada e podendo ainda facilitar a entrada de microrganismos na espiga.

Lagarta-da-espiga

Manejo da lagarta-da-espiga

O controle químico tem sido pouco utilizado como forma de manejo desta praga, em razão da dificuldade de aplicação. Portanto, pode-se adotar o controle biológico, através da liberação de inimigos naturais, como o Trichograma.

Agora que você já sabe a importância da polinização e os entraves que podem acabar afetando esse processo, também é importante assegurar o pleno desenvolvimento da cultura, e isso pode ser impedido por plantas daninhas e pragas, como o percevejo, que causam danos, principalmente na fase inicial.

Quer tomar decisões mais estratégicas na produção de grãos e se destacar como referência técnica no campo?

A Pós-graduação em Produção de Grãos do Rehagro foi desenvolvida para profissionais que precisam ir além da teoria e tomar decisões assertivas no dia a dia da lavoura. Você vai aprender com especialistas que atuam diretamente no campo, em programas que aliam ciência, gestão e experiência prática.

Prepare-se para elevar o nível da sua atuação profissional, gerar mais resultados para seus clientes e se destacar no setor.

Pós-graduação em Produção de Grãos

Alessandro Alvarenga

9 comentários

  • Parabéns, excelente explicação, amo demais a cultura do milho, a genética é maravilhosa…. Deus é perfeito em toda a sua criação….observe essa polinização da planta de milho, o crescimento do tubo político através do estilo estigma é fantástico…

    • Olá, sim!! Para o milho surgir precisa que as flores femininas precisam ser polinizadas pelas flores masculinas, ou seja, sem um o outro não consegue cumprir sua função

  • Olá Alessandro, qual o problema quando a planta se desenvolve bem, aparece a inflorescência e não aparece a espiga?

  • Olá, pessoal!
    Do pouco que ponde ler e entender, foi muito bem trabalhado sobre tudo nos detalhes.
    Gostei do artigo! Mais gostaria saber mais sobre a lagarta- da- espiga.

  • Boa tarde. Gostaria de saber o seguinte. Nosso milho cresce não faltou chuva mas as bonecas estao pequena e as folhas do milho todas secando com a terra molhada. As espigas não crescem

  • Plantei uma cova de milho com uma semente da marca preto, o interessante que o pé cresceu mais de 6 metros e soltou 3 bonecas de intervalo 30 dias cada e todas com cabelo e está mostrando que todas vão dar produção é possível isto?

  • A polinização dentro da lavoura do milho híbrido aumenta a proporção de gens em HOMOZIGOSE e não heterozigose como descrito no texto. A homozigose para gens deletéreis ou não desejados fazem eles serem manifestados, por isso em caráter comercial não se planta sementes colhidas em plantação de milho híbrido. Foi assim que aprendi na faculdade.