As proteínas são nutrientes orgânicos nitrogenados, que estão presentes em todas as células. São essenciais para todo tipo de vida animal, pois são necessárias para o crescimento, reprodução e produção, como a produção de leite.
Em ruminantes, temos algumas peculiaridades, em que para um correto balanceamento de dietas para atender os níveis de proteína ideais, se torna necessário a divisão das proteínas em dois principais grupos: A Proteína Degradável no Rúmen (PDR) e a Proteína Não Degradável no Rúmen (PNDR), onde estão incluídas as proteínas bypass, ou seja, aquelas que tem livre passagem no compartimento ruminal.
Ao decorrer desse artigo, vamos entender melhor as características dessas proteínas, como elas interagem no trato gastrointestinal dos bovinos, bem como abordar quando é interessante o seu uso, baseando-se em prós e contras da tecnologia bypass.
Entendendo a digestão da proteína bypass
Devido às diferenças anatômicas e fisiológicas dos ruminantes em relação aos monogástricos, torna-se mais desafiador o balanço adequado dos níveis de proteína da dieta. Na digestão do tipo fermentativa, que ocorre em ruminantes, as PDR são degradadas por microrganismos diversos, sendo transformada em amônia e ácidos graxos voláteis.
Entretanto, algumas proteínas, como as bypass, têm a capacidade de fornecer aminoácidos específicos no intestino delgado, sem alteração ou degradação pelos microrganismos do rúmen, o que em alguns casos se torna interessante.
Imagem ilustrando o intestino delgado, local onde a proteína bypass tem ação. Fonte: Editado de Blog Premix, 2024
Ainda como peculiaridade da digestão dos ruminantes, sabemos que os microrganismos ruminais fornecem de 60 a 75% das necessidades proteicas desses animais.
Isso se dá pela degradação de fibras e amido, utilizando o nitrogênio e açúcares provenientes da dieta, logo, esse substrato é utilizado pelas bactérias para sintetização das conhecidas proteínas microbianas.
Visto isso, tanto a proteína microbiana, quanto às proteínas bypass serão quebradas em aminoácidos no intestino delgado e absorvidas pelas células desse segmento do intestino, logo, essa fração proteica plenamente absorvida no final do processo recebe o nome de proteína metabolizável.
Principais ingredientes bypass e sua forma de obtenção
Os principais ingredientes utilizados como fonte de proteína bypass, são:
- Farelo de soja tratada pelo calor;
- Farelo de algodão;
- Farelo de canola.
Geralmente, o mais utilizado é o farelo de soja, tendo diversas apresentações no mercado de farelo de soja bypass, com diferentes níveis de PNDR. A soja, por exemplo, passa por tratamento térmico com pressão controlada, a fim de gerar uma proteção dessas proteínas à degradação ruminal.
Qual a importância de se utilizar a proteína bypass?
Nesse sentido, depois de um breve resumo sobre o tema, torna-se possível listar algumas das vantagens do uso da proteína bypass.
- Incremento na produção de leite: A utilização da proteína bypass pode levar ao incremento da produção, uma vez que haverá maior porção de aminoácidos essenciais para síntese da proteína do leite, como lisina e metionina, ou seja, há maior aproveitamento dos nutrientes fornecidos na dieta. A utilização da proteína by-pass é importante pois ela irá suprir a demanda desses aminoácidos que muitas vezes a proteína microbiana não é capaz de realizar. Além disso, é possível que ocorra melhora na composição do leite, pensando em proteína e gordura.
- Melhora na saúde ruminal e do metabolismo energético: A utilização de proteínas bypass na dieta ajuda a equilibrar a relação de PDR e PNDR, que é extremamente importante. O excesso de proteína degradável pode levar a uma produção excessiva de amônia, a qual não é utilizada em sua integridade pelos microrganismos e é excretada, ocasionando assim uma perda de nitrogênio.
- Redução da excreção de nitrogênio: Pensando em sustentabilidade ambiental, o uso desse tipo de proteína se torna interessante, visto que a excreção de nitrogênio será menor em fezes e urina, visto a melhor utilização e aproveitamento da proteína pela vaca.
Quais as recomendações e possíveis limitações da utilização da proteína bypass?
Uma possível limitação do uso dessas fontes de proteínas bypass, estão relacionadas principalmente ao custo, que geralmente são superiores em comparação com as proteínas convencionais, o que pode elevar o custo alimentar total das vacas.
Outro fator que deve ser atentado é em relação ao balanceamento da dieta com a inclusão da bypass, onde ela deve ser usada em equilíbrio com a PDR, visando a garantia de nitrogênio suficiente para a síntese de proteína microbiana. Isso ressalta a importância de ter um suporte nutricional especializado e que detenha conhecimento técnico para ajustar a dieta de forma precisa.
Além disso, é interessante entender que essas proteínas podem ser mais indicadas para aquelas vacas de alta produção, pois mesmo que haja maior gasto com alimentação o retorno é compensado, pois nesses animais de alto altamente produtivos geralmente o metabolismo já está trabalhando no limite e incluir essas proteínas que serão prontamente absorvidas sem modificação no intestino delgado se torna interessante, uma vez que pode haver uma limitação da produção por falta de aminoácidos.
Outra recomendação de uso, seria em vacas pós-parto, em início de lactação, visto que esses animais necessitam de uma grande demanda de proteína de alta qualidade.
Além disso, nessa fase de transição, com o desafio metabólico que pode ocasionar o balanço energético negativo (BEN), deter da estratégia de utilização da proteína tipo bypass é muito interessante, pois ela irá contribuir para o fornecimento de aminoácidos, recuperação corporal, manutenção da produção de leite e equilíbrio energético e proteico.
Considerações finais
O uso das proteínas bypass na alimentação de vacas leiteiras é essencial para otimização da produção de leite, garantindo uma melhor absorção de aminoácidos essenciais, de uma forma menos agressiva ao trato gastrointestinal dos ruminantes.
Essa estratégia se torna bastante benéfica e interessante, sobretudo para vacas de alta produção e vacas em período de transição, visto o aporte direto e eficiência da utilização dessas proteínas.
Ademais, ao melhorar essa eficiência, também se torna possível uma produção mais sustentável com menor liberação de nitrogênio no ambiente. Para o correto uso desse ingrediente na dieta, é necessário o correto balanceamento por um nutricionista.
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Autores: Gustavo Rodrigues e Laryssa Mendonça – Equipe Rehagro Leite
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