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Milho

Adubação nitrogenada na cultura do milho: principais recomendações

Nos últimos anos, percebeu-se um considerável aumento na produtividade das áreas de milho no Brasil. Esse fato pode ser atribuído ao emprego de novas tecnologias, aliadas à fertilidade do solo e práticas eficientes de manejo.

Muitos produtores têm conseguido expressivos resultados de produção de milho acima de 15 toneladas por hectare e acima de 10 toneladas por hectare no caso da soja. No entanto, a média nacional é menos animadora nesse aspecto, sendo 5 toneladas/ha de milho e 3,4 toneladas/ha de soja.

A queda na produtividade, na maioria das vezes, está ligada à baixa fertilidade do solo e manejo nutricional inadequado da lavoura.

É possível transformar esse tipo de situação que causa prejuízo, em algo benéfico. Tendo o conhecimento adequado e aplicando em suas lavouras, a produção possui grandes chances de aumento, principalmente na cultura dos cereais.

Isso não implica, porém, no aumento da área de plantio. Com as técnicas corretas, você pode produzir mais no mesmo espaço. Uma delas é ter em mente o que sua cultura de fato precisa e o que ela exige nutricionalmente.

 

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Exigência nutricional na cultura do milho

A exigência nutricional da cultura é fundamental para as tomadas de decisões quanto à fertilidade. Ela é determinada pela quantidade de cada nutriente extraído do solo pela planta.

É importante ter em mente que tanto os macronutrientes, quanto os micronutrientes, fazem total diferença à resposta da cultura, que pode produzir mais ou menos.

Um dos macronutrientes de maior impacto é o nitrogênio. Além de ser o nutriente que o milho mais absorve, em sua grande maioria, também é o de melhor custo-benefício.

Adubação foliar com nitrogênio em lavoura de milhoAdubação foliar com Nitrogênio líquido – Fonte: Revista Campo e Negócio

Para seguir adiante com a recomendação da quantidade de adubo nitrogenado ideal, uma série de fatores deve ser considerada, tais como:

  • Sistema de produção (convencional ou plantio direto);
  • Condições edafoclimáticas;
  • Época de semeadura;
  • Resposta da planta à adubação;
  • Modo de aplicação;
  • Fonte do nutriente;
  • Recursos financeiros, dentre outras.

Tabela com extração de nutrientes da cultura do milho

Segundo Coelho e seus colaboradores (2007), para que um produtor de milho consiga atingir uma produção equivalente a 9,2 toneladas de grãos em um único hectare, serão necessários 185 Kg/ha de nitrogênio. Estes mesmos resultados são comprovados por Coelho e França (2005), como citados na tabela acima.

Já nas pesquisas feitas por Casagrande e Fornasieri Filho (2002), o aumento nas doses de nitrogênio resulta em teores maiores não só do próprio Nitrogênio (N), mas também de Fósforo (P), Enxofre (S) e Zinco (Zn) nas folhas de milho.

Repare que o fósforo também é um dos macronutrientes e tem sido cada vez mais limitante, então o uso do nitrogênio é extremamente necessário.

Além do mais, o enxofre, quando absorvido pela planta, também auxilia na defesa contra patógenos, no aumento da oferta de proteínas e aminoácidos essenciais e no controle hormonal para o crescimento. O mesmo é observado no micronutriente de zinco.

Tudo isso contribui para a qualidade final do milho.

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Principais fontes de nitrogênio para adubação

Muito produtor cerealista acaba por tentar o caminho mais fácil que é a compra do fertilizante nitrogenado, mas muitos não sabem que até a origem desse macronutriente pode ter peso significativo.

A fonte de nitrogênio é importante para definir o modo de aplicação e em qual época será melhor aproveitada pela planta. Isso evita perdas e aumenta a velocidade de disponibilidade deste nutriente para a planta.

Para adubação nitrogenada na cultura do milho, são usadas, basicamente, três fontes de nitrogênio:

  1. Ureia (fornece 45 % N);
  2. Sulfato de Amônio (além de fornecer 20 % N, também fornece de 22 a 24 % de S);
  3. Nitrato de Amônio (fornece 32 % N).

UreiaUreia – fonte de N

Na pesquisa conduzida por Meira (2009), cuja finalidade do experimento era avaliar diferentes dosagens e fontes distintas de Nitrogênio, concluiu-se que a produção de grãos aumenta com o acréscimo na dosagem do nutriente, porém não há diferença entre as fontes de nitrogênio utilizadas.

Apesar do aumento do fornecimento de nitrogênio ter tido uma boa resposta, a superdosagem pode reduzir a produtividade e causar toxicidade na planta devido ao efeito salino, segundo Jandrey (2019 – Pioneer).

Assim sendo, é preciso ter cautela e conhecer muito bem sobre fertilizantes, necessidades da cultura e adequação ao seu solo.

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Em que época realizar a adubação nitrogenada?

Entre os estádios V3 a V6 é o período em que a planta tem maior demanda de nitrogênio, afinal, é nesse período de desenvolvimento que ela estará definindo o seu potencial produtivo.

No entanto, essa também é a melhor época para se realizar a adubação de cobertura e, por outro lado, a não aplicação do nitrogênio ou fornecimento fora da época recomendada pode causar grandes perdas de produção!

Fases do estádios fenológicos do milhoEstádios fenológicos do Milho – Fonte: Mais Soja

Há a comprovação desse dado por Fancelli e Casadei, onde as melhores respostas à produtividade de grãos ocorreram quando as adubações de cobertura foram feitas entre os estádios V2 e V6.

Tabela com resposta do milho à aplicação de adubação nitrogenadaResposta à produtividade de grãos sob a aplicação de nitrogênio. Fonte: Fancelli e Casadei (dados não publicados)

Dosagem na adubação nitrogenada

A prática mais comumente usada entre os produtores é a aplicação de no máximo 1/3 da dose total de Nitrogênio, desde que esse valor não passe de 50 kg/ha de N na fase de cobertura.

O outros 2/3 desse fertilizante, aplicam a lanço ou incorporam entre estádios V3 até o V6.

Quando o solo onde a cultura se desenvolve é do tipo arenoso, o recomendado é que a dose seja parcelada em 2 ou 3 vezes.

Ainda assim, é possível observar que não existe a necessidade de fornecer nitrogênio em estádios fenológicos avançados. Isso porque, além de não contribuir para o aumento de produtividade, essa prática pode favorecer a ocorrência de doenças como helmintosporiose, ferrugem e cercosporiose.

O resultado benéfico a respeito da aplicação de N em estádios fenológicos iniciais é comprovado pela pesquisa conduzida por Uhart e Andrade, na publicação de 1995 e citada por Fancelli em publicação de 2010.

Os pesquisadores constataram ainda, que nos 15 dias após a floração, o milho remobilizou entre 28 kg/ha e 100 kg/ha de N absorvido nos estádios iniciais. Esse dado representa de 18% a 42% daquele presente na biomassa (planta).

Desse total mobilizado, cerca de 46 a 50% foi proveniente das folhas, enquanto de 54 a 60%, estava presente no colmo da planta.

É inegável, portanto, a importância desse nutriente à planta.

Como aprimorar o uso dos fertilizantes na cultura do milho?

Fica claro que o nível de informações geradas pela pesquisa e comprovadas por experimentações em campo, devem ser absorvidas pelo produtor que busca aprimorar o uso eficiente dos fertilizantes e obter elevadas produtividades.

Nesse quesito, buscar informações atualizadas, com quem entende do assunto, fará total diferença para aqueles que querem obter maiores produções e com qualidades dentro das exigências de mercado.

Culturas cerealistas, principalmente, demandam mais atenção, pois são anuais e de grande impacto econômico nacional.

O nitrogênio tem um grande peso, como dito neste artigo, mas também salientamos não ignorar os micronutrientes. Há uma expressão conhecida na fertilidade como Lei do Mínimo que diz: “a produção das culturas é limitada pelo nutriente em menor quantidade no solo, ainda que os demais estejam adequados, ele não supre essa necessidade.”

Tudo isso, unindo ainda a época de aplicação, se será por meio de sólidos ou líquidos, necessidade específica de cada cultura e do solo, faz com que seja necessário entender mais a fundo as várias etapas e processos da fertilidade.

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Alessandro Alvarenga

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