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Espuma produzida por cigarrinha-das-pastagens

Cigarrinha-das-pastagens: como controlar essa praga?

Para o manejo da cigarrinha-das-pastagens não se deve pensar em um método isolado e sim em um conjunto de medidas que devem ser adotadas de maneira integrada e ecológica, visando a redução do nível populacional da praga, a preservação dos inimigos naturais e a proteção das gramíneas forrageiras na sua fase de maior suscetibilidade ao ataque.

 

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Controle cultural da cigarrinha-das-pastagens

Diversificação das pastagens: consiste no estabelecimento de pastos com diferentes espécies de gramíneas e com variável nível de suscetibilidade às cigarrinhas.

Nos períodos de maior incidência do inseto, os pastos formados com gramíneas de suscetibilidade alta (Brachiaria decumbens cv Basilisk, Brachiaria ruziziensis) e tolerantes (Brachiaria humidicola) devem ser submetidos a pastejo leve, enquanto os animais são manejados nos pastos com capins resistentes (Brachiaria brizantha cv Marandu, Panicum maximum cv Massai).

Assim, os suscetíveis mantêm seu vigor, suportando os danos causados pela praga. Recomenda-se evitar a formação de extensas áreas de pastagens com uma única espécie, na tentativa de impedir que a resistência seja superada.

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Manejo de pastagens

Através da subdivisão dos pastos e controle da pressão de pastejo. Durante o período de maior ocorrência do inseto (novembro a abril), evitar o superpastejo, principalmente das gramíneas suscetíveis.

As gramíneas com hábito de crescimento rasteiro devem ser mantidas a altura entre 25 cm e 30 cm e as de crescimento cespitoso entre 40 e 45 cm, mantendo o vigor das plantas e permite a preservação dos inimigos naturais da cigarrinha-das-pastagens.

Recomenda-se que pastagens de capins suscetíveis sejam rebaixadas, sem sobra de matéria senescente durante o período de maior concentração de postura de ovos em diapausa (março/abril).

Pastagem de tifton danificada por cigarrinha-das-pastagensPastagem de tífton danificada por cigarrinha-das-pastagens

Correção do pH e adubação de pastagens

Com o decorrer do tempo de utilização dos pastos, há uma constante e crescente queda no vigor da rebrota das forrageiras e infestação por plantas invasoras. Além disso, o ataque de pragas e doenças e o manejo inadequado resultam no processo de degradação das pastagens.

A reposição periódica dos nutrientes limitantes ao crescimento das gramíneas (fósforo, potássio e nitrogênio) deve ser determinada pela análise de solo e exigências da forrageira, a fim de manter as plantas vigorosas e resistentes ao ataque não só da cigarrinha-das-pastagens, mas de outras pragas também.

Consorciação de gramíneas x leguminosas

Baseia-se no princípio de que as cigarrinhas alimentam-se exclusivamente de gramíneas, assim quando essas estiverem consorciadas com leguminosas, há redução do substrato livre para praga. Quando as leguminosas são plantadas em faixas, essas atuam como barreira na dispersão dos adultos.

Além disso, deve-se considerar que pastagens consorciadas, quando bem manejadas, apresentam melhor valor nutritivo que reflete positivamente no desempenho animal.

Sementes forrageiras

Ao se adquirir sementes para formação e reforma de pastagens, deve-se certificar de que apresentam boa qualidade e ausência de ovos de cigarrinhas em quiescência.

Uso do fogo

O uso indiscriminado da queimada traz prejuízos à ecologia (extermínio dos inimigos naturais) e propriedades físico-químicas e biológicas do solo, que contribuem no processo de degradação das pastagens.

Deve-se restringir a pastos que tradicionalmente apresentam altas infestações através de queimada controlada durante a estação seca, buscando-se inviabilizar os ovos quiescentes, o que nem sempre é alcançado, podendo ter pouco ou nenhum controle. Recomenda-se, portanto, evitar o uso de tal medida.

Controle químico das cigarrinhas-das-pastagens

O emprego de inseticidas no controle de adultos de cigarrinhas-das-pastagens, só se justifica em caso de pastagens que tenham um alto valor agregado, como às destinadas à produção de sementes.

Para efetuar o controle, deve-se monitorar a população das ninfas, através de observações periódicas no campo. Recomenda-se, o controle somente após a constatação da existência de 20 a 25 ninfas de últimos instares (quase adultos)/m2.

Como existem ninfas de diferentes instares (“idades”), pode ser necessário repetir a aplicação sete dias após. Jamais utilizar inseticidas após a constatação do amarelecimento, pois a expressão dos sintomas se dá cerca de três semanas após o ataque das cigarrinhas adultas, período no qual os insetos responsáveis pelo dano já completaram seu ciclo. Ao conciliar o controle químico ao biológico numa mesma área de pastagem, deve-se optar por inseticidas compatíveis ao agente biológico.

O maior desafio ao controle químico das formas jovens das cigarrinhas, evitando-se assim que o adulto injete a saliva tóxica e cause o dano às pastagens, é fazer com que os produtos consigam vencer a barreira de proteção oferecida pela espuma na base da planta forrageira.

Webinar Controle biológico das Cigarrinhas das pastagens

Controle biológico das cigarrinhas-das-pastagens

Os inimigos naturais atuam em maior ou menor grau para redução da população das cigarrinhas, devendo-se adotar medidas que visem manter e/ou aumentar as suas populações, na busca do equilíbrio biológico.

Em condições de campo, as cigarrinhas são parcialmente controladas por vários inimigos naturais, entre eles o mais importante é o fungo Metarhizium anisopliae que coloniza as ninfas e os adultos. No entanto, a efetividade do fungo depende dos fatores ambientais, principalmente, temperatura e umidade relativa do ar.

Também tem-se observado larvas das moscas, Salpingogaster nigra e Salpingogaster pygophora, penetrando a massa espumosa para se alimentarem das ninfas e outros inimigos naturais, tais como: aranhas, formigas, microhimenópteros e nematóides entomopatogênicos.

O fungo M. anisopliae tem-se mostrado uma alternativa válida no controle das cigarrinhas em canaviais, com eficiência variando de 10 a 60%.

Em regiões ecologicamente favoráveis ao entomopatógeno, o uso do fungo tem superado o efeito real dos inseticidas químicos na evolução da praga. Embora ainda não se tenha definido um nível de dano econômico para a cigarrinha-das-pastagens, sugere-se que sejam feitos levantamentos populacionais da praga antes do controle, levando-se em consideração todas as medidas citadas anteriormente.

Para tanto, no período de máxima precipitação, quando ocorre a maior incidência do inseto, sugere-se realizar levantamentos de insetos a cada 15 dias.

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6 comentários

  • Boa noite
    Aqui na região onde moro semiárido nordestino nunca tinha visto tanta cigarrinha como agora pra complicar não temos nenhuma orientação técnica no combate e nem inseticida
    autorizado pelo ministério da agricultura.
    Abraços

  • Sou proprietário de uma Fazenda em NOVO PROGRESSO PA e estou passando a anos problemas com a cigarrinha e este ano tenho area de pastagem Mombaça bem afetada em fase acho eu ja d morte da referida pastagem, e temos um grande problema ñ temos nenhum auxílio técnico na região é muito triste, estou vendo com as empresas agropecuárias para fazermos aplicação ou aplicações

    • Olá Enéas Bello,
      Meu nome é Fausto Godoi Filho, sou engenheiro agrônomo e consultor de vendas na Safrasul sementes de Campo Grande – MS. Muito provavelmente a sua área está tendo infestação da cigarrinha Mahanarva tristis, que possui um um tamanho maior e também muito agressiva na qual costuma atacar esse tipo de capim.
      Os métodos de controle para essa espécie são controle biológico por meio de aplicações utilizando o fungo Metarhizium anisopliae, disponível em lojas revendedoras de insumos agropecuários, podendo ser realizado com uso de pulverizadores costais, tratores ou aviões, sem a necessidade de retirar os animais da pastagem.
      Uma segunda opção seria o controle químico, mas a adoção desse método exige a retirada do gado da área a ser tratada. Sendo este método indispensável a supervisão de um técnico para calcular a quantidade de aplicações e a dosagem adequada do inseticida. “Dependendo do nível de infestação e das condições climáticas poderão ser necessárias duas ou três aplicações do produto durante o período chuvoso.
      A diversificação de pastagens também é um método que contribui para a diminuição populacional dos insetos invasores, A Embrapa tem em seu portfólio a forrageira, a “BRS Ipyporã”. Trata-se de uma espécie derivada do cruzamento entre B. ruziziensis e B. brizantha recomendada para solos de média fertilidade, possui resistente a cigarrinha através de “Antibiose” na qual apresenta ação adversa da planta hospedeira, sobre a biologia
      (desenvolvimento) do inseto. De maneira geral a planta afeta o potencial de reprodução da praga. Esse capim serve também para substituição as cultivares Marandu, Xaraés e BRS Piatã.
      Espero ter ajudado de alguma forma e fico a disposição.
      Fausto Godoi Filho
      (67) 99610-0946