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O que é o capim-capeta e por que ele preocupa os pecuaristas?

Capim capeta

O capim capeta, nome popular atribuído a diferentes espécies invasoras conforme a região do Brasil, é uma planta daninha agressiva que tem se tornado uma das principais ameaças à produtividade das pastagens.

Apesar de seu nome curioso, seus impactos são tudo, menos inofensivos. A planta é amplamente reconhecida por sua capacidade de competição com gramíneas forrageiras cultivadas, como o capim braquiária e o capim mombaça, prejudicando diretamente a alimentação do rebanho.

 

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Classificação e nomes populares

O termo “capim capeta” não se refere a uma única espécie botânica. Em diferentes biomas e regiões, ele pode ser associado a plantas como:

  • Urochloa plantaginea;
  • Sporobolus indicus.

O nome costuma surgir devido à dificuldade de controle e à agressividade da infestação, o que o torna um verdadeiro “capeta” no campo, nome que é mais uma expressão do sentimento do pecuarista do que uma classificação científica.

Distribuição e presença nas pastagens

Essa planta se espalha com facilidade por meio de sementes e rebrotas, principalmente em áreas com:

  • Baixa cobertura vegetal, causadas por superpastejo;
  • Falta de adubação de correção ou manutenção;
  • Manejo inadequado da altura de entrada e saída da pastagem;
  • Trânsito de máquinas e animais que carregam sementes aderidas a equipamentos ou pelagens.

Seu desenvolvimento rápido e sua capacidade de adaptação ao solo pobre e compactado tornam o capim capeta uma praga silenciosa.

Muitas vezes, o produtor só percebe o problema quando a infestação já está em um nível crítico, exigindo medidas mais intensivas (e custosas) de recuperação.

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Por que o capim capeta é um problema sério?

A principal razão de preocupação com o capim-capeta é o seu impacto direto na disponibilidade e qualidade da forragem. Ele reduz a densidade do pasto útil, comprometendo a oferta de nutrientes ao rebanho. O resultado pode ser sentido em:

  • Queda no ganho médio diário (GMD);
  • Redução na taxa de lotação e redução da capacidade de suporte da área;
  • Aumento do ciclo de terminação;
  • Elevação dos custos com suplementação para compensar o déficit nutricional da pastagem.

Em sistemas de gado de corte, onde eficiência e margens apertadas são regra, a presença do capim capeta representa uma perda real de produtividade e rentabilidade.

Impactos do capim capeta nas pastagens

A presença do capim capeta nas áreas de pastagem representa um desafio direto à produtividade forrageira. Ao ocupar espaço, competir por luz, água e nutrientes, essa planta daninha compromete o equilíbrio do ecossistema do pasto, reduzindo sua capacidade de sustentar a nutrição animal de forma eficiente.

Competição com forrageiras cultivadas

A primeira e mais evidente consequência do capim capeta é sua capacidade de competir com gramíneas forrageiras selecionadas para alimentação do gado.

Essas forrageiras (como Brachiaria spp., Panicum spp. e Cynodon spp.) possuem características nutricionais superiores e são adaptadas ao sistema de produção. Quando o capim capeta se instala, ele:

  • Diminui a densidade de plantas forrageiras úteis;
  • Impede o desenvolvimento pleno das espécies desejáveis;
  • Afeta o perfilhamento e a rebrota das forrageiras após o pastejo.

A redução da presença de plantas de alta qualidade nutricional implica em menor acúmulo de massa seca e, portanto, menor capacidade de suporte.

Redução da disponibilidade de matéria seca de qualidade

O capim-capeta, além de não possuir valor nutricional relevante, não é palatável ao gado na maioria das situações. Isso significa que o animal simplesmente evita seu consumo, concentrando-se nas poucas áreas onde há pasto de qualidade. O resultado prático disso é:

  • Formação de áreas superpastejadas e degradadas;
  • Aumento da pressão de pastejo sobre a parte útil da pastagem;
  • Rápido esgotamento dos recursos nutritivos do piquete.

Esse cenário desequilibra o sistema como um todo e cria um ciclo vicioso de degradação, onde a planta daninha ganha ainda mais espaço a cada ciclo.

Além disso, há impacto indireto na eficiência do ciclo produtivo, já que animais em sistemas mais extensivos, onde o pasto é a base da dieta, podem levar mais tempo para atingir o peso ideal de abate.

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Diagnóstico e monitoramento de infestações

Um dos grandes erros no controle de plantas daninhas como o capim capeta é agir tarde demais.

Quando o produtor nota a perda de produtividade ou o aumento da necessidade de suplementação, o problema já está instalado. Por isso, o diagnóstico precoce e o monitoramento contínuo são estratégias decisivas para manter o capim capeta sob controle.

Métodos para identificar e quantificar a presença do capim capeta

A primeira etapa do diagnóstico é a identificação correta da planta. Como o nome “capim capeta” pode se referir a espécies diferentes dependendo da região, é fundamental:

  • Contar com o apoio de um técnico ou agrônomo que conheça a flora invasora local;
  • Realizar vistorias regulares nos piquetes, preferencialmente em diferentes épocas do ano;
  • Observar padrões de infestação, como áreas onde o gado evita pastejar ou onde a vegetação parece mais seca ou menos densa.

Após identificada, a quantificação da infestação pode ser feita por amostragem, usando quadrantes ou linhas de transecção. Esses métodos permitem calcular:

  • A percentagem de área ocupada por capim capeta;
  • A intensidade da infestação por hectare;
  • A distribuição da planta no talhão.

Essas informações são fundamentais para definir a estratégia de controle mais adequada.

Sinais de alerta e épocas críticas

O capim capeta, como muitas plantas daninhas perenes, costuma se desenvolver com mais vigor em épocas de transição climática, como o final da seca e o início das chuvas. Alguns sinais de alerta incluem:

  • Redução do apetite dos animais em determinados piquetes;
  • Baixo rebrote da forrageira após o pastejo;
  • Aumento de áreas com vegetação heterogênea ou empobrecida;
  • Florescimento da planta daninha, que marca o início da produção de sementes.

Esses períodos são estratégicos tanto para o monitoramento quanto para a aplicação de medidas de controle, como o uso de herbicidas.

Estratégias de controle eficazes

Controlar o capim capeta exige visão técnica, ação planejada e persistência. Por se tratar de uma planta daninha perene e agressiva, as abordagens isoladas raramente trazem resultados duradouros.

A seguir, exploramos os métodos mais utilizados e como combiná-los para potencializar o sucesso no campo.

Controle químico: quando, como e com o quê?

O uso de herbicidas seletivos é a principal ferramenta no controle do capim capeta, especialmente em áreas já com infestação consolidada.

A escolha do produto deve ser feita com base na espécie dominante da planta daninha, no estágio de desenvolvimento e na gramínea forrageira presente na área.

Princípios ativos comumente recomendados:

  • Mesotriona e atrazina, combinados

Boas práticas de aplicação

  • Utilizar bicos apropriados e calibração precisa dos pulverizadores;
  • Evitar aplicação em dias com vento forte ou alta temperatura;
  • Realizar monitoramento pós-aplicação para medir a eficácia e necessidade de reaplicação.

Métodos mecânicos: controle físico e sua função estratégica

Embora menos utilizado em grandes áreas, o controle mecânico pode ser útil em:

  • Áreas pequenas com alta infestação localizada;
  • Situações onde o uso de herbicidas não é viável (ex: áreas próximas a nascentes);
  • Complemento ao controle químico, especialmente em rebrotas resistentes.

As técnicas mais comuns incluem:

  • Roçadas dirigidas (com roçadeira tratorizada);
  • Gradeações superficiais para reverter áreas muito degradadas.

O grande desafio do controle mecânico é o risco de rebrote, já que ele atua apenas na parte aérea da planta. Por isso, deve ser acompanhado de outras medidas.

Controle cultural: fortalecer o pasto para evitar a reinfestação

O manejo cultural preventivo é talvez o componente mais negligenciado do controle de plantas daninhas. Um pasto vigoroso, bem nutrido e bem manejado dificulta o estabelecimento do capim capeta.

Algumas práticas recomendadas:

  • Adubação de manutenção com base em análise de solo;
  • Controle da lotação animal para evitar sobrepastejo;
  • Rotação de piquetes com períodos adequados de descanso;
  • Sobressemeadura com espécies forrageiras adaptadas, especialmente em áreas expostas.

Integração entre métodos: a chave para o sucesso

A integração das estratégias é o que garante resultados sustentáveis. O caminho ideal é:

  1. Diagnóstico da área e identificação da planta;
  2. Aplicação química direcionada no momento adequado;
  3. Acompanhamento com controle mecânico em focos persistentes;
  4. Recuperação e fortalecimento do pasto com práticas culturais;
  5. Monitoramento contínuo da área para evitar reentrada da invasora.

Tecnologias e inovações no manejo de plantas daninhas

Com a crescente demanda por eficiência e sustentabilidade na pecuária, surgem novas tecnologias que ajudam a tornar o controle de plantas daninhas mais preciso, econômico e menos dependente de métodos empíricos.

O capim capeta, por sua capacidade de dispersão e resistência, é um alvo ideal para essas soluções inovadoras.

Uso de drones no mapeamento e aplicação localizada

Uma das tecnologias com maior crescimento nos últimos anos é o uso de drones para diagnóstico e pulverização localizada. Entre os principais benefícios estão:

  • Mapeamento aéreo georreferenciado das áreas infestadas, com imagens de alta resolução;
  • Detecção precoce de rebrotas ou falhas no controle químico;
  • Redução do volume de herbicida aplicado, graças à pulverização apenas nos focos identificados;
  • Acesso facilitado a áreas íngremes ou úmidas, onde tratores têm dificuldade de atuação.

Novas formulações e herbicidas mais seletivos

A indústria química tem investido no desenvolvimento de herbicidas com menor impacto ambiental e maior seletividade, o que permite:

  • Aplicações em áreas com espécies forrageiras sensíveis, sem risco de danos;
  • Menor tempo de carência para entrada dos animais após a aplicação;
  • Melhor desempenho em condições adversas, como solos secos ou infestações antigas.

Além disso, novas formulações combinam princípios ativos para ampliar o espectro de ação e reduzir a necessidade de reaplicação.

Conclusão

O capim capeta, embora carregue um nome quase folclórico, representa um desafio técnico real e persistente para a pecuária de corte no Brasil.

Sua presença em áreas de pastagem compromete diretamente a qualidade da forragem, o desempenho do rebanho e a rentabilidade do sistema de produção.

A mensagem central que fica é clara: a qualidade do pasto é a base da pecuária eficiente. Ignorar o problema do capim capeta é comprometer todo o sistema, da nutrição ao desempenho zootécnico, da eficiência à rentabilidade. Combater essa planta daninha é, portanto, uma decisão de gestão, de técnica e de visão de longo prazo.

Controle plantas invasoras com técnica e garanta mais produtividade no pasto

O capim-capeta é uma das invasoras que mais comprometem a qualidade das pastagens e o desempenho do rebanho. Para evitar prejuízos, não basta apenas combatê-lo, é preciso adotar uma gestão forrageira eficiente, com diagnóstico do solo, escolha adequada de espécies e manejo estratégico.

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Autoria: Equipe Corte Rehagro.

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