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Gado de corte em uma pastagem bem manejada

Erros no manejo de pastagens: quais os custos e como corrigi-los?

Erros no manejo de pastagens podem custar caro ao produtor rural, não apenas em termos financeiros, mas também em eficiência produtiva e impacto ambiental.

Neste artigo, vamos explorar detalhadamente os custos de um manejo inadequado das pastagens e como práticas corretas podem melhorar a produção de carne por área, maximizar lucros e minimizar o impacto ambiental.

Através de uma análise completa e especializada, vamos entender as diferentes variáveis envolvidas e a importância de cada uma delas para a sustentabilidade e rentabilidade do negócio agropecuário.

O manejo de pasto é uma ciência que envolve entender profundamente o crescimento das plantas, o comportamento dos animais e as práticas agronômicas que garantem a máxima produtividade e sustentabilidade. Qualquer desvio nessa complexa equação pode resultar em perdas significativas.

Nesse sentido, vamos abordar todos os aspectos envolvidos, desde a altura ideal do capim até a importância da adubação, passando pelos diferentes sistemas de pastejo.

O custo dos erros no manejo do pasto

Quando falamos sobre o custo dos erros no manejo do pasto, estamos nos referindo a uma gama de variáveis que influenciam diretamente a produção e os custos operacionais. Essas variáveis incluem:

Peso de abate dos animais

A eficiência do manejo de pastagens afeta diretamente o ganho de peso dos animais, um fator essencial para determinar o tempo necessário para o abate e, consequentemente, o retorno financeiro do produtor.

Quando o manejo é inadequado, os animais podem não ganhar peso de maneira eficiente, resultando em períodos mais longos de engorda. Isso não apenas retarda o fluxo de caixa do produtor, mas também aumenta os custos operacionais, como alimentação e cuidados veterinários.

Animais bem manejados em pastagens corretamente geridas têm acesso a forragem de alta qualidade, o que se traduz em uma maior conversão de nutrientes em massa corporal.

Capins manejados em alturas ideais permitem que os animais obtenham uma alimentação balanceada e nutritiva, maximizando o ganho de peso diário.

Em contraste, pastagens mal manejadas, seja por superpastejo ou subpastejo, podem resultar em forragem de baixa qualidade, com menos nutrientes disponíveis e, portanto, menor ganho de peso.

Este impacto é amplificado quando se considera a escala de uma operação de grande porte, onde pequenas diferenças no ganho de peso podem resultar em grandes variações na produção total e nos lucros anuais.

E-book sistema rotacionado de pastejo

Sistema de pastejo

Diferentes sistemas de pastejo, como o contínuo, rotacionado ou Voisin, desempenham papéis críticos na recuperação das pastagens e na lotação de animais por hectare.

O sistema contínuo envolve manter os animais na mesma área de pastagem durante todo o ano, o que pode resultar em degradação do solo e das plantas se não for gerido cuidadosamente.

Em contraste, o pastejo rotacionado e o sistema Voisin, também conhecido como pastejo racional Voisin (PRV), envolvem mover os animais entre diferentes áreas de pastagem, permitindo que as plantas se recuperem entre os períodos de pastejo.

O pastejo rotacionado é eficaz para manter a pastagem em ótimas condições de crescimento, pois cada área de pastagem recebe um período de descanso, durante o qual as plantas podem regenerar suas reservas de nutrientes. Isso resulta em uma forragem de maior qualidade e uma capacidade de carga mais sustentável a longo prazo.

O sistema Voisin, por sua vez, enfatiza a importância de períodos de descanso variáveis, ajustados de acordo com as condições climáticas e de crescimento das plantas. Este sistema é particularmente eficaz em otimizar a relação entre o crescimento da planta e o consumo pelos animais, maximizando a produção de biomassa e o ganho de peso dos animais.

Cada sistema tem suas próprias vantagens e desvantagens, e a escolha do sistema mais adequado depende das condições específicas da propriedade, incluindo o tipo de solo, a disponibilidade de água, a topografia e os objetivos de produção do produtor.

Um manejo adequado que leva em conta esses fatores pode significar a diferença entre uma pastagem sustentável e produtiva e uma área degradada e de baixo rendimento.

Como realizar o manejo correto das pastagens?

O manejo correto das pastagens visa maximizar a produção de carne por área com o menor impacto ambiental possível. Isso significa manter as pastagens em um estado ideal de crescimento, evitando tanto o superpastejo quanto o subpastejo.

Vejamos alguns princípios básicos:

Alturas máximas e mínimas para cada cultivar

Cada tipo de capim possui características específicas que determinam sua altura ideal para pastejo, e é fundamental respeitar esses parâmetros para garantir a saúde e a produtividade da pastagem.

A altura ideal varia conforme a cultivar, influenciando diretamente a capacidade de regeneração das plantas e a qualidade da forragem disponível para os animais.

Por que a altura é importante?

Manter o capim dentro das alturas máximas e mínimas recomendadas assegura que a planta possa se recuperar após o pastejo. Quando a pastagem é mantida na altura ideal, a fotossíntese é otimizada, permitindo que a planta produza energia suficiente para o crescimento e a recuperação.

Se o capim é pastejado muito baixo, as reservas de energia na raiz são esgotadas, retardando a recuperação e reduzindo a produção de biomassa. Por outro lado, se o capim é deixado crescer demais, pode se tornar fibroso e menos nutritivo para os animais, além de aumentar a competição por luz, água e nutrientes.

Adubação das pastagens

A adubação das pastagens é um componente essencial para manter a produtividade e a sustentabilidade das áreas de pastagem. Repor os nutrientes retirados do solo pelo capim e consumidos pelos animais é vital para garantir que a pastagem continue a produzir forragem de alta qualidade.

Sem a adubação adequada, a fertilidade do solo diminui ao longo do tempo, resultando em uma produção de biomassa reduzida e, eventualmente, em uma pastagem degradada.

Importância da adubação

Os nutrientes essenciais, como nitrogênio, fósforo e potássio, são continuamente extraídos do solo pelas plantas e precisam ser repostos para manter a produtividade.

O nitrogênio, por exemplo, é importante para o crescimento vegetativo e para a produção de proteína na forragem, que é fundamental para o ganho de peso dos animais.

Já o fósforo é importante para o desenvolvimento das raízes e para a formação de sementes, enquanto o potássio ajuda a regular o uso de água pelas plantas e a resistência a doenças.

Efeitos da falta de adubação

Sem a adubação adequada, o solo gradualmente perde sua fertilidade. Isso resulta em uma menor produção de biomassa, o que significa menos forragem disponível para os animais.

A falta de nutrientes também pode levar ao crescimento de plantas invasoras, que competem com as espécies de capim desejadas por recursos e espaço.

Em longo prazo, a falta de adubação pode levar à degradação do solo, tornando-o menos capaz de suportar a produção de pastagem e, consequentemente, reduzindo a capacidade de carga da propriedade.

Estratégias de adubação

A aplicação de fertilizantes deve ser baseada em análises de solo regulares, que fornecem informações precisas sobre os níveis de nutrientes e as necessidades específicas da pastagem.

A adubação balanceada, que considera as necessidades das plantas e as condições do solo, é essencial para maximizar a produção de biomassa e melhorar a qualidade da forragem. Além disso, práticas como a rotação de pastagens e o uso de leguminosas podem ajudar a melhorar a fertilidade do solo de maneira sustentável.

Adubação de manutenção

A adubação de manutenção é uma prática contínua que visa repor os nutrientes removidos pelas plantas e pelos animais. Essa prática é essencial para manter a produtividade a longo prazo e evitar a degradação do solo.

A escolha dos fertilizantes e a frequência de aplicação devem ser ajustadas de acordo com as condições específicas da propriedade e as recomendações das análises de solo.

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Exemplos práticos e cálculos

Para entender melhor a importância de um manejo adequado das pastagens, vamos analisar alguns exemplos práticos baseados em estudos da Embrapa.

Esses exemplos demonstram como diferentes alturas de manejo do capim-marandu afetam a produção de carne por hectare ao ano, a lotação de animais e o ganho de peso diário dos novilhos.

Capim-marandu superpastejado

No cenário de superpastejo, o capim-marandu é mantido em uma altura de aproximadamente 15 cm. Nesta condição, a pastagem suporta uma lotação de 3,2 unidades animais (UA) por hectare, com os novilhos ganhando em média 560 gramas por cabeça por dia.

Apesar da alta lotação, o ganho individual de peso é relativamente baixo devido ao estresse causado às plantas e à baixa disponibilidade de forragem de qualidade. Como resultado, a produção anual de peso vivo é de 428 kg por hectare.

Este exemplo destaca que, embora a lotação seja alta, o superpastejo pode comprometer a saúde das plantas e a eficiência do ganho de peso dos animais.

Pastejo correto

Ao adotar práticas de manejo correto, mantendo o capim-marandu próximo de 30 cm durante todo o ano, a lotação diminui para 2,8 UA por hectare.

No entanto, o ganho diário de peso por novilho aumenta significativamente para 760 gramas por cabeça. Esta melhoria no ganho de peso individual resulta em uma produção anual de 485 kg de peso vivo por hectare.

Este exemplo demonstra que, embora a lotação seja um pouco menor, o pastejo correto maximiza a eficiência do ganho de peso dos animais e, consequentemente, aumenta a produção total de carne.

Além disso, o manejo adequado das pastagens contribui para a saúde e a longevidade das plantas, garantindo uma produção sustentável.

Subpastejo

No caso do subpastejo, o capim-marandu é mantido em uma altura de aproximadamente 45 cm. Esta prática reduz a lotação para 2,0 UA por hectare, e o ganho de peso dos novilhos diminui para 730 gramas por cabeça por dia. A produção anual de peso vivo cai para 344 kg por hectare.

O subpastejo resulta em um excesso de biomassa, onde o capim se torna fibroso e menos nutritivo, afetando negativamente o ganho de peso dos animais.

Além disso, a menor lotação contribui para uma menor eficiência de uso da pastagem, resultando em uma produção total de carne reduzida.

Este exemplo evidencia que tanto o superpastejo quanto o subpastejo podem ter impactos negativos significativos na produção e na eficiência do manejo das pastagens.

Comparação de custos

A receita líquida anual varia significativamente entre os diferentes manejos de pastagem, refletindo a importância de práticas adequadas para maximizar a rentabilidade.

Vamos detalhar os valores e entender os impactos financeiros de cada manejo.

  • Pastejo correto: o manejo adequado das pastagens, mantendo a altura ideal do capim, gera uma receita líquida anual de R$ 4.425,00 por hectare. Esse valor é alcançado ao maximizar o ganho de peso dos animais e a produção de carne por área, enquanto se minimizam os custos de recuperação do solo e a necessidade de intervenções corretivas. Inclui custos de produção como adubação, depreciação de instalações e máquinas, mão de obra, taxas e insumos (medicamentos e suplementos minerais).
  • Superpastejo: no superpastejo, onde a pastagem é mantida abaixo da altura ideal, a receita líquida cai para R$ 3.280,00 por hectare. O estresse nas plantas reduz a qualidade da forragem e a eficiência do ganho de peso dos animais, aumentando os custos operacionais devido à maior necessidade de insumos corretivos e manutenção.
  • Subpastejo: o subpastejo, com a pastagem acima da altura ideal, resulta em uma receita líquida anual de R$ 3.014,00 por hectare. A forragem fibrosa e menos nutritiva reduz a eficiência alimentar e o ganho de peso dos animais, além de levar ao subaproveitamento da área produtiva e aumentar os custos de manutenção para corrigir o excesso de biomassa.

Impacto financeiro com erros no manejo

Erros no manejo das pastagens podem resultar em prejuízos significativos, impactando diretamente a rentabilidade da produção pecuária.

Pasto rapado

Manter o pasto rapado, ou superpastejado, pode causar um prejuízo de mais de R$ 1.000 por hectare por ano. Em uma propriedade de 500 hectares, isso representa uma perda anual de mais de R$ 570.000.

O superpastejo compromete a saúde das plantas, reduzindo a produção de forragem e o ganho de peso dos animais, aumentando os custos operacionais.

Pasto alto e mal Manejado

Um pasto alto e mal manejado, ou subpastejado, pode resultar em perdas de até R$ 1.500 por hectare por ano. Para uma propriedade de 500 hectares, o prejuízo anual pode chegar a R$ 700.000.

A forragem fibrosa e menos nutritiva reduz a eficiência alimentar e a produção de carne, além de aumentar os custos de manutenção.

Adubação e seus efeitos

A ausência de adubação anual de manutenção reduz os custos de produção para R$ 1,50 por cabeça por ano.

No entanto, essa economia inicial resulta em uma queda significativa na lotação e produtividade das pastagens, impactando negativamente a rentabilidade.

  • Subpastejo: sem adubação, o subpastejo pode resultar em uma perda de R$ 2.820,00 por hectare por ano.
  • Superpastejo: no superpastejo, a falta de adubação pode levar a uma perda de R$ 2.560,00 por hectare por ano.

Em uma propriedade de 500 hectares, a falta de adubação adequada pode causar um prejuízo anual de quase R$ 1,3 milhão. Esses valores refletem os impactos combinados da redução na qualidade da forragem e na eficiência alimentar dos animais.

Considerações finais

A análise detalhada do manejo de pastagens evidencia que a adoção de práticas corretas vai além de simplesmente aumentar a produção; trata-se também de evitar perdas significativas e promover a sustentabilidade.

O manejo adequado das pastagens, incluindo a manutenção da altura ideal do capim e a adubação necessária, são práticas essenciais para garantir a rentabilidade e a longevidade da produção agropecuária.

Ao implementar essas práticas, os produtores podem não apenas melhorar seus resultados financeiros, mas também contribuir para a preservação ambiental e a eficiência produtiva.

Erros no manejo, como superpastejo ou subpastejo, podem resultar em prejuízos financeiros substanciais e comprometer a produtividade a longo prazo. A falta de adubação, por exemplo, pode reduzir drasticamente a lotação e a produtividade, levando a perdas anuais significativas.

Portanto, investir em conhecimento e práticas de manejo adequadas é fundamental para o sucesso e a longevidade da atividade pecuária. Entender e aplicar esses princípios pode transformar a viabilidade econômica de uma operação, garantindo que os recursos naturais sejam utilizados de forma eficiente e sustentável.

O manejo correto das pastagens é uma estratégia indispensável para alcançar uma produção agropecuária mais rentável e ambientalmente responsável.

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