Com o crescente aumento no preço de defensivos agrícolas nos últimos anos e com a necessidade de redução de custos de produção, o produtor vem cada vez menos realizando aplicações por calendário.
Por conta disso, vem adotando medidas de controle de pragas com uma maior precisão e munidos de parâmetros para tomada de decisão mais acertada possível, visando não só um recuo nesses custos, mas também a diminuição da quantidade de produtos químicos sendo exposto ao meio ambiente.
A partir desse critério é possível elencar alguns pontos necessários para chegarmos a esse objetivo:
- O conhecimento dos insetos pragas que atacam a cultura, tanto em sua biologia quanto hábitos;
- Os métodos de amostragem, para estabelecermos o controle com inseticidas, a partir do nível de controle – NC;
- Conhecimento da tolerância genética da variedade ou híbrido da cultura a ser plantada;
- Controle biológico por meio dos inimigos naturais;
- Quais os danos causados pela praga e quais os melhores inseticidas a serem usados para o controle.
Todos esses fatores são levados em consideração quando se faz o manejo integrado de pragas – MIP.
Monitoramento das pragas
Sendo assim, visando o controle dessas pragas de início de ciclo, devemos iniciar considerando qual a cultura ou quais as culturas que haviam anteriormente na área, seja na safra verão ou na segunda safra.
No período de entressafra alguns insetos possuem a capacidade de reduzir seu metabolismo para proporcionar um menor gasto de energia, alongando assim as suas fases até que as condições fiquem propícias para a reprodução, esse período é conhecido como diapausa.
Dessa forma devemos realizar amostragens nas áreas pré-dessecação para verificar a necessidade de uso de inseticidas e essa preocupação aumenta se a densidade populacional da praga já foi alta na cultura anterior.
Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)
Uma praga bastante comum no início do estabelecimento da cultura do milho é a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) com hábito de lagarta-rosca.
Essas lagartas geralmente de 5 instares causam problemas na fase inicial da cultura do milho, podendo alimentar de plântulas jovens e causando redução de estande, apesar do ponto de crescimento da planta não ser afetado há uma grande redução no desenvolvimento da planta, abre uma entrada para patógenos.
Além disso, o tratamento de sementes e a proteína Bt nesses casos não oferece um controle efetivo, pois lagartas já nesses instares são dificilmente controladas por meio dessas ferramentas de manejo, necessitando-se assim um monitoramento na pré dessecação, principalmente em áreas com plantas “tigueras” de milho e com plantas daninhas que oferecem abrigo para a Spodoptera, que assim permanece à espera da próxima safra.
O recomendado é se atentar ao histórico da área em relação à praga e qual cultura antecedeu o cultivo do milho a ser plantado, e tomar a decisão de aplicação de piretróides, clorpirifós ou carbamatos no início da cultura, com essa aplicação, visando a Spodoptera, temos como adicional o efeito sobre a lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus), que causa o “coração morto”.
Outro ponto bastante interessante é a realização da dessecação antecipada, em áreas que o regime de chuvas permite, para que haja a retirada de hospedeiros alternativos para a praga.
Esse tipo de dessecação pode auxiliar no controle não só da lagarta-do-cartucho como também a lagarta-rosca (Agrotis ipsilon) e até mesmo os percevejos.
Postura e lagartas em 3º instar de Spodoptera Frugiperda em planta de milho na pré-dessecação – Fonte: Arquivo pessoal
Tratamento de sementes
Apesar da baixa resposta de controle ao tratamento de sementes para essas pragas em alta densidade populacional, recomenda-se a utilização do mesmo.
O tratamento de semente tem efeito sobre pragas que podem ser importantes em algumas regiões, como a larva alfinete (Diabrotica speciosa), aos coleópteros conhecidos popularmente como corós ou bicho bolo (Phyllophaga spp., Cyclocephala spp.e Diloboderus abderus) e a lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus) que é mais comum em solos arenosos.
Pensando no manejo do percevejo barriga verde e corós podemos utilizar a Clotianidina a 42 ml/i.a. para 60.000 sementes, outro produto que pode ser usado no TS é o Clorantraniliprole de 30 a 45 ml/i.a. para 60.000 sementes, com o intuito de controle do coró, elasmo, lagarta-rosca e lagarta-do-cartucho em instares menores que venham raspar as folhas no início da cultura.
A importância do bom manejo de controle
A partir desse manejo de controle é possível o estabelecimento de uma lavoura com um bom estande de plantas no início do ciclo, o que é de suma importância quando queremos atingir altos tetos produtivos.
O período entre a germinação e o fechamento de linhas reflete tanto na produção, quanto outras fases importantes como o florescimento e fecundação, ainda mais quando se trata da cultura do milho onde a perda de uma planta por metro já reflete muito no estande final e proporciona entrada de luz, aumentando a germinação e desenvolvimento de plantas daninhas.
Além disso, a amostragem proporciona a tomada de decisão tanto na opção de realizar a aplicação ou não, quanto a aplicação de dose cheia ou parcial da recomendação, gerando economias e redução do custo de produção, e isso é muito interessante quando se passa por uma safra com incertezas ou quando alguma intempérie pode causar a redução da produtividade.
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Excelente artigo. Tenho uma dúvida. Qual é o número de armadilhas por hectare com grão úmido para capturar os percevejos? Muito obrigada!
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