Rehagro Blog

Tripes na soja: como identificar, prevenir e controlar essa praga 

Lavoura de soja recebendo pulverização

Os tripes na soja têm se tornado uma preocupação crescente para produtores de grãos, especialmente em regiões de clima quente e seco.

Esses insetos, pertencentes à ordem Thysanoptera, podem causar danos severos à cultura ao se alimentarem dos tecidos das folhas, comprometendo o desenvolvimento das plantas e impactando diretamente a produtividade.

Nos últimos anos, surtos de tripes em áreas produtoras de soja têm sido relatados com mais frequência, principalmente devido a mudanças climáticas e à intensificação do cultivo.

Além disso, a dificuldade de detecção precoce faz com que essa praga muitas vezes passe despercebida até que os danos já sejam significativos.

 

Sem tempo para ler agora? Baixe este artigo em PDF!


Características biológicas dos tripes

Os tripes são insetos pequenos, geralmente medindo entre 1 a 2 mm de comprimento, com um corpo alongado e coloração variando entre amarelo-claro, marrom e preto, dependendo da espécie e do estágio de desenvolvimento.

Possuem asas franjadas, o que facilita sua dispersão pelo vento, tornando a infestação mais difícil de conter.

E-book Ecofisiologia e manejo da soja

Principais espécies que atacam a soja

Na cultura da soja, algumas das espécies mais comuns de tripes incluem:

  • Caliothrips spp.: se concentram principalmente na face inferior das folhas, provocando distorções, prateamento, bronzeamento e, em casos mais severos, a queda das folhas.
  • Frankliniella spp.: se concentram nas brotações e nos meristemas apicais da planta, causando abortamento das flores.

Ciclo de vida e condições favoráveis para o desenvolvimento

Os tripes possuem um ciclo de vida relativamente curto, variando de 15 a 30 dias, dependendo das condições ambientais. O ciclo passa pelas seguintes fases:

  1. Ovo – Postura ocorre dentro da epiderme da folha, dificultando o controle.
  2. Larva (1º e 2º instar) – Ativa na alimentação e responsável pelos danos diretos à planta.
  3. Pré-pupa e pupa – Ocorrem no solo ou em partes protegidas da planta.
  4. Adulto – Forma alada, que se dispersa e inicia nova infestação.

O clima influencia fortemente a dinâmica populacional dos tripes. Temperaturas acima de 25°C e baixa umidade acelera o seu ciclo de vida e torna as lavouras mais vulneráveis em períodos secos.

Pós-graduação em Produção de Grãos

Como identificar os sintomas da infestação

Os danos causados pelos tripes na soja incluem:

  • Prateamento e descoloração das folhas: resultado da sucção da seiva e destruição das células epidérmicas causado pelos Caliothrips sp., como Caliothrips brasiliensis, Caliothripes phaseoli e outros.
  • Enrugamento e deformação foliar: folhas afetadas podem apresentar crescimento irregular, sintomas também dos danos de Caliothrips sp.
  • Redução da taxa fotossintética: impacto direto na capacidade produtiva da planta.
  • Queda prematura das folhas: em infestações severas, pode comprometer a produção.
  • Abortamento de flores: a sucção da seiva das flores causando o abortamento dessas, principalmente por Frankliniella spp.

A observação de tripes na parte inferior das folhas jovens e nas flores e a presença de fezes escuras (pontuações negras) são indicativos de infestação ativa.

Relação entre infestações e estresses climáticos

Os tripes apresentam desenvolvimento acelerado em temperaturas elevadas, sendo mais ativos em períodos de clima quente e seco. As condições ideais para sua reprodução incluem:

  • Temperatura acima de 25°C – Ciclo de vida mais curto
  • Baixa umidade relativa do ar – Facilita a dispersão dos insetos e reduz a capacidade de recuperação da planta.
  • Ausência de chuvas frequentes – Chuvas intensas podem reduzir a população de tripes ao lavar os insetos das folhas.

Perdas econômicas associadas à praga

Embora a soja seja uma cultura relativamente tolerante a danos foliares em comparação a outras culturas, infestações severas de tripes podem causar:

  • Redução na produtividade: em cenários críticos, as perdas podem superar 20% do rendimento da lavoura.
  • Aumento nos custos de produção: o controle inadequado pode levar a aplicações frequentes de inseticidas, elevando os custos e o risco de resistência dos tripes aos produtos químicos.
  • Comprometimento da qualidade dos grãos: em alguns casos, plantas enfraquecidas e com menor área fotossintética podem produzir grãos menores, de menor peso e consequentemente menor produtividade da lavoura.

O monitoramento contínuo e a aplicação de estratégias de controle no momento certo são essenciais para evitar prejuízos e garantir uma lavoura saudável.

Métodos de monitoramento e controle

A chave para um manejo eficiente dos tripes na soja está no monitoramento adequado da praga e na tomada de decisão baseada em níveis de infestação. Métodos eficazes de controle podem evitar perdas significativas e reduzir a necessidade de aplicações excessivas de inseticidas.

Ferramentas e técnicas para monitoramento

Para avaliar a presença e a intensidade da infestação de tripes, os engenheiros agrônomos e produtores podem utilizar diversas estratégias:

  1. Inspeção visual: examinar a parte abaxial das folhas mais jovens, os trifólios novos do meristema apical e as flores, observando a presença e/ou sinais como pequenas raspadas, prateamento e deformações.
  2. Uso de armadilhas adesivas azuis: atrativas para tripes adultos, auxiliam no monitoramento populacional.
  3. Amostragem com batida de pano: método eficiente para estimar a densidade populacional na lavoura.
  4. Monitoramento semanal: avaliações frequentes ajudam a detectar o aumento da população antes que os danos sejam severos.

O nível de ação recomendado para controle químico varia de acordo com a região, mas, geralmente, considera-se intervenção quando há mais de 2 ninfas ou adultos por trifólio na soja, impedindo que a população aumente e as intervenções não sejam suficientes comprometendo o rendimento da cultura.

Níveis de controle e tomada de decisão para manejo

O controle de tripes deve ser baseado no conceito de Manejo Integrado de Pragas (MIP), que busca equilibrar diferentes estratégias para reduzir a infestação sem causar impactos ambientais e econômicos desnecessários.

A aplicação de inseticidas pode ser necessária quando a infestação atinge níveis críticos. Alguns grupos químicos recomendados incluem: piretróides, avermectinas, neonicotinóides, organofosforado, pirazol e espinosinas.

Conclusão

O manejo dos tripes na soja exige uma abordagem estratégica e integrada para minimizar os danos à cultura e evitar perdas econômicas significativas.

Com a intensificação da produção agrícola e as mudanças climáticas, o desafio de controlar tripes na soja tende a crescer. Por isso, é fundamental que profissionais do setor estejam atentos ao monitoramento e façam as intervenções no momento certo.

Ao aplicar um manejo eficiente e sustentável, os produtores poderão garantir lavouras mais saudáveis, produtivas e resistentes às oscilações ambientais.

Pós-graduação em Produção de Grãos

Quer tomar decisões mais estratégicas na produção de grãos e se destacar como referência técnica no campo?

Conheça a nossa Pós-graduação em Produção de Grãos e prepare-se para elevar o nível de sua atuação profissional, gerar mais resultados para seus clientes e se destacar no setor. Clique em saiba mais!

Pós-graduação em Produção de Grãos

 

Autoria: Equipe Grãos Rehagro

Comentar