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Enriquecimento de colostro: maximizando a saúde das bezerras

Sabemos que a ingestão e absorção de maiores quantidades de IgG são necessárias para aumentarmos os níveis séricos de IgG em bezerras recém-nascidas. A absorção de imunoglobulinas do colostro proporciona proteção contra doenças comuns até que o sistema imunológico do animal esteja totalmente desenvolvido. 

Por isso, é imprescindível que os bezerros recém-nascidos ingiram colostro de alta qualidade para que ocorra a absorção de IgG para obter uma transferência bem-sucedida de imunidade passiva em 24 horas, pois sabe-se que a falta de fornecimento adequado de colostro pode ser associada a um maior risco de mortalidade em bezerras. 

Nesse texto iremos discutir sobre as formas de enriquecer um colostro de qualidade imunológica baixa, tornando um colostro de maior qualidade e consequentemente capaz de proporcionar uma maior proteção às bezerras e contribuir para seu desenvolvimento. 

 

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Por que e quando devo enriquecer o colostro?

Estudos já demonstraram que bezerras com concentrações séricas de IgG > 15mg/mL em comparação com 10mg/mL às 24 horas de vida, tiveram uma taxa de mortalidade e morbidade reduzidas. Além disso, um consenso recente declarou quatro categorias de classificação da transferência de imunidade passiva em recém-nascidos: 

  • Excelente (25,0 mg/mL)
  • Bom (18,0 – 24,9 mg/mL) 
  • Regular (10,0 – 17,9 mg/mL) 
  • Ruim (< 10,0mg/mL) 

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Isso prediz o quão fundamental é garantir que as bezerras atinjam uma transferência de imunidade passiva bem sucedida e se possível, alcancem o nível “excelente”. 

Como forma de aumentar as concentrações séricas de IgG, as bezerras precisam consumir maiores quantidades totais de IgG ao nascer e para isso, uma estratégia é fornecer refeições de colostro com altas concentrações dessa imunoglobulina. 

Sabemos que há uma grande variação de concentração de IgG existente entre as próprias vacas e que essa variação pode limitar a capacidade dos produtores de alimentar consistentemente as bezerras com quantidades maiores de IgG na primeira colostragem. 

Entretanto, uma estratégia importante e promissora seria enriquecer o colostro de baixa qualidade utilizando determinada quantidade de substituto de colostro (colostro em pó) ou o próprio colostro de alta qualidade coletado na fazenda. Dessa forma, é possível maximizar o consumo e as concentrações de IgG na corrente sanguínea.

Gráfico com a relação IgG sérica com o tempo pós-colostro

Gráfico com a concentração sérica de IgG em relação à alimentação com colostro

Fonte: Lopez et al. 2023

Estudos demonstraram que quando temos um colostro de baixa qualidade, com concentração de IgG de 30 g/L, o mesmo pode ser enriquecido para 60 g/L de IgG (30-60CR) e aumentar assim significativamente a IgG sérica 24 horas, o que significa dizer que enriquecer um colostro de qualidade ruim é extremamente benéfico e possível de ser realizado nas propriedades. 

A recomendação é que as bezerras recém-nascidas sejam alimentadas com pelo menos 100g de IgG logo após o nascimento para que tenhamos sucesso na transferência de imunidade passiva. Quando as bezerras recebem uma baixa concentração de IgG, temos falhas na transferência de imunidade passiva (FTP).

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Como fazer o enriquecimento do colostro?

É importante ressaltarmos da necessidade de se ter uma correta extração de colostro da vaca, obedecendo questões de higiene e de tempo, pois o enriquecimento visa apenas corrigir as concentrações de imunoglobulinas, ou seja, sua qualidade imunológica e não corrigir erros de coleta. 

Há duas formas de realizarmos o enriquecimento do colostro antes do seu fornecimento para o recém-nascido: enriquecimento utilizando colostro em pó e o enriquecimento utilizando um colostro de maior qualidade imunológica. 

Enriquecimento com colostro em pó

Nessa estratégia o colostro é enriquecido adicionando sempre 15 gramas do colostro bovino em pó em 1 litro de colostro fresco e/ou descongelado, a fim de elevar o valor do Brix para um número de excelência. 

Para melhor definição da quantidade de colostro em pó a ser adicionado para que seja atingido o Brix alvo, temos a tabela a seguir:

Adicionar 15 gramas de colostro em pó a cada 1 litro de colostro fresco/descongelado, para aumentar 1 ponto percentual do valor de BRIX (%).

Tabela com a quantidade de medidas para enriquecimento do colostro utilizando o colostro em pó.

Tabela com a quantidade de medidas de colostro em pó a ser adicionado em 1 litro de colostro fresco/descongelado para aumentar o valor de Brix (%). Os números representados traduzem quantas medidas de 15g serão necessárias para atingir o valor de Brix alvo. Fonte: Adaptado Alta Cria

Enriquecimento com colostro de maior qualidade

Já essa estratégia, visa um melhor aproveitamento dos próprios colostros obtidos pela fazenda. É comum que nas propriedades, colostros de Brix(%) baixo não sejam fornecidos às bezerras e descartados simplesmente por não apresentarem uma qualidade definida como ideal para colostragem das bezerras.

Entretanto, já existem fazendas que adotam um manejo diferente, onde todo colostro, independente do resultado do Brix, é congelado em pequenas porções (1L) e são utilizados na diluição para formar colostros com qualidades ideias de serem ofertados.

Tabela demonstrando um manejo de congelamento de colostro utilizando o enriquecimento.

Tabela demonstrando um manejo de congelamento de colostro utilizando o enriquecimento, o qual é feito a partir da junção de dois colostros de qualidades imunológicas diferentes a fim de atingir um brix final. Fonte: Acervo Rehagro.

Nesse exemplo, a propriedade adotou o critério de sempre realizar o congelamento a partir do volume de 1 L, o que facilita a diluição dessa qualidade quando haverá o enriquecimento.

Além disso, não há perda de nenhum colostro, pois independente da qualidade apresentada, o mesmo será congelado e posteriormente em algum momento utilizado. 

Considerações finais

Em resumo, é possível ressaltar que o enriquecimento do colostro é uma prática importante na produção leiteiras, pois atua na garantia da saúde e desenvolvimento adequado das bezerras, o que contribui para a sustentabilidade e rentabilidade da operação.

Além disso, não podemos nos esquecer que esse manejo deve ser feito a partir de orientações técnicas, principalmente aquelas relacionadas com o enriquecimento a partir de outro colostro, a fim de assegurar que as diluições estão corretas para o cenário definido pela fazenda.

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Laryssa MendonçaVictor Hugo Simões

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