Durante o período gestacional as estruturas umbilicais estabelecem a ligação materno-fetal para que haja fornecimento de nutrientes ao feto e sejam feitas trocas gasosas e metabólicas.
Logo após ao parto essas estruturas se rompem, perdem a funcionalidade e originam o coto umbilical, que ainda assim possui importância para as bezerras recém-nascidas devido representar uma “ferida aberta” que serve como porta de entrada de microrganismos do ambiente para o organismo.
Assim, o processo de cura de umbigo das bezerras representa um cuidado inicial extremamente importante para a saúde das leiteiras, impacta diretamente seu desenvolvimento futuro.
Neste texto serão discutidos aspectos sobre a anatomia umbilical, consequências das onfalites, cura adequada do umbigo e monitoramento da saúde umbilical. Acompanhe!
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Anatomia umbilical e as consequências das onfalites
Conforme demonstrado pela imagem abaixo, a anatomia umbilical é composta por uma veia que se direciona diretamente ao fígado, por duas artérias que se distribuem pelo organismo e pelo úraco que estabelece ligação com a bexiga.
Conhecer as estruturas que compõem o umbigo das bezerras é essencial para entender as consequências das infecções umbilicais, denominadas também como onfalites.
O desfecho dos quadros de onfalite depende principalmente da estrutura umbilical acometida e da eficiência de processos como a colostragem.
O esquema apresentado abaixo expõe as principais consequências das onfalites de acordo com a estrutura umbilical acometida.
Casos de onfalite em bovinos recém-nascidos. (Fonte: Rafael Perez, Grupo Rehagro).
Além da possibilidade de acarretar alterações físicas e fisiológicas no organismo das bezerras, estudos demonstram que os distúrbios gerados pelas infecções umbilicais possuem correlação com redução da produção de leite já na primeira lactação.
Em casos onde a bezerra não foi bem colostrada e desenvolveu onfalite, por exemplo, as consequências são ainda mais graves.
Onfalites não diagnosticadas e/ou não tratadas tendem a se complicar, ocasionando septicemia e levando os animais ao óbito.
Como realizar a cura do umbigo corretamente?
Realizar a cura de umbigo significa imergir o coto umbilical até a sua base em uma substância antisséptica e desidratante. A substância que possui essas características e que é mais recomendada para este processo é a tintura de iodo com concentração a 10%.
Recomenda-se que a cura de umbigo seja feita imediatamente após o nascimento da bezerra, imergindo o cordão umbilical até a sua base na tintura de iodo durante aproximadamente 30 segundos.
A frequência mínima a ser adotada é de 2 vezes por dia, até o dia em que o umbigo seque e se desprenda do abdômen.
A conservação da tintura de iodo ao abrigo da luz solar e da matéria orgânica é essencial para garantir o seu desempenho, visto que o contato do produto com esses fatores reduz a sua bioeficiência.
É por esses motivos que se indica o armazenamento do iodo em um recipiente âmbar (reduz a passagem de radiação solar) do tipo copo sem retorno (evita o retorno de sujidade do ambiente para a tintura).
Copo sem retorno para armazenamento da tintura de iodo. (Fonte: José Zambrano, Grupo Rehagro)
Como fabricar a tintura de iodo 10%?
A tintura de iodo pode ser de origem comercial ou produzida pela própria fazenda. Independente da sua origem, a tintura deve ser de qualidade a fim de promover uma adequada cura de umbigo.
Na tabela a seguir está demonstrada uma fórmula de tintura de iodo 10% para fabricação na fazenda, confira.
Como fazer a tintura:
- Macerar as 75 gramas de iodo metálico e as 25 gramas de iodeto de potássio, diluindo-as em 50 – 100 ml de água destilada.
- Acrescentar 900 – 950 ml de álcool absoluto até que a tintura complete 1 litro.
- Armazenar todo o volume em um frasco de cor âmbar, tampado e ao abrigo da luminosidade.
- Transferir a tintura de iodo para o copo sem retorno quando necessário.
Como saber se a cura do umbigo está sendo eficiente?
A eficiência da cura de umbigo deve ser monitorada constante e periodicamente.
Recomenda-se realizar a avaliação do umbigo das bezerras por meio de palpação manual cerca de 15 a 20 dias após o nascimento para averiguar a eficiência do processo de cura de umbigo e detectar possíveis alterações/infecções.
O esperado é que bezerras com umbigo saudável apresentem diâmetro umbilical próximo ao de uma carga de caneta esferográfica.
Avaliações a campo observa que os animais oriundos de fecundação in vitro (FIV)/ transferência embrionária (TE) têm apresentado um maior diâmetro do umbigo, o que deve ser diferenciado dos casos de onfalite.
Palpações umbilicais realizadas fora do período ideal, ou seja, entre os 15 e 20 dias de idade, não são muito confiáveis, pois antes dessa fase o reconhecimento das estruturas umbilicais internas não é tão fácil e após os 20 dias aumenta-se a tensão da musculatura abdominal das bezerras, dificultando o acesso das estruturas pela palpação.
Durante a palpação deve-se classificar o umbigo em um escore de 0 a 2:
Uma meta comumente trabalhada como ideal é de que no mínimo 90% das bezerras avaliadas apresentem escore umbilical 0, ou seja, sem alterações.
Dada a importância da saúde do umbigo, torna-se essencial intensificar e dar prioridade ao processo de cura de umbigo.
Casos de onfalite contribuem para redução do desempenho das bezerras, ocorrência de doenças concomitantes, aumento nos custos com tratamento e redução nas taxas de sobrevivência dos animais.
Avaliar a condição umbilical de forma periódica e sistemática através da palpação manual garante o monitoramento da eficiência do processo de cura de umbigo.
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Boa tarde
Faço a cura do umbigo cortando deixando 2 cm mais ou menos. E faço o procedimento prescrito. É correto?
Otima Explicaçao como tenho algumas vacas bois e bezerros sempre me deparo com algumas complicaçoes .
Tenho curso de asistente veterinaria.
Mas gostei muito das informaçaes aqui .
Qual o medicamento que devo utilizar no umbigo dos animais.
quando é realizado o uso do Cidental e Umbicura, nãpo há necessidade de cortar, pois o umbigo secará