Inseto pertencente a ordem hemíptera, as cigarras do cafeeiro são insetos sugadores que possuem metamorfose incompleta. É uma praga que não ataca somente o cafeeiro (Polifago), dessa forma, ela pode atacar outras espécies de plantas. Segundo Souza et al. (1983), na cafeicultura da região do Sul de minas, ocorrem três espécies de cigarra, sendo elas: Quesada gigas, Fidicinoides sp. e Carineta sp, no entanto, a Q. gigas é predominante e causa maiores prejuízos, essa espécie possui em torno de 5 a 7 cm e apresenta transito de agosto a novembro, por isso, deve-se ficar atento com a ocorrência dessa praga.
Figura.1 Adultos de Q. gigas, macho (esquerda) e fêmea (direita). (Fonte: Paulo Rebelles Reis – EPAMIG)
Ciclo da cigarra
As fêmeas adultas após terem sido copuladas pelos machos, depositam seus ovos nos ramos das plantas hospedeiras, após a eclosão dos ovos, há a formação da fase ninfa móvel, que desce até o solo através de um filamento produzido pela própria ninfa, a fim de buscar uma raiz do cafeeiro e iniciar sua alimentação da seiva. Terminada a fase de ninfa móvel e já totalmente desenvolvida, elas abandonam o solo, deixando buracos no solo em sua saída, sobem no caule do cafeeiro e fixam-se no tronco, passando assim para a fase ninfa imóvel (Souza et al., 2007). Posteriormente a essa fase, ocorre a ecdise (mudança do exoesqueleto) emergindo o adulto, dessa forma estando prontas ao acasalamento.
Figura.2 Ninfas móveis de Q. gigas no solo (Fonte: Paulo Rebelles Reis – EPAMIG)
Figura.3 (Fonte: Do autor)
Danos ou prejuízos da cigarra do cafeeiro
Apesar de ser uma praga que não ataca apenas a cultura do café, as cigarras podem trazer prejuízos ao cafeeiro, quando não manejada. Devido a sua alimentação da seiva das raízes, que pode acarretar em prejuízos ao aproveitamento de água e nutrientes, resultando em morte das raízes, clorose, queda precoce de folhas, prejuízos a granação dos frutos, queda na produção, diminuição da vida útil das lavouras e até mesmo podendo resultar em definhamento progressivo e morte das plantas, em casos mais severos.
Monitoramento e controle
Embora nos últimos anos as cigarras não tenham apresentando grandes problemas em diversas lavouras cafeeiras, devido ao controle com produtos eficientes via solo, ainda pode-se encontrar lavouras com infestação dessa praga. Para a tomada de decisão do controle, deve-se realizar o monitoramento, com o intuito de verificar a infestação.
O monitoramento é feito nos talhões, após observar a presença de orifícios circulares de saída de ninfas móveis do solo, na projeção da copa do cafeeiro e a presença de exúvias no caule. Deve-se escolher 10 plantas ao acaso, e realizar trincheiras de um lado dessas plantas, retirando as ninfas encontradas, para posteriormente serem contabilizadas e multiplicadas por dois, para que represente ambos os lados da planta amostrada. Caso sejam encontradas mais de 35 ninfas móveis, deve-se realizar o controle (Souza et al., 2007).
O controle químico pode ser feito com inseticidas do grupo químico neonicotinóide, como imidacloprid e thiamethoxam, devendo observar a dosagem recomendada e o modo de aplicação para cada produto. Com o intuito de realizar uma boa distribuição, para melhor contato e absorção pelas raízes.
Referências:
SOUZA, J.C. de; REIS, P.R.; MELLES, C.C.A. Cigarras-do-cafeeiro: histórico, reconhecimento, biologia, prejuízos e controle. Belo Horizonte: EPAMIG, 1983, 27p. (EPAMIG-Boletim Técnico, 5).
SOUZA, J.C. de; REIS, P.R.; SILVA, R.A.; Cigarras-do-cafeeiro em Minas Gerais: histórico, reconhecimento, biologia, prejuízos e controle. Belo Horizonte: EPAMIG, 2007. (Boletim Técnico no 80 ISSN 0101-062X)
Crédito foto de capa: Portal Syngenta
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