A agricultura é responsável por aproximadamente 90% do consumo de todo o fósforo (P) no mundo!
Devido ao aumento do consumo de fósforo, os depósitos de rochas fosfáticas de boa qualidade estão tendo expressiva redução e isso, por consequência, um aumento do custo de extração.
Uma das estratégias que deve ser adotada para isso, é o uso racional de fertilizantes fosfatados pela agricultura, principalmente no Brasil. Além da importância para a segurança alimentar global, há uma alta dependência de fertilizantes fosfatados para a produção agrícola.
Como a recomendação de fertilizantes fosfatados no Brasil se baseia na análise química do solo, acaba sendo necessário verificar sua eficiência com a evolução dos métodos de cultivo, bem como atualizar importantes valores de referência, como níveis críticos de fósforo no solo.
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Determinando o teor de fósforo pelo Mehlich-3
A determinação da disponibilidade de fósforo do solo que se transloca para as plantas, no Brasil, é realizada por Mehlich-1 e Resina Trocadora de Íons.
O extrator Mehlich-1 é sensível à capacidade de tamponamento de P do solo. Assim, a interpretação de seus resultados depende do conhecimento prévio das características do solo, com relação às propriedades desses solos, o que não é necessário para Resina trocadora de Íons.
O extrator Mehlich-3 tem sido recomendado como substituto do Mehlich-1, devido às seguintes vantagens:
- Não há solubilização de formas naturais de P – (cálcio) Ca em alguns solos menos intemperizados;
- Não há solubilização de formas naturais de P – Ca em alguns solos fertilizados com rochas fosfáticas;
- Ele permite boa extração de micronutrientes, como ferro (Fe), manganês (Mn), zinco (Zn) e cobre (Cu).
Assim, o Mehlich-3 possui grande potencial para ser utilizado em diversos laboratórios, cuja rotina seja para analisar solos no Brasil. Isso é possível devido à sua extração com múltiplos elementos, o que reduz os custos de análise.
Diferenças entre Mehlich-1, Mehlich-3 e Resina
Mehlich-1
O Mehlich-1 e o Mehlich-3 possuem princípios similares de extração, baseados principalmente em solubilização ácida e troca aniônica.
Durante o procedimento de extração no Mehlich-1, ocorre a solubilização dos fosfatos pelos íons H+ e a troca de SO₄– pelo extrator com o PO₄–, que é adsorvido com menor energia de ligação. Ao mesmo tempo, a ocupação dos locais de adsorção de PO₄– por SO₄– mantém a solução dessorvida de PO₄–.
Mehlich-3
A extração do Mehlich-3 ocorre a um pH tamponado de 2,5, devido à presença de ácido acético, o que resulta em menos solubilização das formas de P-Ca do que o Mehlich-1, em que o pH do solo: a suspensão da solução é de cerca de 1,2.
Além disso, a presença de NH₄F na solução Mehlich-3 extrai especificamente as formas P-Al e o EDTA, podendo ser responsável pela extração de algumas formas orgânicas de P.
Resina Trocadora de Íons
A extração com Resina Trocadora de Íons é baseada no processo de adsorção de P na solução do solo pela resina aniônica. Consequentemente, na dessorção do P adsorvido em partículas do solo, que estão em equilíbrio com a solução do solo durante a agitação com o solo: água (1: 10 v / v) para 16 h.
É por isso que alguns autores afirmam que a Resina Trocadora de Íons age de maneira semelhante às raízes das plantas.
Comparativo dos 3 métodos
A extração com Mehlich-1 é realizada com (HCl 50,0 mmol L-1 H₂SO₄ 12,5 mmol L-1) e no Mehlich-3 é realizada com (NH₄F 15 mmol L-1 CH₃COOH 200 mmol L-1 NH4NO3 250 mmol L-1 HNO₃ 13 mmol L-1 EDTA 1 mmol L-1) na proporção 1:10 solo: solução (5 cm³ para 50 mL do extrator).
As amostras são agitadas com a solução extrativa por 5 min e, em seguida, é realizada a filtração com papel de filtro lento.
Para extração com Resina de troca iônica, é utilizada uma mistura de resina de troca aniônica e resina de troca catiônica.
A extração é realizada agitando 2,5 cm³ de solo peneirado com 25 mL de água e bola de vidro por 15 min. Depois disso, a bola de vidro é removida e adicionados 2,5 cm³ de resina trocadora de íons e agitados com o solo e a água por 16 h. Em seguida, a resina trocadora de íons é removida do solo e agitado por uma hora com uma solução de NH₄Cl 0,8 mol L-1 com HCl 0,2 mol L-1 para liberar o P.
Após a obtenção dos extratos, é realizada a determinação de P.
Nível crítico de fósforo
Devido à sensibilidade do Mehlich-3 ao tamponamento de P do solo, as faixas de interpretação para o teor de P disponível no solo é medido de acordo com o teor de argila e P-rem.
Conforme apresentado, o nível crítico de P do solo por Mehlich-3 é estratificado de acordo com o P-rem em intervalos menores acima do P-rem de 19 mg L-1 (14,2 – 21,3 mg dm-3) em comparação com a recomendação para Mehlich-1 (15,8 – 30,0 mg dm-3).
As faixas de interpretação do P – Mehlich-3 levam em consideração a perda descontínua da capacidade de extração de P do extrator Mehlich-3. Também são apresentadas as faixas de disponibilidade mais baixas para argila como uma medida de capacidade de tamponamento de P do solo.
O nível crítico de P disponível no solo são os valores do limite superior da classe média.
Qual o melhor método para interpretação do fósforo?
As taxas de recuperação de fósforo no solo e os níveis críticos obtidos pelos extratores Mehlich-1 e Mehlich-3 são influenciados pela capacidade de tampão P do solo, avaliada pelo teor de argila do solo e o restante de fósforo. O que não ocorre com a resina de troca iônica.
O extrator Melhlich-3 sofre uma perda descontínua da capacidade de extração com o aumento da capacidade tampão do fósforo no solo, o que resulta em intervalos menores da disponibilidade de fósforo no solo na tabela de interpretação.
Para entender a análise do fósforo pelo Mehlich-3, é preciso ter um conhecimento prévio em tamponamento ou do fósforo restante, também chamado de remanescente ou pelo teor de argila desse solo.
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