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Pré-dipping sendo realizado antes da ordenha do leite

Cultura microbiológica do leite: como utilizar para o controle da mastite em bovinos?

Dentre os pontos de controle da mastite, a cultura microbiológica do leite é uma ferramenta fundamental, pois permite a identificação dos microrganismos responsáveis pelos casos de mastite clínica e subclínica no rebanho, auxiliando nas tomadas de decisões de maneira assertiva.

A técnica consiste em coletar amostras de leite e semear em placas com meio de cultura seletivo que favorecem o crescimento dos microrganismos para a correta identificação, seja em laboratórios, seja na própria fazenda.

Para que essa ferramenta possa auxiliar na rotina das propriedades leiteiras é muito importante que a coleta seja feita corretamente, reduzindo assim os riscos de contaminação das amostras.

 

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Passo a passo para a coleta de amostras de leite

1. Os cuidados com a coleta se iniciam na preparação dos tetos através dos procedimentos de rotina de ordenha.

2. É fundamental o uso de luvas limpas, além de realizar o teste da caneca, a imersão dos tetos com solução pré-dipping com ação de 30 segundos e a secagem da lateral e ponta dos tetos utilizando papel toalha, garantindo tetos limpos para a coleta.

3. Após a preparação dos tetos, é necessário desinfetar a ponta do teto utilizando gaze ou algodão com álcool 70%. Caso a coleta seja feita em mais de um teto, cada teto deve ser desinfetado com uma gaze ou algodão, iniciando o procedimento dos tetos mais distantes para os tetos mais próximos, reduzindo os riscos de contaminação.

4. A coleta deve ser feita utilizando tubos estéreis. Nesse momento é importante evitar o contato da tampa do tubo com sujidades, além de evitar o contato dos tetos com o tubo de coleta. Realizar a coleta com o frasco inclinado, como mostra a figura abaixo, reduz o risco de contato da amostra com sujidades do úbere.

5. Caso a coleta seja feita em mais de um teto (amostra composta), é recomendada que a coleta seja realizada primeiramente nos tetos mais próximos e posteriormente nos tetos mais distantes. Vale ressaltar que para os casos de mastite clínica, a recomendação é realizar uma coleta para cada teto.

6. Após a coleta, deve-se identificar o tubo (vaca e quarto mamário) e manter a amostra refrigerada até o processamento.

Procedimento para coleta de amostra de leite para exame de mastiteAdaptado de Bewley, 2019

 

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Casos de mastite clínica

A utilização da cultura microbiológica para os casos de mastite clínica, ou seja, quando há presença de alterações visíveis no leite, tem se tornado cada vez mais usual na rotina das fazendas leiteiras.

Isso porque, com a identificação do agente causador da mastite dentro de 24 horas, é possível definir a necessidade ou não de tratamento antimicrobiano e a duração do tratamento, reduzindo assim o uso de antimicrobianos e dos custos relacionados aos medicamentos e descarte de leite.

Outro ponto importante é que a cultura dos casos de mastite clínica auxilia na identificação do perfil de patógenos do rebanho para tomadas de decisão, se tornando uma ferramenta ainda mais relevante no controle da mastite e qualidade do leite.

Resultados de pesquisa mostram que em média 30% dos casos de mastite clínica apresentam resultado de cultura negativa, ou seja, sem crescimento de patógenos e consequentemente, sem necessidade de tratamento antimicrobiano.

Além disso, alguns agentes ambientais como os coliformes, apresentam alta taxa de cura espontânea, contribuindo para a redução dos tratamentos, sendo comum encontrar propriedades cujo uso de medicamentos para mastite clínica reduziu em 50%.

Para os resultados de cultura positiva, a decisão do tratamento e sua duração variam conforme o patógeno. Sabe-se que a terapia prolongada (5 a 8 dias) pode auxiliar na taxa de cura de mastites causadas por Streptococcus ambientais, por exemplo, enquanto outros agentes como o S. agalactiae possui boa taxa de cura com terapia de 3 dias.

Vale lembrar que a decisão de tratamento dos casos de mastite clínica envolve outros aspectos além do resultado da cultura microbiológica, como:

Manual de controle da mastite

Casos de mastite subclínica

Outra finalidade da cultura microbiológica é realizar a coleta de amostras compostas (quatro quartos) de todas as vacas em lactação ou de vacas ou quartos de alta CCS, para identificação dos patógenos prevalentes no rebanho e definição de plano de ação de acordo com os agentes identificados.

Essas coletas podem ser realizadas seguindo o histórico de CCS ou CMT do rebanho.

Podemos realizar a cultura microbiológica para definir o perfil de patógenos que estão causando novas infecções, ou seja, vacas com CCS menor que 200 mil células/ml no mês anterior e CCS maior que 200 mil células/ml no mês atual.

Outra possibilidade é identificar vacas crônicas, ou seja, com CCS maior que 200 mil células/ml por 2 a 3 meses consecutivos, e realizar a cultura microbiológica para identificar os patógenos causadores de infecções de longa duração.

Outros casos de mastite

A ferramenta da cultura microbiológica pode ser uma excelente aliada da sanidade e biosseguridade do rebanho, através da identificação dos patógenos em vacas de compra, evitando a entrada de patógenos como o S. aureus e S. agalactiae, cuja transmissão acontece de forma rápida no rebanho.

A realização de coleta de amostras em vacas no pós parto também é uma opção bastante interessante, uma vez que podemos identificar pontos de melhoria nos manejos de secagem e ambiente do pré parto, identificar a presença de agentes contagiosos e casos de primíparas com S. aureus.

Conclusão

Identificar os patógenos presentes no rebanho e definir as estratégias de acordo com os desafios encontrados na propriedade são passos fundamentais para o controle da mastite, melhoria na saúde da glândula mamária e qualidade do leite. Esses patógenos podem trazer grandes prejuízos financeiros ao produtor.

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Gabriela Magioni

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