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Controle de percevejo de barriga verde em planta de milho.

Monitoramento e controle de percevejos e lagartas na cultura do milho

Com o crescente aumento no preço de defensivos agrícolas nos últimos anos e com a necessidade de redução de custos de produção, o produtor vem cada vez menos realizando aplicações por calendário.

Por conta disso, vem adotando medidas de controle de pragas com uma maior precisão e munidos de parâmetros para tomada de decisão mais acertada possível, visando não só um recuo nesses custos, mas também a diminuição da quantidade de produtos químicos sendo exposto ao meio ambiente. 

A partir desse critério é possível elencar alguns pontos necessários para chegarmos a esse objetivo:

  • O conhecimento dos insetos pragas que atacam a cultura, tanto em sua biologia quanto hábitos;
  • Os métodos de amostragem, para estabelecermos o controle com inseticidas, a partir do nível de controle – NC;
  • Conhecimento da tolerância genética da variedade ou híbrido da cultura a ser plantada;
  • Controle biológico por meio dos inimigos naturais;
  • Quais os danos causados pela praga e quais os melhores inseticidas a serem usados para o controle.

Todos esses fatores são levados em consideração quando se faz o manejo integrado de pragas – MIP.

 

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Monitoramento das pragas

Sendo assim, visando o controle dessas pragas de início de ciclo, devemos iniciar considerando qual a cultura ou quais as culturas que haviam anteriormente na área, seja na safra verão ou na segunda safra.

No período de entre safra alguns insetos possuem a capacidade de reduzir seu metabolismo para proporcionar um menor gasto de energia, alongando assim as suas fases até que as condições fiquem propícias para a reprodução, esse período é conhecido como diapausa.

Dessa forma devemos realizar amostragens nas áreas pré-dessecação para verificar a necessidade de uso de inseticidas e essa preocupação aumenta se a densidade populacional da praga já foi alta na cultura anterior. 

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Percevejos (Euschistus heros e Dichelops sp.)

Podemos optar pelo uso de inseticidas após a germinação das plantas, no caso do milho que sofre muito com ataque de percevejo barriga verde e o marrom (Dichelops sp. e Euschistus heros respectivamente), pois com a sucção da seiva a toxina é injetada na planta, que se torna raquítica e emite perfilhos não produtivos.

O tratamento de sementes tem um efeito de aproximadamente 20 dias, porém com uma densidade populacional da praga muito alta, há a redução do estande e produtividade da mesma forma.

Assim a alta densidade pode justificar-se na segunda safra por termos tido uma infestação no final do ciclo da soja, e no milho verão podemos justificar pela presença de plantas daninhas hospedeiras, como a trapoeraba (Commelina sp.), Capim carrapicho (Cenchrus echinatus), Malva (Sida cordifolia) e também em áreas onde tínhamos trigo anteriormente.

Recomenda-se levantar por meio da amostragem a quantidade de percevejos por metro e realizar a aplicação de Tiametoxam+Lambda cialotrina caso exceda o NC.

Sendo assim devemos realizar amostragens considerando um nível de controle acima de 0,8 por m², no caso de aplicações de inseticidas em V1, segundo Duarte 2015 e consideramos 2 até V3 (Gassen, 1996) onde ainda é possível evitar danos na produtividade.

Já no caso de amostragens na pré-dessecação ou pré-plantio podemos utilizar de iscas com grãos de soja umedecidos. As iscas devem ser distribuídas em número de para cada talhão, cerca de 250 gramas do grão umedecidos e acrescentados ½ colher de chá de sal de cozinha.

A partir da conferência das amostras podemos ter uma ideia da população de percevejos na área, recomendando-se o uso de tratamento de sementes quando 3 a 4 iscas apresentarem percevejos, e a aplicação quando 5 ou mais iscas apresentarem percevejos (Bianco 2005).

Controle de percevejo de barriga verde em planta de milho.

Percevejo barriga verde em plantas de milho — Fonte: Arquivo pessoal

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Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)

Outra praga bastante comum no início do estabelecimento da cultura do milho é a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) com hábito de lagarta-rosca.

Essas lagartas geralmente de 5° instar causam problemas na fase inicial da cultura do milho, podendo alimentar de plântulas jovens e causando redução de estande, apesar do ponto de crescimento da planta não ser afetado há uma grande redução no desenvolvimento da planta, abre uma entrada para patógenos.

Além disso, o tratamento de sementes e a proteína Bt nesses casos não oferece um controle efetivo, pois lagartas já nesses instares são dificilmente controladas por meio dessas ferramentas de manejo, necessitando-se assim um monitoramento na pré dessecação, principalmente em áreas com plantas “tigueras” de milho e com plantas daninhas que oferecem abrigo para a Spodoptera, que assim permanece à espera da próxima safra.

Da mesma forma em que o percevejo, o recomendado é se atentar ao histórico da área em relação à praga e qual cultura antecedeu o cultivo do milho a ser plantado, e tomar a decisão de aplicação de piretróides, clorpirifós ou carbamatos no início da cultura, com essa aplicação, visando a Spodoptera, temos como adicional o efeito sobre a lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus), que causa o “coração morto”.

Outro ponto bastante interessante é a realização da dessecação antecipada, em áreas que o regime de chuvas permite, para que haja a retirada de hospedeiros alternativos para a praga. Esse tipo de dessecação pode auxiliar no controle não só da lagarta-do-cartucho como também a lagarta-rosca (Agrotis ipsilon) e até mesmo os percevejos.

Postura e lagartas em 3º instar de Spodoptera Frugiperda em planta de milho na pré-dessecação

Postura e lagartas em 3º instar de Spodoptera Frugiperda em planta de milho na pré-dessecação – Fonte: Arquivo pessoal

Tratamento de sementes

Apesar da baixa resposta de controle ao tratamento de sementes para essas pragas em alta densidade populacional, recomenda-se a utilização do mesmo, pois o tratamento de semente tem efeito sobre pragas que podem ser importantes em algumas regiões, como a larva alfinete (Diabrotica speciosa), aos coleópteros conhecidos popularmente como corós ou bicho bolo (Phyllophaga spp., Cyclocephala spp.e Diloboderus abderus) e a lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus) que é mais comum em solos arenosos.

Pensando no manejo do Percevejo barriga verde e corós podemos utilizar a Clotianidina a 42 ml/i.a. para 60.000 sementes, outro produto que pode ser usado no TS é o Clorantraniliprole de 30 a 45 ml/i.a. para 60.000 sementes, com o intuito de controle do coró, elasmo, lagarta-rosca e lagarta-do-cartucho em instares menores que venham raspar as folhas no início da cultura.

A importância do bom manejo de controle

A partir desse manejo de controle é possível o estabelecimento de uma lavoura com um bom estande de plantas no início do ciclo, o que é de suma importância quando queremos atingir altos tetos produtivos.

O período entre a germinação e o fechamento de linhas reflete tanto na produção, quanto outras fases importantes como o florescimento e fecundação, ainda mais quando se trata da cultura do milho onde a perda de uma planta por metro já reflete muito no estande final e proporciona entrada de luz, aumentando a germinação e desenvolvimento de plantas daninhas.

Além disso, a amostragem proporciona a tomada de decisão tanto na opção de realizar a aplicação ou não, quanto a aplicação de dose cheia ou parcial da recomendação, gerando economias e redução do custo de produção, e isso é muito interessante quando se passa por uma safra com incertezas ou quando alguma intempérie pode causar a redução da produtividade.

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Yago Garcia

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