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Bovinos de corte no regime de confinamento

Confinamento de gado de corte: veja as principais rotinas

O aumento da densidade energética das dietas e o aumento da duração do período em que os animais ficam confinados têm como objetivo o melhor aproveitamento da carcaça, com abates de animais mais pesados e melhor acabados.

No entanto, esses fatores exigem uma maior eficiência nos processos e rotinas presentes no confinamento, pois qualquer erro pode ser desastroso sob o ponto de vista econômico e do desempenho animal.

Mas afinal, quais são as principais rotinas em um confinamento que podem afetar o desempenho dos animais e o sucesso da operação? Conheça algumas delas a seguir!

 

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Frequência e horário do trato no confinamento do gado

Bovinos são animais que que gostam de rotina e qualquer alteração no padrão de fornecimento do trato, principalmente com a utilização de dietas com alta densidade energética, pode comprometer o desempenho dos animais por todo período de engorda.

Os ganhos em aumento da frequência de trato são visíveis quando elevamos de um para dois ou para três tratos por dia, entretanto, a partir de quatro tratos diários, o ganho adicional em se aumentar a frequência dos tratos é questionável ou discutível.

Critérios operacionais devem ser levados em contas na tomada de decisão quanto ao número de tratos.

Trato de bovinos em confinamentoFonte: Arquivo pessoal Geraldo Barcellos, Técnico Rehagro.

Em situações específicas de confinamento dos animais em períodos chuvosos, é possível que se tenha a necessidade de aumentar a frequência de tratos, em menores volumes ofertados por vez, pensando em minimizar o desperdício de dieta, ocasionados pela chuva.

Outro ponto importante que chama atenção é a necessidade de se manter uma padronização nos horários do trato, variações no horário de fornecimento podem ter impactos negativos para os animais. Animais famintos no cocho aumentam os riscos de acidose ruminal, o que resulta em oscilações de consumo e menor desempenho.

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Distribuição do trato

Ainda relacionado ao trato, especificamente, está no controle da distribuição. Alguns confinamentos brasileiros, ainda utilizam uma estratégia popularmente conhecida como “bica corrida”, em que não é levantado com exatidão a quantidade de trato oferecida para cada curral.

O problema desse tipo de distribuição é a falta de controle do consumo, o que pode gerar desperdício de ração ou até mesmo impactar no desempenho devido a falta de controle do total ofertado.

A outra forma de distribuição é a distribuição controlada, nesse caso, é levantado e anotado, quanto da dieta foi ofertada em cada curral em específico e em cada trato. Isso permite que o leitor de cocho consiga fazer a predição do consumo das próximas 24h a partir da leitura de cocho bem conduzida.

A nutrição representa o maior custo operacional em um confinamento, a avaliação e o controle da utilização dos recursos nutricionais é de extrema importância.

Distribuição do trato para bovinos confinadosFonte: Arquivo pessoal Hugo Martins, Técnico Rehagro.

Alimento mal distribuído no cochoMá distribuição de alimento no cocho, aumentando o desperdício e reduzindo o espaçamento de cocho por indivíduo.  Fonte: Foto de Dr. Andrea Mobiglia, consultora e coordenadora de ensino da pecuária de corte do Rehagro. 

Além do fornecimento controlado, da dieta no cocho, quantidade certa e específica para cada cocho, a distribuição dessa dieta nos cochos é muito importante.

A quantidade de alimento deve ser distribuída igualmente ao longo dos metros de cocho disponíveis para cada um dos currais.

Essa prática permite um acesso igual e democrático dos animais à dieta em horário semelhante, ajudando assim a padronização e o igual desenvolvimento dos animais de um determinado curral.

Leitura de cocho

Assim como controlar a distribuição do trato, avaliar e controlar a sobra dos cochos nos confinamentos é fundamental. O que se busca, de maneira resumida, é que o leitor estime o consumo das próximas 24h do animal através da avaliação do que sobrou nas últimas 24h.

Propriedades que realizam um controle preciso da sobra de cocho, são em suma, mais eficientes quanto a minimização do desperdício das dietas, menos incidência de distúrbios metabólicos, e consequentemente, maior desempenho.

A limpeza do cocho também se faz muito importante, e apesar de aparentar uma grande dificuldade, em confinamento com um excelente manejo de cocho, avaliando de maneira diária e corrigindo a oferta, a quantidade de sobras no dia-dia será mínima, o que facilita a limpeza.

A leitura de cocho pode ser feita de diversas maneiras através de notas dadas em horários pré-estabelecidos de acordo com a rotina do confinamento. Pode-se também estabelecer mais que uma leitura de cocho, o que auxilia a assertividade do consumo dos animais.

Além disso, no momento da leitura deve-se observar os animais e a higiene dos cochos, sendo que qualquer ação necessária deve ser notificada à equipe responsável pelo confinamento.

Fezes dentro de cochoCocho com fezes que impedirá o consumo do animal no local e devem ser removidas antes do próximo trato. Fonte: Foto de Dr. Andrea Mobiglia, consultora e coordenadora de ensino da pecuária de corte do Rehagro. 

Webinar Rotinas que afetam o resultado em um confinamento

Avaliação escore de fezes

Uma importante ferramenta para a avaliação dos animais confinados é a análise e a classificação média dos escores de fezes dos animais.

Avaliar a característica das fezes permite a inferência em torno da qualidade e do consumo da dieta pelos animais.

Segue abaixo um exemplo de classificação de fezes, o que buscamos em um confinamento é um padrão de fezes médio como o da foto de número 3.

Escore 5

Escore 5 de fezes bovinasFonte: Hutjens, 2008.

Escore 4

Escore 4 de fezes bovinasFonte: Hutjens, 2008.

Escore 3

Escore 3 de fezes bovinasFonte: Hutjens, 2008.

Escore 2

Escore 2 de fezes bovinasFonte: Hutjens, 2008.

Escore 1

Escore 1 de fezes bovinasFonte: Hutjens, 2008.

Curva de consumo

Acompanhar a curva de consumo, ou seja, a quantidade de alimento consumido por lote e por dia, é fundamental em um confinamento.

Somente acompanhando essa evolução é possível determinar se os animais estão realmente consumindo a quantidade de alimento programada. Sendo possível ainda avaliar a evolução dos animais quanto ao consumo, durante o passar dos dias de confinamento.

Limpeza dos bebedouros

A água é o primeiro e o mais barato ingrediente de uma dieta, além disso o consumo de água de qualidade é determinante para o consumo de matéria seca, sendo assim diretamente responsável pelo desempenho dos animais confinados.

Em média, bovinos confinados consomem entre 4 a 6 litros de água por quilo de matéria seca ingerida.

Além de proporcionar condições ótimas para o consumo, manter a qualidade da água evita diversos problemas sanitários. Bebedouros dentro de currais de confinamento devem ser limpos no mínimo três vezes por semana.

Análise dos alimentos

Após formular uma dieta precisa e bem estruturada para um confinamento, devemos garantir que essa dieta chegue, de fato, até os animais. Para isso, um dos fatores de grande importância é a avaliação dos alimentos utilizados na mistura da dieta.

A principal e mais simples das análises realizadas é a avaliação do teor de matéria seca (MS) dos alimentos.

A avaliação da matéria seca deve ser realizada pelo menos 3 vezes por semana no volumoso, uma vez por semana no grão úmido e pelo menos uma vez por semana na dieta total.

Essa avaliação permitirá também, ajustes na dieta, avaliação correta do consumo, otimização dos custos da dieta produzida.

Além da análise e avaliação da MS, o envio para análise bromatológica dos volumosos utilizados no confinamento, dos coprodutos e dos farelos deve ser realizado de forma mensal.

Realização de análise de matéria secaFonte: Arquivo pessoal Geraldo Barcellos, Técnico Rehagro.

A análise da fibra efetiva dos volumosos e da dieta total também deve ser feita com frequência, inclusive no momento da colheita do volumoso que será ensilado. Para isso, podemos utilizar a peneira desenvolvida pela universidade da Penn State, nos Estados Unidos, objetivando obter 60-70% das partículas na peneira de 8mm.

A avaliação da granulometria do milho e de outros grãos utilizados, também deve ser uma rotina presente nos confinamentos, a avaliação da moagem é importante e permite a correção de falhas que irão minimizar riscos de distúrbios metabólicos ou mesmos baixo aproveitamento de determinado insumo por parte dos animais.

A coleta dos alimentos deve ser feita por colaborador treinado, de maneira criteriosa e sistemática.

Essas análises permitem dentre outros fatores já citados, calibrar a matriz de alimentos utilizados no confinamento e também ajustar a dieta, caso necessário.

Ronda sanitária

A ronda sanitária deve ser realizada diariamente no confinamento, a avaliação dos animais deve seguir um padrão e um critério preestabelecido.

Avaliar não somente se há alguma desordem física nos animais, lesões ou sinais de doença, acompanhar e avaliar o comportamento dos animais, é tão importante quanto a avaliação de sinais clínicos de alguma doença.

Treinamento da mão de obra

Todas as práticas propostas acima, serão possíveis, se e somente se, o time operacional do confinamento estiver alinhado e motivado para o objetivo.

Por esse motivo, é importante que além de um excelente trabalho com a gestão de pessoas, seja realizado treinamento periódicos e reciclagem desses treinamentos com os colaboradores, de acordo com a exigência das funções que cada um exerce.

Controle de dados

O sucesso da operação do confinamento passa impreterivelmente pela a gestão dos dados desse confinamento.

Levantar dados é extremamente importante, desde dados zootécnicos aos dados relativos ao financeiro e econômico.

E os dados levantados devem ser, sempre, transformados em informações que de fato servirão para ajustes nas rotinas e aperfeiçoamento nos processos.

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Cristiano Rossoni

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