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Silagem de milho para dieta de bovinos leiteiros

Formulação de dietas para bovinos leiteiros: veja passos essenciais

O manejo nutricional de bovinos leiteiros é um aspecto de grande impacto sobre os resultados financeiros na atividade. A alimentação pode chegar a representar mais da metade dos custos de produção e, por isso, um planejamento deve ser muito bem feito, para assegurar máxima rentabilidade ao produtor.

Formular dieta para vacas leiteiras não é tão simples quanto se costuma acreditar!

Envolve muito mais do que receitas prontas e vai muito além da indicação do uso de aditivos, sendo necessário grande conhecimento da composição dos alimentos, exigências dos animais e dos objetivos que se quer alcançar.

 

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Como formular dieta para vacas leiteiras?

Como primeiro e essencial ponto, é preciso conhecer de perto o rebanho e a fazenda. Genética e ambiente irão afetar diretamente o resultado da alimentação. Os alimentos volumosos disponíveis na propriedade deverão ser analisados visualmente e por análises laboratoriais para saber como ele  poderá ser utilizado na composição da dieta.

As exigências nutricionais de cada categoria deverão ser atendidas de modo a promover a manutenção e alcance de metas. Por exemplo, a categoria novilhas deverá alcançar determinado peso e tamanho para atingir a meta de entrar em reprodução com a idade correta, normalmente, de forma precoce.

As vacas, além de produzirem leite, devem se reproduzir de forma adequada, tendo o seu balanço energético adequado para tanto. Vacas em período de transição, por exemplo, necessitam de um manejo nutricional específico, que deve ser atendido com atenção.

O responsável pela nutrição de um rebanho deverá ter conhecimentos sobre os alimentos e seus valores nutricionais. O entendimento de um alimento passa também pela função que o mesmo exercerá no organismo do animal.

Para tanto, algumas perguntas simples podem ser feitas:

  • Ele irá promover ruminação?
  • Será benéfico para a microbiota desejável do rúmen, aquela que gera mais energia e proteína?
  • O alimento será degradado no rúmen ou chegará intacto ao intestino?
  • Ao chegar ao intestino ele será utilizado pelo animal ou nem será absorvido, sendo perdido nas fezes?

Homem segurando fibra para dieta de bovinos leiteiros

Um nutricionista conhece bem a composição dos alimentos e também a forma como deverá ser oferecido, como por exemplo, o tamanho da fibra.

Por fim, um consultor em nutrição, tendo o conhecimento de que a alimentação é o item de maior custo dentro do sistema de produção de leite, deverá estar sempre atento aos preços de insumos, buscando uma dieta que tenha como resultado a lucratividade.

É importante ressaltar que, na maioria das vezes, uma dieta de mínimo custo, não é aquela de máxima eficiência!

Outro ponto bastante importante quando se considera a nutrição animal é a certeza de que dieta formulada será realmente consumida pelo animal. Devemos sempre considerar que, em uma fazenda, na verdade, existem ao menos três dietas diferentes para bovinos leiteiros:

  1. A dieta que o nutricionista formulou com o auxílio do computador;
  2. A dieta que o tratador entendeu que é a correta ou que tem capacidade de preparar;
  3. A dieta, a que a vaca consome, com o todo o seu poder de seleção e capacidade de alimentação.

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Quais os aspectos afetados por uma nutrição inadequada dos bovinos leiteiros?

Baixa produtividade

A produção de leite começa pela boca da vaca. É a alimentação oferecida, juntamente com a genética e o ambiente, que promoverá uma boa produção.

Uma nutrição inadequada pode, muitas vezes, não estar especificamente ocasionando baixas produtividades, mas impedindo o animal de expressar todo o seu potencial produtivo.

As exigências nutricionais de bovinos leiteiros variam de acordo com:

  • Categoria – bezerras, novilhas, vacas secas, vacas em lactação;
  • Fase de lactação;
  • Nível de produção;
  • Idade da vaca;
  • Condição corporal.

O estágio da lactação afeta a produção e composição do leite, o consumo de alimentos e mudanças no peso vivo do animal. Vacas no início da lactação produzem mais e, portanto, necessitam de melhor aporte nutricional, por exemplo.

Um plano de alimentação para vacas em lactação deve considerar os três estádios da curva de lactação. O não atendimento das necessidades específicas de cada fase pode prejudicar o potencial produtivo de cada uma delas ou, até mesmo, encurtar a persistência da lactação.

Curva de lactação da dieta para bovinos leiteirosCurva de lactação / Fonte: Ideagri

A idade do animal influencia as exigências alimentares na medida em que o nível de produção e as necessidades de mantença e desenvolvimento variam sob esse aspecto. Por exemplo, animais reprodutivamente precoces, que continuam em crescimento durante uma ou duas lactações, devem receber alimentos com qualidades superiores àqueles que estão em função apenas da produção de leite.

Um bom plano nutricional deve respeitar não só a produção, mas também o desenvolvimento corporal do animal.

Um nutricionista sabe que a recuperação da condição corporal de uma vaca acontece no pós-parto, mas não no período de balanço energético negativo, onde se deve focar em não permitir perda de peso.

Correr atrás do prejuízo na fase final da gestação, não só não oferece resultados para a vaca, como favorece a ocorrência de doenças metabólicas no pós-parto imediato. Então, qual a composição e quantidade devem ser fornecidas ao animal em cada fase? Consulte um nutricionista!

Um custo maior com a alimentação pode se transformar num lucro maior ainda, trazendo um resultado final positivo.

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Doenças nutricionais

Uma grande parte das doenças enfrentadas por rebanhos leiteiros vêm, não de problemas sanitários, mas de um plano nutricional deficiente.

Você já ouviu falar de acidose? Sofre com problemas de casco no rebanho? Já viu muita retenção de placenta e infecção uterina? E a mastite? Deslocamento de abomaso?

A maior parte dos produtores de leite tecnificados conhece de perto ou se preocupa com todos esses problemas. A questão é: em que nível acontecem.

Uma elevada incidência dessas doenças em uma propriedade leiteira significa, não apenas um animal doente, mas uma fazenda doente, que necessita de melhor atenção na dieta e manejo nutricional.

Segundo o médico veterinário Bolivar Nóbrega de Faria, doutor em ciência animal, a nutrição é tão importante que o veterinário clínico está tendo que se especializar no assunto, trabalhando com o que se chama medicina de produção.

“A produção depende diretamente da nutrição e é ela que move a fazenda, desde a venda de leite até a comercialização de animais saudáveis. Falando em saúde, a maior parte das doenças na bovinocultura de leite moderna tem um fundo ou predisposição nutricional. Outro ponto importante é a reprodução, uma das maiores causas de descarte de animais. Se não houver um trabalho conjunto de nutrição e reprodução os índices reprodutivos serão baixos”.

Relação concentrado x volumoso

Relações entre concentrado e volumoso inadequadas são comuns nos rebanhos brasileiros. Um balanceamento incorreto entre fibra fisicamente efetiva e carboidratos não fibrosos é capaz de gerar um ciclo vicioso de enfermidades ligadas entre si.

É até desejável um pH ruminal ligeiramente ácido (respeitando o limite de 5,5) para maximizar a produção de leite de bovinos leiteiros, porque a digestibilidade da dieta e o rendimento da proteína microbiana produzida no rúmen são maximizados quando dietas altamente fermentáveis (concentrados) são consumidas.

Com a diminuição exagerada do pH ruminal, entretanto, há redução do apetite, da motilidade ruminal, da produção microbiana e da digestão da fibra.

O fornecimento excessivo de concentrados pode acarretar a chamada acidose subclínica. A etiologia da doença é explicada pelo aumento, ocasionado pelos alimentos altamente fermentáveis, dos níveis de ácidos no rúmen. Esses casos crônicos da doença podem apresentar como sintomas diarreia em parte do rebanho, diminuição dos movimentos gastrointestinais, diminuição na gordura do leite, laminite e úlcera de sola.

Úlcera de solaÚlcera de sola – problemas de casco podem ser decorrentes de erros no manejo nutricional, e não somente um problema de instalações

A diminuição dos movimentos gastrointestinais, levando à hipomotilidade do abomaso, relaciona a incidência de acidose ruminal à ocorrência de deslocamento de abomaso. É importante frisar que a etiologia do deslocamento de abomaso é multifatorial, sendo esse um dos fatores predisponentes da doença.

Os sintomas apresentados por um animal com deslocamento de abomaso à esquerda, normalmente, são apetite diminuído e seletivo, desidratação moderada a severa e grande queda na produção de leite. É facilmente diagnosticado e sua correção é cirúrgica.

O prejuízo fica a cargo dos custos com o tratamento, queda na produção, descartes involuntários de animais e até mesmo morte

Apesar de os altos níveis de concentrados nas dietas causarem diversas enfermidades nos bovinos leiteiros, o contrário também pode levar a uma enfermidade chamada cetose.

Vacas com alta demanda de energia, como as do lote de pós-parto imediato, irão mobilizar seus depósitos de gordura corporal para atender à demanda de produção de leite não suprida por uma dieta pobre em energia e rica em fibra.

Os sintomas incluem depressão, rápida perda de peso, queda na produção, constipação, fezes cobertas com muco, entre outros. Geralmente comem feno ou outra forragem, mas recusam-se a comer concentrados.

O valor do nutricionista na formulação de dieta para vacas leiteiras

  • Quanto vale uma vaca produtiva e saudável?
  • Qual o prejuízo no descarte de um animal prematuramente?
  • Quanto vale uma novilha chegando à idade correta à puberdade?
  • Quanto custa o tratamento de todo o rebanho com problemas nos cascos?
  • Quanto vale uma bezerra saudável e desmamada mais cedo?
  • Quanto custa o investimento em um insumo de qualidade que não deu o resultado esperado?

Valores alcançados somados ao menor custo com os itens citados e outros inúmeros não mencionados são iguais ao resultado do trabalho de um bom nutricionista. Entende-se por resultado, não só o financeiro, mas também a satisfação do produtor com um dia a dia onde é possível focar mais no trabalho e menos em problemas.

Um bom nutricionista é de grande auxílio ao produtor, principalmente em épocas como a que estamos vivendo hoje, de alta de insumos, como o milho e a soja.

Esses profissionais podem apresentar estratégias nutricionais que mantenham uma boa produtividade, otimizem os custos e elevem a margem de lucro do negócio.

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Bruno Guimarães

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